Depois de anunciar a suspensão da importação de carne bovina de três Estados brasileiros (Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo), a União Européia exortou as autoridades do país a apontarem os responsáveis pela reincidência de focos de febre aftosa no país.
“Estamos esperando que os brasileiros determinem a origem dessa reincidência. Daqui [Bruxelas, sede da UE] é impossível especular de quem é a culpa”, disse à Folha Thetis Georgiadou, porta-voz do setor de Saúde e Proteção de Consumidores da Comissão Européia, questionado sobre a responsabilidade pelo novo foco detectado no MS.
A identificação dos responsáveis pelo problema tem se tornado um “jogo de empurra” entre governo e pecuaristas brasileiros. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o responsável pelo gado é “o dono do rebanho”.
Com 25 países-membros, a União Européia é um dos principais mercados compradores da carne bovina in natura brasileira. Segundo Georgiadou, o embargo aos três Estados representa cerca de 60% do total do produto que o bloco costuma comprar.
O porta-voz disse não saber ainda que países podem substituir o Brasil como exportadores até que a suspensão seja revista, mas indicou quais os mais prováveis. “Dependerá da capacidade produtiva, da demanda e do preço. Poderão ser outros países da região.”
Embora integre a UE, o Reino Unido tomou uma posição independente. Anunciou antes o seu embargo e o restringiu a Mato Grosso do Sul e ao Paraná.
“Como demoraria um certo tempo para que o embargo fosse estabelecido em toda a Europa, o Reino Unido decidiu, e tem poder para isso, suspender a importação imediatamente”, declarou Warwick Smith, porta-voz do Defra (Departamento de Meio-Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais, na sigla em inglês). Ele informou à Folha que em 2004 o país importou mais de 35 mil toneladas de carne brasileira, metade do total proveniente de MS e PR.
Como o colega da Comissão Européia, Smith disse que o país não definiu uma estratégia para suprir a lacuna brasileira. “Taí uma boa questão. Teremos que buscar novas fontes de abastecimento.”
O Reino Unido, de acordo com o Defra, produz 65% da carne bovina que consome.
Fonte: Folha de SP (por Fábio Victor), adaptado por Equipe BeefPoint