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Pecuaristas do Mercosul estudam revisão de tratado

Organizações criadoras de gado dos países-membros do Mercosul apresentarão às autoridades do bloco a necessidade de revisar o funcionamento do grupo devido aos entraves existentes no intercâmbio comercial no setor agropecuário.

O presidente da Associação Rural do Paraguai (ARP), Alberto Soljancic, disse que os criadores de gado de seu país, Brasil, Argentina e Uruguai decidiram dar destaque a isso em reunião realizada no domingo, na Feira Internacional agropecuária, em Assunção.
Os empresários destes quatro países elaboraram nota para apresentar ao Conselho Agropecuário do Sul (CAS), integrado pelos ministros da área do Mercosul, que se reunirão durante a feira rural de Buenos Aires, inaugurada oficialmente no dia 30. “A integração tem de começar pelo lado dos países, de maneira a fortalecer e vender produtos agropecuários. Se aos 14 anos (de existência do Mercosul) não podemos nos integrar e fazer vendas entre nós, que esperanças temos para negociar como bloco?”, indagou o empresário.

O criador de gado referiu-se aos problemas que seu país enfrenta para recuperar os mercados brasileiros e argentinos após ter superado um surto de febre aftosa, que em 2002 provocou o fechamento da fronteira desses países. “Desde janeiro somos país livre de aftosa com vacinação, a mesma situação dos quatro países, então não vemos por que existirem esses impedimentos”, disse Soljancic.

O grupo Farm (Federação de Associações Rurais do Mercosul) pedirá que os conflitos sejam discutidos, com encaminhamento de soluções, na próxima reunião do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), que reúne os ministros de agricultura dos países do Mercosul, no fim do mês, na Argentina. O documento elaborado em conjunto pelos representantes das associações rurais foi encaminhado ontem ao ministro brasileiro, Roberto Rodrigues.

Interesses

Os interesses envolvidos, entretanto, são contraditórios. Argentinos protestam contra o bloqueio de arrozeiros brasileiros na fronteira Itaqui-Alvear. Gaúchos lutam contra o fechamento do mercado uruguaio à carne do Brasil. Paraguaios querem abertura da Argentina para a carne.

Para o economista Paulo de Tarso Pinheiro Machado, chegar a consensos na área agrícola dentro do bloco não será tarefa de solução simples para os países, o que pode atrapalhar as negociações do Mercosul com outros blocos. “Não existe hoje a visão estratégica nos países do Mercosul de buscar oportunidades comuns no mercado internacional”, diz.

“O Mercosul começou com muito ímpeto em seus primeiros anos e agora está um pouco parado. Acho que por isso estamos falando para que não se trave”, afirmou Luciano Miguens, da Sociedade Rural Argentina (SRA).

Da reunião de Assunção também participaram Fernando Mattos, da Associação Rural do Uruguai (ARU), e Carlos Sperotto, da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, que afirmou que o Mercosul deve ser muito mais do que simples reuniões nas quais as autoridades tiram fotos.

O Mercosul é a maior potência criadora de gado do continente, com mais de 255 milhões de cabeças de gado sendo 180 milhões no Brasil, 52 milhões na Argentina, 13 milhões no Uruguai e 9,6 milhões no Paraguai.

Fonte: Clic RBS/Agrol e Zero Hora/RS, adaptado por Equipe BeefPoint

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