Para tentar fugir dos baixos preços pagos à arroba do boi gordo, pecuaristas do norte do Paraná estão buscando alternativas mercadológicas para melhorar a renda da produção. Uma dessas alternativas foi lançada no último sábado, durante o 1o Encontro de Criadores de animais de Sangue Angus, realizado na Fazenda São Manuel do Triunfo, em Londrina.
No encontro, a Associação Paranaense de Criadores de Angus lançou a idéia de formação de uma aliança mercadológica para comercialização da carne marca Angus no mercado brasileiro e internacional, para cerca de 120 criadores da região.
O objetivo, segundo o presidente do Núcleo, Paulo Olider Chiararia, é começar a colocar a carne Angus no mercado interno em seis meses, em preparação para exportação através de parceria com a Cooperativa Agrícola de Rolândia (Corol). O projeto tem apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA).
De acordo com Chiararia, a idéia da aliança mercadológica surgiu da necessidade de recuperar a renda do produtor. ”Hoje, o pecuarista investe em genética e tecnologia de produção para melhorar a qualidade de carne. Mas, na hora de colocar no mercado, é roubado. Na maioria das vezes, o frigorífico impõe um preço que mal cobre os custos de produção”, reclama. Segundo ele, alianças do tipo, em Guarapuava e Paranavaí, já provaram que o caminho é rentável.
De acordo com o produtor José Antônio Fontes, que cria cruzados meio sangue angus é um dos interessados na aliança, nenhuma remuneração extra é paga por um animal de carcaça pronta para abate aos 17 meses. Segundo ele, os frigoríficos pagam o mesmo para um novilho precoce ou um boi de 50 meses. Apontando a cotação de sábado passado de R$ 53 a arroba para o boi e R$ 44 para a vaca, Fontes fez a comparação: “‘meu custo de produção, hoje, para um animal abatido aos 17 meses é de R$ 42,70 a arroba. É muito pouco para todo o trabalho que temos”.
Outro ponto citado por Fontes é a falta de organização da cadeia da carne. ”Nós, pecuaristas, não nos preocupamos em nos mobilizar para exigir melhor remuneração como fazem os produtores de leite. Precisamos começar a botar valor naquilo que produzimos. E a aliança é um bom meio de fazer isso. Fazer grupo é ter poder de barganha, é criar volume para disputar mercados mais exigentes”, explica.
Segundo o veterinário do Núcleo, Antônio Chaves, a aliança preconiza um padrão de abate de acordo com as exigências do mercado, tanto para o dianteiro quanto para o traseiro. Ele acredita que, depois do levantamento de interessados, de disponibilidade de animais e análise de produção nas propriedades, principalmente de manejo a padronização, pode começar a ser feita em seguida. ”Em seis meses, poderemos estar produzindo o animal padronizado. A partir daí, podemos começar a investir na regularidade da oferta”.
Segundo Chaves, uma aliança do tipo pode trazer boa rentabilidade aos produtores paranaenses, em torno de 10 a 12% por arroba. ”No Rio Grande do Sul, a Associação Brasileira já certifica a carne com 65% de sangue angus. Para o Paraná, abriu a oportunidade de certificar a carne a partir de 50% de sangue angus. Lá, os produtores com animal certificado, rastreado e planilhado têm recebido 5% a mais sobre o preço da arroba. Aqui podemos conseguir mais”, garante.
Segundo o presidente da ABA, José Paulo Cairoli, a experiência de certificação da carne angus vêm sendo realizada com sucesso no Rio Grande do Sul há dois anos. De acordo com ele, a associação firmou parceria com um frigorífico e hoje atende nove lojas no estado com carne da marca. ”Com um projeto desses, o Paraná tem condições de se tornar um centro importante de exportação de carne angus porque dá uma melhor terminação à carcaça que no Sul”, aponta.
Hoje, de acordo com Cairoli, a associação está mais preocupada em dar assistência aos criadores do sangue angus que expandir o número de animais PO no Brasil. ”Sabemos das dificuldades geográficas de adaptação do touro angus. Por isso, estamos apostando na expansão de venda do sêmen”, explica.
Segundo ele, isso vai ao encontro das necessidades dos pecuaristas, que querem investir no rebanho visando a exportação. ”O sangue angus dá maciez e marmoreio extraordinários à carne. A carne angus é a carne que o mundo quer comer”, garante.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Telma Elorza), adaptado por Equipe BeefPoint
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Parabéns aos Paranaenses.
Acredito que criar alianças seja a única maneira de fortalecimento dessa classe. Temos que cobquistar poder de barganha, é ridículo não poder precificar seu produto. Nenhuma indústria trabalha dessa forma e na pecuaria não pode ser diferente.
Existem produtos com diferencial de qualidade muito grande, para produtos diferentes são necessários preços diferentes, logo que o custo não é o mesmo.