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Para produzir luxo é necessário “design”, pesquisa e desenvolvimento [José Fernando Garcia]

BeefPoint lançou seu prêmio mais importante do ano para reconhecer e celebrar quem faz a diferença na pecuária de corte brasileira.

Nosso trabalho é focado em 3 pilares: conhecimento, relacionamento e inspiração. Tudo isso com foco em uma pecuária mais moderna, lucrativa e eficiente. Realizar um prêmio que seja uma festa e uma homenagem a essas pessoas especiais da pecuária de corte é a melhor maneira que encontramos para trazer inspiração a todos os envolvidos na cadeia da carne. Celebrar e destacar os bons exemplos é o caminho que encontramos e por isso estamos fazendo o Prêmio BeefPoint Brasil 2013.

A premiação ocorreu durante nosso maior evento de 2013, o BeefSummit Brasil, que reuniu mais de 1.000 pessoas em Ribeirão Preto, SP, nos dias 10 e 11 de dezembro de 2013.

A cerimônia de entrega dos prêmios e divulgação dos ganhadores foi no final do dia 10 de dezembro, após as palestras e antes do coquetel com Chopp Pinguim e degustação de carnes especiais.

Para conhecer melhor os finalistas de cada categoria, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.

Confira abaixo a entrevista com  José Fernando Garcia, um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Brasil, na categoria Professor – Pesquisador.

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Desde 1997, quando aterrizou em Araçatuba (“a capital do boi gordo”), José Fernando Garcia tem se dedicado as pesquisas em genética molecular de bovinos de corte, em especial da raça Nelore.

Atualmente, desenvolve pesquisas no âmbito da genômica e de sua aplicação prática para a seleção e melhoramento. Nos últimos três anos esteve envolvido com o desenvolvimento e implementação da seleção genômica junto ao programa Delta Gen.

Também coordena o Zebu Genome Consortium (ZGC) que visa a construção do genoma de referência zebuína e aplicações correlatas. O ZGC é composto por diversas instituições e pessoas de caráter nacional e internacional.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do Brasil hoje?

José Fernando: Olhar para a tecnologia como um fator de ganho e não de custo e tornar-se atividade primária das pessoas, e não secundária, transformando-a em uma cadeia integrada como o que ocorre em outras espécies.

BeefPoint: O que o setor poderia, deveria fazer para aumentar sua competitividade no Brasil?

José Fernando: Colocar o valor do produto (carne) na perspectiva correta.  Pois, produzir commodity e querer vender luxo nunca dará certo. Para produzir luxo é necessário “design”, pesquisa e desenvolvimento. Não se faz isso só na prancheta da empresa de publicidade. Se faz no dia-a-dia no curral e na balança, agregaria a essas ferramentas a nascente genômica.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos? O que fez e deu certo em sua carreira? Qual a sua maior realização?

José Fernando: Ter escolhido fazer o que ninguém fazia. No meu caso foi estudar e entender o que é DNA e genética, em um tempo em que isso parecia coisa de outro planeta e que jamais seria aplicado a pecuária.

Temos que fazer, estudar e planejar hoje, o que será necessário amanhã. E é isto que está acontecendo na minha área de atuação.

Foram 25 anos para que isso começasse a acontecer e apesar da velocidade das coisas de hoje em dia, ainda temos que dar tempo ao tempo e estudar muito.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

José Fernando: Todos os dias algo errado ocorre. O importante para mim tem sido contornar os erros de forma rápida e precisa.
Preferencialmente migrando para um rumo correto.

BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?

José Fernando: Finalizamos o projeto de seleção genômica com a Delta Gen. Caberá a eles decidir como conduzir a tecnologia a partir de agora. Também conseguimos como grupo Zebu Genome Consortium publicar artigos científicos de relevância internacional.

BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?

José Fernando: Passar 6 meses nos EUA, no Laboratório de Genômica Funcional Bovina do USDA, levando 6 alunos de pós-graduação, para fazer um fechamento do último ciclo de 5 anos.

Em 2014, também pretendo apresentar uma nova proposta de pesquisa para o quinquênio, que visará coletar cerca de 100 diferentes fenótipos em uma população de 4.000 animais cruzados de taurinos de corte. Esse projeto deverá constituir uma população de referência para futuras pesquisas sobre o papel dos genes nos aspectos funcionais da produção (fertilidade, resistência a doenças e qualidade da carne) em bovinos.

BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?

José Fernando: Acho que isso já está ocorrendo. Mas é preciso sempre apresentar a pecuária para os jovens profissionais (veterinários, zootecnistas e agrônomos) como uma cadeia integrada. Também é preciso que as novas gerações de criadores e produtores sejam arrojadas e inovadoras.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuarista do futuro do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

José Fernando: O zootecnista Fábio Almeida. Ele acreditou na ideia de que o touro Golias Imp. possuía características interessantes e apostou na estratégia de endogamia para a construção de uma linhagem. Para tanto, ele está empregando todas as tecnologias possíveis para provar suas hipóteses. Além disso, ele tem a pecuária como sua atividade principal, o que o diferencia de muitos.

BeefPoint: Em sua opinião, qual fazenda se destaca na pecuária hoje?

José Fernando: Todas aquelas milhares que produzem a carne “commodity” do Brasil, mas que estão prontas para receber estímulos da cadeia (genética, insumos, nutrição e indústria) para gerarem o salto de qualidade que a carne brasileira precisa.

BeefPoint: Por que você acha que foi finalista do Prêmio BeefPoint Brasil?

José Fernando: Acho que se deve ao fato de ter fomentado a genômica com muita força nos últimos anos. Essa é uma área que desperta grande interesse da cadeia da carne no Brasil e no mundo.

BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas?

José Fernando: Façam agora o que o mercado vai querer no futuro. Essa é a única forma de sobreviver e crescer na atividade pecuária.

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