O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e a empresa argentina Biogénesis Bagó farão uma cooperação tecnológica para a transferência e internalização de tecnologia voltada à criação de um banco nacional de antígenos e vacinas contra febre aftosa. O acordo foi assinado nesta terça-feira (18/3) em Curitiba (PR).
O objetivo do banco é viabilizar um estoque estratégico de insumos para a rápida formulação de uma vacina para enfrentamento de eventuais casos de surto localizado. O investimento para a implantação do projeto deve girar entre R$ 25 milhões a R$ 30 milhões, com recursos oriundos de fontes como Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Fundo Paraná, por meio do Tecpar, segundo o diretor-presidente do instituto, Celso Kloss.
“A existência de um banco de vacinas do Brasil é estratégica, principalmente para que se possa garantir agilidade na resposta no caso de um episódio da doença”, ressalta Kloss. O presidente do Tecpar lembra que, atualmente, o Brasil é um país livre de febre aftosa sem vacinação animal e espera receber, ainda no primeiro semestre deste ano, o reconhecimento do status sanitário pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
A projeção é que a estrutura possa atender, eventualmente, outros países da América Latina. “O banco regional ainda é um projeto, mas está sendo discutido”, afirma Marcelo Bulman, gerente nacional da Biogénesis Bagó.
Bulman reforça que ter um banco de antígenos, além de ser um dos pré-requisitos para a obtenção do certificado internacional, representa um importante passo para garantir a segurança sanitária do país. “A Biogénesis Bagó é responsável pelo banco de antígenos da Argentina desde 2000, dos EUA e Canadá desde 2006, além de países como Taiwan e Coreia do Sul. No Brasil, unimos a nossa experiência global com toda a expertise do Tecpar em saúde animal para que o País esteja seguro para qualquer emergência sanitária”, destaca.
O Tecpar é hoje o único fornecedor da vacina antirrábica veterinária ao Ministério da Saúde e está construindo um laboratório de Pesquisa e Produção de Insumos para Diagnósticos Veterinários, para produção de insumos para o diagnóstico da brucelose, tuberculose e leucose bovina.
O banco nacional de antígenos e vacinas contra febre aftosa irá manter congelados sorotipos virais específicos da doença para a produção em até 72 horas de imunizantes para serem distribuídos a todo território nacional em caso de focos de febre aftosa. O projeto foi protocolado no Mapa e segue em processo e tratativas para a implantação.
Para conceder a declaração de país livre da febre aftosa sem vacinação, a OMSA exige a suspensão da vacinação contra a febre aftosa e a proibição de ingresso de animais vacinados por, pelo menos, 12 meses. Espera-se que o reconhecimento do Brasil pela instituição seja anunciado em maio, durante assembleia-geral da entidade.
A assinatura do acordo de transferência de tecnologia foi realizada durante a conferência internacional “Prevenção da febre aftosa: salvaguardando a pecuária, meios de subsistência e economias”, que está sendo realizada na capital paranaense nesta terça e quarta-feira. O evento é organizado pelo TAFS Forum – organização suíça sem fins lucrativos que atua no campo da saúde animal e segurança alimentar -, em parceria com o Tecpar.
Durante a abertura do evento, o diretor-executivo do TAFS Forum, Patrik Buholzer, enfatizou a importância da estratégia de enfrentamento e controle da febre aftosa: “os surtos trazem consequências diretas, como a perda do rebanho, e indiretas, como a perda do mercado de exportação. Por isso, a preparação para responder rapidamente nesses casos é crucial, tendo em vista os altos impactos sanitários e econômicos”.
Em 2025, o Paraná completará quatro anos com o status internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação. A campanha de vacinação, que ocorria duas vezes por ano, foi substituída pela de atualização de rebanhos. O cadastro é obrigatório e tem o intuito de garantir a rastreabilidade e a sanidade dos animais.
Fonte: Globo Rural.