Pecuaristas reagiram com indignação às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que responsabilizou os criadores de gado pela vacinação e sanidade dos rebanhos, em entrevista concedida em Portugal. “Foi uma declaração infeliz e imprópria”, disse o diretor-executivo da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Eduardo Soares de Camargo.
“O governo é omisso, frouxo e desarticulado porque teria de cuidar das barreiras sanitárias e controlar fronteiras”, apontou. Segundo Camargo, o presidente Lula não pode culpar os produtores pela volta da febre aftosa. “Se alguém tiver culpa, é o governo, pois temos um grave problema de fronteira que não é combatido”, argumentou.
Camargo afirma que Eldorado (MS), onde surgiu o foco da febre aftosa, fica perto do Paraguai, onde o gado é barato e não tem controle sanitário. Isso facilitaria o transporte de bois para o lado brasileiro, onde ocorreriam os abates. “O pecuarista brasileiro é vacinador, o presidente deveria olhar para os índices de vacinação, que são muito altos”, disse o vice-presidente da SRB, Cesário Ramalho da Silva. “Faltou sensibilidade ao presidente, que se manifestou de forma agressiva contra seus companheiros brasileiros que geraram US$ 3,5 bilhões em exportações”.
Todos os pecuaristas afirmam que a falta de verbas para a defesa sanitária, e não a negligência dos produtores, foi a principal causa para o ressurgimento da aftosa.
O presidente da comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (PFL-GO), classificou de atitude ‘criminosa’ o corte de verba da defesa agropecuária e disse que é responsabilidade do governo fiscalizar a vacinação dos rebanhos, controlar os animais na fronteira e avaliar a qualidade das vacinas oferecida aos produtores. “A declaração do presidente foi desastrosa. Ele quer encontra um boi de piranha responsável por um erro seu”, disse o deputado.
Para Caiado, ao deixar a defesa sanitária sem recursos, “o governo foge de uma responsabilidade que é sua”.
Para o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, os pecuaristas devem ser punidos de forma exemplar se for constatado que faltou vacinação. “Mas isso não muda a situação de falta de verbas na defesa sanitária”, considerou. “O presidente está arrumando desculpas, tentando desviar o foco”.
Os proprietários da Fazenda Vezozzo, onde foi detectado o foco de aftosa, não quiseram polemizar com o presidente Lula. Eles afirmam que a vacinação do gado da fazenda é feita com acompanhamento de um veterinário. “Nossa fazenda é altamente técnica e conta com uma equipe experiente”, limitou-se a dizer Mariza, uma das administradoras.
A fazenda pertence a José Vezozzo e à sua esposa Emilia, mas é administrada pelos filhos Mariza e Luiz Henrique. A família quer que os técnicos do governo esclareçam como foi possível o gado ter sido contaminado já que, garante, a fazenda segue criteriosamente todas as determinações fitossanitárias.
A família ainda não fez um levantamento dos prejuízos causados pelo abate das 582 cabeças de gado.
Fonte: O Estado de São Paulo (por Patrícia Campos Mello Brás Henrique, com colaboração de Fabíola Salvador e José Antonio Pedriali), adaptado por Equipe BeefPoint
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Temos a absoluta certeza da idoneidade do pecuarista com relação à vacinação contra a febre aftosa. O caso do MS não é diferente de nem um outro Estado da Federação que, esquecidos pelo Governo Federal, contam apenas com a capacidade exemplar, porém limitada, dos técnicos da defesa sanitária. E todos sabem que a questão está entregue a sorte.
Plagiando Ronaldo Caiado, digo que “ao deixar a defesa sanitária sem recursos, o governo foge de uma responsabilidade que é sua”.
A crise provocada por este foco de febre aftosa, é pequena perto do perigo que sempre existiu pela deficiência no controle sanitário feito pelo governo brasileiro.
O aparecimento deste foco no MS significa muito pouco perto do que realmente poderia ter acontecido. A verdade é que não existe fiscalização nenhuma na vacinação do rebanho brasileiro o pecuarista é obrigado a comprar a vacina e apresentar a nota fiscal aos órgãos responsáveis pela vacinação.
Não existe nenhuma fiscalização na propriedade no dia da vacinação, o que poderia ser feito com muita eficiência apenas por amostragem. Bastaria a visita a algumas propriedades no dia marcado para a vacinação, e com certeza muitos fazendeiros que não vacinam porque acham que não mais existe aftosa no pais ou mesmo por preguiça ou ignorância certamente vacinariam por medo de serem penalizados.
O fato do Sr., que pôr hora está presidente da republica, culpar os pecuaristas pelo aparecimento deste foco de aftosa no MS, mostra apenas que o Brasil vai continuar muito tempo a ser um país do terceiro mundo, apesar do grande desenvolvimento da economia.
O Brasil, apesar da competência de nós trabalhadores brasileiros, nós, Zés da Silva, que lutamos pelo desenvolvimento e somos competentes continuaremos ter como inimigo o governo, que não ajuda em nada, e a ignorância provocada pelo analfabetismo.