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Pecuária de corte enfrenta pior momento em 9 anos

Os preços pagos ao pecuarista pela arroba do boi atualmente são os mais baixos registrados desde 1996, ou seja, os piores desde que foi implantado o Plano Real, conforme comprova o estudo “Indicadores Pecuários” da CNA e do Cepea/USP.

Ontem, o preço pago em São Paulo era de R$ 55 por arroba. Preço pior somente foi pago em junho de 1996, quando o valor da arroba foi de R$ 54,78, considerando preços deflacionados pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Se considerarmos a média nacional, a situação é ainda pior, pois o preço médio ontem era de R$ 50 por arroba”, destaca o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira.

O atual cenário compromete a expansão do rebanho e, portanto, a competitividade do Brasil, que há dois anos ocupa a liderança no ranking de exportações de carne bovina. “Na fase de cria a situação é pior, pois com a queda do preço do bezerro na ordem de 10% a 20%, dependendo da praça, foi gerada insatisfação generalizada, inclusive com muitos criadores saindo do mercado, com abate excessivo de matrizes”, diz Nogueira

“Em 2005, a pecuária de corte ingressa no terceiro ano consecutivo de perda de renda, em um longo processo de elevação de custos e queda dos preços pagos ao produtor rural”, diz Nogueira.

O estudo da CNA e Cepea mostra que entre janeiro e março o valor pago ao criador de gado caiu 6,71%. No mesmo período, os Custos Operacionais Totais (COT) subiram 0,81%. Em 2004, os preços pagos pelo boi caíram 0,03%, enquanto que os custos operacionais subiram 10,10%. Conforme Nogueira, os resultados do crescimento das exportações, da recuperação dos preços internacionais da carne bovina e do aumento do consumo interno não estão sendo repassados ao pecuarista.

Em 1996, quando o preço da arroba do boi também estava baixo, o cenário era bastante diferente: o consumo interno per capita era de 30 quilos por ano, o câmbio era de R$ 1 por dólar e as exportações somavam apenas 150 mil toneladas. Atualmente, o consumo per capita é de 36 quilos, o câmbio está em cerca de R$ 2,50 por dólar e as exportações, no ano passado, atingiram 1,854 milhão de toneladas (dentro do conceito equivalente-carcaça), gerando receitas de US$ 2,457 bilhões. Em 2003, as exportações do segmento somaram 1,3 milhão de toneladas, com receitas de US$ 1,51 bilhão.

Nos quatro primeiros meses deste ano, as exportações de carne bovina somaram 641,2 mil toneladas (26% a mais que as 502 mil toneladas de igual período do ano passado) com receita de US$ 840 milhões (crescimento de 27,5% sobre os US$ 667 milhões registrados entre janeiro e abril de 2004).

Apesar do desestímulo ao produtor, em 2005 o Brasil deve ser, pela terceira vez, o principal exportador de carne bovina, avalia Nogueira, considerando os resultados acumulados em 12 meses. Entre maio de 2004 e abril de 2005, as exportações atingiram 1,993 milhão de toneladas (44% a mais que a marca de 1,383 milhão de toneladas em igual período do ano passado) representando receitas de US$ 2,63 milhões (50,68% a mais que os US$ 1,75 milhões do primeiro quadrimestre de 2004).

Apesar de a pecuária de corte ainda manter o fôlego, em médio prazo a perda de renda registrada junto ao produtor pode comprometer a oferta, segundo Nogueira. Isso ocorre porque o produtor é obrigado a diminuir investimentos e abater matrizes, o que reduz a oferta futura de bezerros. No ano passado, chegou a ser registrado pico de abate de matrizes de 35%, enquanto que o máximo aceitável é de 25%.

Fonte: Imprensa CNA, adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Será mesmo? Quem foi à Expozebú e aos leilões milhonários fica na dúvida…

  2. Ricardo Vinhas disse:

    Há poucos minutos estava lendo em La Nacion da Argentina no qual comentava que a pecuária vive os melhores dias com o seu resurgimento, os pecuaristas investindo em ventres para aumentar a cria.

