Após altas constantes ao longo do ano, o mercado do boi gordo estabilizou seus valores, com os frigoríficos oferecendo preços menores — mas que, por enquanto, não estão sendo aceitos pelos produtores — em um mercado que tem como destaque o recorde no preço de exportação da carne bovina do Uruguai.
Apesar dessa estabilidade, o novilho acumulou 23 semanas consecutivas de alta na tabela da Associação de Consignatários de Gado (ACG), com uma média de US$ 5,06 por quilo.
A firmeza do mercado internacional, mesmo em um cenário de incerteza comercial, ficou evidenciada em uma média inédita de preço de exportação: US$ 5.969 por tonelada de carne bovina, com um componente importante de embarques para a União Europeia — mercado que paga melhores preços e teve crescimento de 50% em volume neste ano.
Embora esse número ainda seja provisório e sujeito a correção, atualmente representa a média mais alta da série histórica do Instituto Nacional de Carnes (INAC), cerca de US$ 300 acima do recorde anterior, registrado em maio de 2022.
Desde a semana passada, têm surgido sinais de queda de preços na China, relacionados a questões tarifárias, e há expectativa sobre os impactos das novas tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos, que entrarão em vigor a partir de 1º de agosto para as importações de carne bovina brasileira.
Nos últimos 30 dias móveis, o preço de exportação se manteve em US$ 5.035 por tonelada, sustentando um mercado pecuário em que “há alguma intenção de ajuste de preços, especialmente por parte das grandes indústrias, mas que por enquanto não se concretiza devido à baixa oferta de gado bem terminado”, comentou Fernando de la Peña, do escritório Fernando de la Peña Negócios Rurais.
“O final de junho e a primeira quinzena de julho foram muito duros em termos climáticos, e os animais ainda não estão bem acabados”, acrescentou o operador.
Com mais dificuldade para alcançar os preços máximos dos últimos dias, os negócios com novilhos estão sendo fechados entre US$ 5 e US$ 5,10 por quilo na quarta balança.
As vacas estão sendo negociadas entre US$ 4,70 e US$ 4,90 por quilo. A novilha especial está cotada em torno de US$ 4,95 por quilo, com o mercado interno ainda exercendo boa demanda.
Persiste uma grande disparidade nos preços e nos prazos de abate entre os frigoríficos — alguns estão abatendo gado de confinamento para a cota 481, enquanto outros não.
Américo Pont, da Innova Campos y Ganados, vê um mercado mais tranquilo, com os frigoríficos em compasso de espera para ver o que acontece com a oferta, que por enquanto praticamente não conta com animais bem acabados.
Fonte: El Observador, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.