Quase quatro meses após a tragédia climática que alagou propriedades rurais no Rio Grande do Sul, os impactos deixados pelas chuvas extremas persistem. Um deles é que o ciclo de engorda de bovinos foi prejudicado com áreas de pastagens submersas. Com isso, produtores precisaram encontrar soluções criativas para alimentar o rebanho e manter o ganho de peso.
Em Capão do Leão (RS), no sul do Estado, a Estância da Gruta precisou inovar ao ter menos de 50% de suas áreas de pastagens no ponto de entrada de seu rebanho de gado montana. As enchentes tomaram mais de 1 mil hectares de campo nativo da propriedade que seguem debaixo d’água há mais de 90 dias.
Anna Luiza Di Cameli, proprietária do local, decidiu por investir em ração pré-secada e na instalação de comedouros adequados para silagem e feno. Paralelamente, optou por um manejo extra de ureia para estimular o crescimento da pastagem, além de ações para a drenagem da água.
Ana Luiza destaca que a situação é desafiadora, mas momentânea, e ressalta os predicados genéticos do gado montana, que tem importantes características de resistência, o que, segundo ela, garante a qualidade do produto ao cliente mesmo frente a essa circunstância desfavorável.
Já no caso da Estância Luz de São João, em São Gabriel, também no sul gaúcho, o proprietário Celso Jaloto, que é criador da raça braford, prova que nem o céu é limite para a criatividade em bolar soluções para driblar os obstáculos deixados pela tragédia climática.
Ele recorreu à um avião agrícola para fazer a sobressemeadura do azevém na soja ainda não colhida e, em um segundo momento, a adubação das pastagens de inverno. O processo favorece a germinação do azevém que recebe, ainda, uma dosagem de 100 quilos de ureia por hectare.
Outra decisão tomada por Janoto para remediar os impactos foi diminuir a quantidade de animais por hectare, reduzindo, assim, os impactos no ganho de peso do gado.
Fonte: Globo Rural.