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Panorama do mercado europeu

“A menos que um acidente sanitário aconteça, não haverá impacto negativo no comércio (entre Brasil e a União Européia)”. A frase é de Jean-Luc Meriaux, Secretário Geral da UECBV (Union Européenne du Commerce du Bétail et de la Viande) que esteve no Brasil a convite da ABIEC visitando fazendas e frigoríficos.

Após a última inspeção dos veterinários da Comissão Européia, existe um otimismo tanto entre os importadores europeus como entre os frigoríficos brasileiros de que o Brasil pode e vai se adaptar cada vez mais às exigências da União Européia. Apesar da visita não ter acarretado nenhum embargo, (exceto pela exclusão de algumas plantas da lista de frigoríficos aprovados), as consequências das mudanças no SISBOV começam a se fazer sentir.

Alguns exportadores já estão com dificuldades de encontrar gado rastreado com 90 dias. Além disso, o fim do gado confinado também faz a situação piorar para os frigoríficos e o preço do boi gordo começa finalmente a reagir após meses de baixa.

Acontece que a situação dos frigoríficos hoje é a seguinte:

1- Os brasileiros estão exportando como nunca para a Rússia, essencialmente dianteiros desossados, o que faz dos traseiros um problema;

2- Os traseiros desossados são normalmente destinados à União Européia, mas pagando mais pelo gado e com o dólar em seu nível mais baixo desde 2001 os frigoríficos são obrigados a subir seus preços;

3- Os importadores europeus não conseguem pagar os preços pedidos pelos brasileiros simplesmente porque há excesso de carne brasileira sendo oferecida na Europa (em um momento onde a carne européia está em baixa).

Qual a saída que os frigoríficos encontraram? Diminuir a produção. Com dificuldade para encontrar gado, com o dólar baixo e com a carne no mercado interno no Brasil subindo esta por enquanto é a melhor solução. Quase todos os grandes frigoríficos estão já trabalhando entre 50 a 70% de suas capacidades.

Com a diminuição da oferta na Europa é possível que os preços subam. Na semana que vem acontece a ANUGA, grande e tradicional feira de alimentos que se realiza a cada dois anos em Colônia na Alemanha, com presença massiva dos grandes do setor tanto da Europa como do Mercosul. Com menos carne disponível, os brasileiros provavelmente poderão fechar contratos com melhores preços especialmente para o período de dezembro onde o consumo é habitualmente maior.

Vale a pena dar uma olhada na evolução das exportações destinadas à Rússia nos últimos anos:

Importações Russas de Carne Bovina Fresca e Congelada (Jan – Jun)

Fonte: “Noticias de los Mercados de la Carne Vacuna, Dirección de Mercados Agroalimentarios. Subsecretaría de Política Agropecuaria y Mercados. Secretaría de Agricultura, Ganadería, Pesca y Alimentos”. Elaborado com dados do European Market Survey 05/35

O Brasil e o Mercosul vem tomando o espaços dos países europeus no mercado russo. A Argentina porém foi quem teve o crescimento mais notável. Nossos vizinhos exportaram no primeiro semestre deste ano 358% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Os preços da carne argentina na europa continuam €1,50 e €2,50 mais caros que os do Brasil, por quilo. Mas essa diferença vem diminuindo com o tempo.

A Argentina parece não estar tendo dificuldades em encontrar gado, e enquanto os exportadores brasileiros tentam subir o preço no mercado europeu os argentinos diminuem os deles. Esta é que deve ser a preocupação dos brasileiros na Anuga.

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