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PA: juiz barra apreensões de Boi Pirata

A Justiça Federal permitiu que pecuaristas continuem a criar gado dentro da Floresta Nacional do Jamanxim, no município de Novo Progresso/PA. A área virou alvo da operação Boi Pirata 2, do Ibama, em agosto. O juiz afirma em sua decisão que há uma discussão sobre a regularidade da criação da floresta do Jamanxim e que "não é possível, dentro de um quadro de legalidade e de respeito aos princípios constitucionais pertinentes, resolver de modo tão rápido problemas criados há tanto tempo".

A Justiça Federal permitiu que pecuaristas continuem a criar gado dentro da Floresta Nacional do Jamanxim, no município de Novo Progresso/PA. A área virou alvo da operação Boi Pirata 2, do Ibama, em agosto – a floresta pública é uma das regiões mais afetadas pelo desmatamento no Estado.

O Ibama embargou diversas áreas usadas por pecuaristas dentro da floresta e mandou que os ocupantes retirassem o rebanho. Entretanto, sete ocupantes do Jamanxim, divididos em dois grupos, entraram com ações para suspender a interdição das áreas. Os juízes federais José Airton Portela e Francisco Garcês Castro Júnior, de Santarém, deferiram o pedido.

Os ocupantes alegaram, por exemplo, que a medida “violou o princípio da livre iniciativa”.

O juiz Portela afirma em sua decisão que há uma discussão sobre a regularidade da criação da floresta do Jamanxim e que “não é possível, dentro de um quadro de legalidade e de respeito aos princípios constitucionais pertinentes, resolver de modo tão rápido problemas criados há tanto tempo”.

O Ibama, juntamente com o Ministério Público Federal (MPF), entrou com recurso no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília.

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) está otimista. “Na primeira operação Boi Pirata conseguimos cassar a decisão de um juiz estadual. Agora também vamos. Os juízes do TRF da 1ª Região têm sido sensíveis às questões ambientais.”

Apesar do otimismo, ele demonstrou irritação com a situação: “Eles (pecuaristas) não pagam pela terra, não pagam imposto. Em maio deste ano, o maior desmatamento da Amazônia foi lá. E vão poder continuar desmatando?”

Para Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), as decisões “desmoralizam a ação do Ibama na região e incentivam a ocupação ilegal de área pública”. O MPF considera que, se a decisão for mantida, “trará a sensação de impunidade, de condescendência com as atitudes atentatórias ao direito ambiental”.

O Ibama doou ontem ao programa Fome Zero cerca de 600 bovinos e 129 ovinos apreendidos na operação Boi Pirata 2 dentro da Floresta Nacional do Jamanxim. Segundo Bruno Barbosa, diretor de proteção ambiental substituto do Ibama, são apreendidos somente animais de quem não respeita o embargo. “Um dos ocupantes retirou 6 mil cabeças de gado em uma semana. Vários retiraram. Nosso objetivo é evitar desmatamento, não virar criador de boi.” Haverá um leilão com o objetivo de auxiliar principalmente as populações que vivem nas áreas onde a operação Boi Pirata passou, já que as medidas de repressão deixaram muitos sem sustento.

De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o dinheiro obtido no leilão ajudará a assegurar a alimentação de beneficiários de programas do MDS. Ele também destacou que as apreensões tem um “efeito pedagógico” importante. “Para cada mil ou 2 mil cabeças de gado que você apreende, cerca de 20 mil deixam a área de preservação, as terras indígenas, os parques, e isso é uma forma de combater o desmatamento, reduzir a emissão de gases poluentes e fazer com que o Brasil cumpra suas metas de redução”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e da Agência Brasil, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Rainer Francis Hoffmann disse:

    Eu acho que os princípios constitucionais deveriam ter sido hierarquizados para ver se assim acabariam estas decisões baseadas em princípios constitucionais que beneficiam somente uma pequena minoria.

  2. CARLOS RENATO CEO ANDRADE. disse:

    É para rir? Parlamentares transformam em reservas e parques áreas ocupadas a muitos anos , áreas que a união nunca procurou os posseiros para documentar as suas posses ou indeniza los e posteriomente removelos e ainda lhes roubam através do ministro dos coletes , os animais com pretexto do ” efeito pedagógico ” , depois o ministro que entende mais de moda que da realidade de quem chegou a áreas inabitáveis sem nenhuma infraestrutura e ali gerou renda , comércio e meios para que hoje com o dinheiro dos impostos alí arrecadados , o governo pague o salário de servidores que perseguem quem tanto trabalhou para não depender dos progamas sociais que transformam homens em escravos eleitorais de quem os ” sustenta ” e lhes retira a dignidade de trabalharem e poderem ser livres e independentes . se não fosse trágico seria cômico , parabéns para o ministro dos coletes que a cada dia chama mais atenção as custas de quem trabalha e não quer mais nada além do respeito e do direito a propriedade que a constituição por enquanto ainda lhe garante pelo menos no papel.

  3. ROBERTO SCHROEDER disse:

    Parabéns ao Sr. Carlos Andrade pela sinceridade. Mas acho que existe uma inversão de valores na afirmação dele de que a União nunca “procurou os posseiros para documentar as suas posses ou indenizá-los”. Acho também que áreas inabitáveis e sem infraestrutura por si só não justificam sua ocupação para gerar renda, comércio. Todavia o Ministro dos Coletes e seus asseclas também tem culpa. Na década de 70 o lema em relação a Amazônia era “ocupar para não entregar”. Hoje o mundo mudou e desmatamento ilegal é crime, mas áreas consolidadas, com posse regular, com conversão anterior a promulgação da legislação que limitou a ocupação devem ser tratadas de forma diferente. Uma coisa é criar boi invadindo áreas de preservação da união, outra coisa é criar boi seguindo as normas vigentes mesmo que na Amazônia legal. Não dá para colocar tudo no mesmo saco.

  4. Jucelino dos Reis disse:

    Perfeitas as palavras do Sr. Carlos Renato Andrade. Este é o tipo de argumento que a grande mídia , lamentavelmente, não divulga.