    Vários frigorificos foram modernizados para atingir novos mercados desta forma agregando valor ao novilho e consequntemente ao terneiro, toda a cadeia esta valorizada.

    Difícil entender as leis que rejem este mercado em que nossa indústria não consegue driblar a crise embora esteja exportando cada vez mais em quantidade e em preço e não vamos falar de sub-produtos que normalmente são esquecidos nas análises (couro, vísceras, bile, chifre, casco, cola etc…)

    Temos que estar mais atentos com relação as informações que nos são vendidas…

  3. Julio Cesar dos Santos disse:

    Análises dessa natureza são importantes, para trazer a devida comparabilidade de dados históricos que muitas vezes não os temos ou os temos de forma distorcida.

    É assim, exclusivamente que o vejo!

    Os demais aspectos em tom de “chiadeira” não me parecem fazer sentido, enquanto o tema for de negócio, o que uma grande parte dos atores do segmento parece não entender e é natural que a CNA os reproduza.

    Restam-nos perguntar é sobre os demais papéis que esperamos da CNA: estatística confiável de produção nacional, evolução do rebanho, descarte, oferta, etc, em contraste com o mercado interno e externo em termos de demanda.

    Como poderá ajudar o pecuarista a melhor pautar seus investimentos em tecnologia, aumento de produtividade, especialização do segmento, dadas as variáveis projetadas?

    Claro que, da mesma forma, novos aumentos de ofertas/produção como a que estamos assistindo, mesmo que associados a planejamentos consistentes com demandas interna ou externa podem ocorrer, dado que até chegar a este ponto o número médio de pecuaristas que se orientam pela demanda de mercado, se a conhecesse melhor, continuaria muito baixa.

    Portanto, redução da oferta futura mediante abate em larga escala de matrizes, efeito na depressão de preços de reposição/bezerros, saída de investidores do setor, por exemplo, continuarão a existir e virão sempre que o equilíbrio (ou ciclo, como gostam outros) entre produção e oferta não estiver adequadamente satisfeito.

    Entrar em detalhes sobre período de maturação do empreendimento, entre outros, não muda a natureza do negócio, pois continua sendo um negócio como qualquer outro.

    Agora, que precisamos, no país, celebrar o forte crescimento/evolução de todas as variáreis associadas à produção pecuária, dados os investimentos em tecnologia, genética, sanidade e sobretudo manejo, isto sem dúvida que precisamos.

    Isto é evolução e parte do artigo retrata isto. Assim como melhor entender o negócio, suas estratégias e planos de ação, também é desejável e virá com o melhor preparo de todos os atores da cadeia produtiva, apoiado por órgãos de representação como a CNA, que há de melhor se capacitar para apoiar essa evolução.

    Economicamente precisamos entender que aumento de produtividade, como a que com certeza estamos vivendo na pecuária nacional leva a maior produção/oferta e com certeza à redução de preços.

    E espero que o lugar comum dos livros técnicos sobre pecuária, editados por pesquisadores da EMBRAPA, FEALQ, entre outros tantos centros de pesquisa de excelência desse país possam já modificar os dados estatísticos quanto à lotação de pastagens neste país, pois dizer insistemente ao longo dos últimos 50 anos que a média nacional é de 0,5 UA por ha não me parece mais fazer sentido em termos da nossa realidade mais visível, mesmo que ainda tenhamos atrasos substanciais no nordeste e em alguns outros “grotões” deste enorme país.

    E não vejo nada de errado nisto! É bom que seja assim, pois parece ser o único mecanismo visível de aumento do consumo interno, indispensável em qualquer nível de exportação que viermos a alcançar e, naturalmente benéfico para a atividade.

  4. Alberto Spector Paes Cardoso disse:

    É necessário que a classe produtora se organize, no sentido de não deixar que essa crise acabe com a excelente perspectiva que se projeta a pecuária de corte nacional, diante do mercado mundial.

    É necessário que os empresários rurais, cobrem da bancada política rural politicas mais eficientes para a pecuária, e que o produtor de carne não fique sofrendo com a inconstância do país, visto que a nossa pecuária é extremamente competitiva no cenário mundial.