O Projeto Raças é uma série de artigos do BeefPoint, cada um dedicado a uma raça, que visa reunir opiniões e conhecimento de profissionais que trabalham diretamente com cada uma dessas raças. Elaboramos uma série de entrevistas com esses especialistas. O resultado dessas entrevistas para a raça Pardo-Suíça (ou gado pardo-suíço) está compilado aqui, com a opinião desses especialistas sobre a raça.
Essa série de artigos não representa um endosso especial do BeefPoint em nenhuma das raças que vamos apresentar nesse projeto, mas a opinião e comentários de quem trabalha com cada uma dessas raças. Estamos em contato com as principais raças de corte do Brasil e iremos publicar aqui uma por uma, nas próximas semanas.
Conheça mais a raça Pardo-Suíça
Histórico da raça
Uma das raças bovinas mais antigas e mais puras que se conhece, teve origem nos Alpes Suíços em 4.000 A.C.. Os primeiros animais da raça chegaram ao Brasil em 1911, através de importações oficiais, sob patrocínio do governo. Os primeiros animais importados da Suíça eram de porte pequeno com muita cobertura muscular e se destinavam à produção de carne, leite e trabalho.
Durante muitos anos a raça preservou a dupla aptidão, mas com o mercado buscando animais especializados tanto na produção de leite como na produção de carne, a raça Pardo-Suíça separou as linhagens.
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Por ser uma raça pura, imprime suas qualidades na primeira geração, sendo assim, é muito utilizada em cruzamentos com outras raças, sendo que os produtos de cruzamento vêm se destacando nas provas de ganho de peso que tem participado.
Associação Brasileira de Criadores de Gado Pardo-Suíço -ABCGPS
A ABCGPS foi fundada em 23 de maio de 1938, com a finalidade de controlar e registrar animais da raça Pardo-Suíça, sob supervisão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Está situada em São Paulo, no Parque da Água Branca.
Segundo Luiz Sávio de Souza Cruz, o principal desafio da associação é mostrar ao pecuarista as suas duas linhagens e o resultado dos cruzamentos. Além de derrubar a imagem de raça de dupla aptidão e mostrar as qualidades da raça nas suas duas linhagens.
Vale destacar que a raça Pardo-Suíça possui duas linhagens bastante distintas, para duas especializações diferentes, uma linhagem excelente produtora de leite e outra excelente produtora de carne. Há ainda alguns criadores que optaram por continuar criando animais de dupla aptidão, onde mantém a rusticidade e conseguem produções mais amenas, comparado com as linhagens distintas.
Desta forma, a associação registra animais puros de origens, puros por cruza e mestiços, orienta os sócios no acasalamento, manejo, alimentação e na comercialização de seus animais.
Para tal, a associação vem implementando algumas estratégias, visando alavancar a raça no mercado e atrair um maior número de criadores, tais como:
E para 2013-2013, as estratégias não param, visto que os planos são:
E quais são as vantagens que o produtor tem em se associar?
Estágio atual da raça
Hoje a associação é composta por 293 sócios, distribuídos por quase todos os estados.
Foram registrados, desde a fundação até hoje, mais de 252.000 animais e no Brasil são aproximadamente 65.000 animais vivos.
Em 2012, foram registrados 3.115 animais. Em 2013, foram registrados até agora 3.855 animais.
Segundo Luiz Sávio, um ponto que precisa ser melhorado na raça é com relação ao tamanho do rebanho, visto que há pouca oferta. Assim sendo, o ponto chave é aumentar a base do rebanho.
Características zootécnicas da raça
Os animais da linhagem de corte apresentam biotipo clássico para produção de carne, apresentando esqueleto forte e massas musculares bem desenvolvidas. Animais volumosos, compridos, destacando-se pela grande rusticidade, fecundidade e longevidade.
A cor é parda tapada, que pode variar desde o claro até o escuro. Possui pêlos mais claros em volta do focinho e na face interna da orelha, onde são mais longos. As mucosas nasais são escuras, os chifres têm uma base branca e pontas pretas, tamanho médio, com saída lateral, inclinando-se levemente para frente e para cima, de tamanho médio, afunilando até a ponta. Não há discriminação para os animais descornados. A vassoura da cauda e os cascos são escuros.
Assim sendo, as características primordiais da raça são:
Uma raça reconhecida em todo mundo por sua capacidade de adaptação, principalmente nas regiões quentes.
Os animais da raça possuem um número muito alto de glóbulos vermelhos no sangue, pois são originários de regiões elevadas, onde o oxigênio é rarefeito. Além disso, nos alpes a radiação ultravioleta é muito intensa, como também acontece nas regiões tropicais e subtropicais.
A pele totalmente pigmentada do Pardo-Suíço evita doenças relacionadas a fotossensibilidade.
Esta característica de grande resistência ao calor e ao sol escaldante é fundamental para a pecuária que precisa de touros cobrindo no pasto, como no cruzamento industrial e nas criações extensivas.
As fêmeas alcançam a puberdade aos 346 dias de vida, com taxa de prenhez de 91,6%. Esta característica é transmitida também em seus cruzamentos.
