CEPEA: Cotações têm novas quedas
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Preço do gado na Argentina “complica a vida da indústria”

O preço do boi gordo na Argentina é atualmente o mais alto da região, com uma referência que supera os US$ 4,70. Isso ocorre em um contexto no qual “neste ano teremos uma oferta de carne que cairá entre 5% e 7%, o que significa cerca de 200.000 toneladas a menos, um número significativo para nós”, afirmou Víctor Tonelli, diretor da Tonelli & Associados.

Em entrevista ao programa Valor Agregado da rádio Carve, ele explicou que essa redução na oferta é consequência da seca dos anos de 2022 e 2023. “Essa queda já é visível no mercado e gerou um aumento no preço do gado”.

A alta dos preços “está complicando bastante a vida da indústria exportadora, que está pagando pelo boi mais caro da região. Infelizmente, isso não será resolvido em poucas semanas, mas levará muitos meses até que o ciclo de oferta se recomponha. Por isso, já antecipo que o volume exportável cairá entre 50.000 e 100.000 toneladas”.

Diante desse cenário, o consultor afirmou que é possível que o boi gordo chegue a US$ 5,00. “Isso porque o peso estará muito valorizado e o dólar baixo em termos de taxa de câmbio. Portanto, atingir esse valor não seria uma grande surpresa, mas seria um golpe duro para a indústria exportadora”.

Por outro lado, com esses preços, “o produtor se sai bem, desde que não haja problemas na cadeia de pagamentos. Se a indústria exportadora, que representa 45% do abate total, enfrentar dificuldades, isso também preocupa o produtor”.

Mercado internacional de carne

Com o fim do Ano Novo Chinês, o gigante asiático demonstra uma postura “demandante”, o que indica que consumiu seus estoques. No entanto, até agora, a China não aceitou pagar preços superiores aos anteriores. “A sensação no mercado é que, à medida que a oferta se tornar menos abundante, como ocorreu no ano passado com Brasil, Argentina, Uruguai e Austrália, a China começará a pagar melhor, pois não conseguirá atender à sua demanda”.

“A expectativa é que a China ceda e aumente os preços, embora isso aconteça de forma gradual, sem grandes saltos”, afirmou Tonelli.

Sobre o mercado dos Estados Unidos, ele destacou que “alguns dizem que as importações podem até aumentar, o que fará com que, pelo menos em 2025, os exportadores do mundo voltem sua atenção para lá”.

“Mesmo fora da cota, hoje os Estados Unidos são um negócio melhor do que a China”, enfatizou.

Quanto ao mercado de Israel, o consultor argentino destacou que negócios estão sendo fechados acima de US$ 9.000 por tonelada. “Geralmente, os preços variavam entre US$ 7.000 e US$ 7.500, então a situação atual é muito favorável. Se o conflito com a Palestina cessar, isso ajudaria enormemente”.

Fundos pecuários

A situação dos fundos de investimento em pecuária no Uruguai ultrapassou fronteiras e chegou à Argentina. No entanto, nesse país, esses modelos de negócio ainda são mínimos. “Se considerarmos os três ou quatro fundos mais relevantes, eles não ultrapassam 1% do abate total, o que é uma realidade completamente diferente da do Uruguai”.

No caso do Conexión Ganadera, “não se consegue entender como a situação chegou a esse ponto”.

Fonte: El País, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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