Além da precocidade sexual, quando os tourinhos da raça estão com 15 meses, já podem servir nas estações de monta. Eles permanecem trabalhando por vários anos.
A capacidade de adaptação do Pardo-Suíço ao clima tropical, a rusticidade e seus bons aprumos, têm resultado em uma maior longevidade, possibilitando ao criador obter um número maior de produtos.
O tempo maior de permanência do animal no rebanho, além de diminuir o custo de criação, implica também em menor pressão de reposição de animais, permitindo maiores excedentes para a comercialização, aumentando o faturamento da fazenda.
A raça imprime suas virtudes produtivas na fêmea F1, principalmente na hora de apurar a quantidade de leite que as fêmeas passam a oferecer aos bezerros.
Isso significa que a fêmea F2 será mais pesada e sadia, itens indispensáveis na manifestação da precocidade e de outros potenciais genéticos da herança europeia.
Quais os principais cruzamentos que podem ser realizados com base nesta raça?
Um destaque do Pardo-Suíço é a sua utilização nos cruzamentos com outras raças. A sua coloração uniforme, com pele pigmentada, garante maior proteção contra a radiação ultravioleta, impedindo as doenças relacionadas com a exposição ao sol. A resistência ao calor permite que os touros acompanhem os rebanhos zebuínos.
A qualidade da raça e a uniformidade das crias são vistas já na primeira cruza (F1). No Brasil, estima-se que existam cerca de 1 milhão de cabeças oriundas de cruzamento com a raça Pardo-Suíço. Pelo excelente resultado dos cruzamentos, os machos Pardo-Suíços são muito procurados e comercializados como reprodutores.
Os cruzamentos mais utilizados, na linhagem de corte, são:
Este cruzamento é muito difundido no Brasil. O F1 apresenta garrotes precoces e pesados, as fêmeas são excelentes reprodutoras, melhorando muito a habilidade materna em relação as suas mães. As vacas ½ sangue desmamam seus bezerros com média de 235 kg, aos 7 meses de idade, chegando aos 24 meses com 590 kg. Este cruzamento foi campeão da Prova de Carcaça em Uberaba/MG, com 24 meses de idade, 598 kg de peso vivo e 344 kg de peso morto, alcançando 57,33% de rendimento de carcaça.
Já no IMEP, Instituto Melon de Estudos, em Goiás, o rendimento foi de 58,17% em produção de novilho super precoce. Em teste realizado no Mato Grosso do Sul, em parceria com a EMBRAPA/CNPGC – Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte, o Pardo-Suíço cruzado com zebu foi o melhor ganhador de peso, com ganhos consideráveis, em regime de pasto. Já em confinamento, os cruzados apresentaram um peso final médio de 518 kg, com rendimento de carcaça de 55,20%. A camada de gordura externa foi de 3mm. Alguns destes animais registraram ganho de peso diário acima de 2 kg.
Crias conhecidas como Lavínias, é um cruzamento muito utilizado no Nordeste. As fêmeas além de pesadas apresentam uma excelente habilidade materna.
Vale ressaltar que a novidade da raça Pardo-Suíça nos cruzamentos é a criação do Composto Leiteiro. Trata-se de um produto obtido por meio do cruzamento entre raças buscando assim uma maior heterose. Assim temos animais mais rústicos, com maior vigor e produção.
O composto leiteiro para ser registrado terá que ter em sua composição racial um mínimo de três raças o que garantiria um máximo nível de heterose. Ter no mínimo 25% e no máximo 62,5% de sangue Pardo-Suíço.
O objetivo é a produção de leite no clima tropical e subtropical onde a base da alimentação são pastagens. Estes animais se adaptam ao mais variado clima e relevo com manejo e alimentação simples propiciando a sua utilização em pequenos e médios produtores.
Índice Asbia 2012 – Evolução raça Pardo-Suíça – 3 anos
Fonte: Asbia.
Veja abaixo o recado do profissional entrevistado
Luiz Sávio de Souza Cruz: “Procurem a associação, que esta disponibilizará um técnico para orientá-lo nas instalações de sua propriedade, na produção de alimento e na aquisição de animais. Temos certeza que com as qualidades que a raça apresenta, o seu objetivo na atividade será alcançado.”
Veja abaixo algumas fotos de animais da raça Pardo-Suíça
Agradecimentos
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Artigo elaborado por Gustavo Freitas, membro da Equipe Conteúdo BeefPoint, com base nas entrevistas feitas com os profissionais acima listados, que trabalham com a raça Pardo-Suíça. Essa série de artigos não representa um endosso especial do BeefPoint em nenhuma das raças que vamos apresentar nesse projeto, mas a opinião e comentários de quem trabalha com cada uma dessas raças.
1 Comment
Olá!
Em nome de toda a Equipe BeefPoint, agradeço a todos que aprovaram a iniciativa do Projeto Raças.
Tentamos proporcionar um material de qualidade para os nossos leitores, com base em diversas opiniões de profissionais que trabalham com as respectivas raças.
Publicamos 22 artigos e/ou raças no mês de outubro, isto é uma grande satisfação :-)
Um abraço,
Gustavo Freitas – Conteúdo BeefPoint.