Só em 2011, já foram realizados 253 testes em que foram detectadas violações em seis amostras, 2,37% do total. O Ministério da Agricultura já estima que o número vai ultrapassar 3% até o fim deste ano.
O governo ainda não tem um plano para combater as frequentes detecções de ivermectinas, uma categoria de vermífugos, nas carnes brasileiras. O problema se alastra pela indústria, que diz ser impossível testar todos os carregamentos.
Só em 2011, já foram realizados 253 testes em que foram detectadas violações em seis amostras, 2,37% do total. O Ministério da Agricultura já estima que o número vai ultrapassar 3% até o fim deste ano.
A solução para o problema, segundo representantes de vários setores da pecuária, presentes em audiência pública ontem na Câmara dos Deputados, deve ser uma forte política pública na área de educação sanitária.
O cuidado com a aplicação do produto e o respeito ao tempo de abate foram as principais preocupações do setor.
Durante a audiência pública, ficou claro que a solução do problema está distante. A falta de receita para comprar os produtos, o uso em excesso e a falta de observância às informações da bula foram diagnosticados como causadores das violações.
Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), existem mais de 100 produtos no mercado que podem ser comprados até pela internet. O presidente do Sindan, Ricardo Pinto, disse que 99% das violações acontecem por falta de observância às informações da bula.
Na contramão, o presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA, Antenor de Amorim Nogueira, disse que querem colocar a culpa no produtor. “Quase me convenceram que a culpa é do produtor. Está óbvio aqui que todos acham isso”. Para ele, a bula contém informações erradas e só exigir o receituário não será o bastante.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) diz que ao receber um animal, o produtor informa que aplicou na hora certa e respeitou o tempo de retirada. Além disso, os frigoríficos testam a presença de resíduos em três etapas da produção, inclusive após enlatar o alimento.
Mesmo assim, de acordo com o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, não se pode ter 100% de certeza sem checar todos os produtos, sem exceção. “Com essa infinidade de testes, acabamos perdendo competitividade. Já gastamos R$ 12 milhões até outubro deste ano com testes para detecção”, afirmou.
Em vez de tentar reduzir a quantidade do produto nas carnes exportadas, o Ministério da Agricultura está questionando a decisão dos Estados Unidos em reduzir os vestígios de 100 ppm (partes por milhão) para 10 ppb (partes por bilhão). Diante da decisão de Washington, em maio de 2010, o próprio Ministério suspendeu até dezembro daquele ano as vendas ao país, o que fez com que o produto brasileiro perdesse quase metade do mercado americano.
Fonte: jornal Valor Econômico, adaptada pela Equipe BeefPoint.
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O Codex Alimentarius estabelece 100 ppm, os EUA 10 ppm, será que realmente isso é barreira de ordem sanitária? Temos potencial suficiente para questionarmos estas decisões e defendermos nossa cadeia de produção, os "gringos" chegam aqui impõem tudo e aceitamos numa boa, será coerente isto?
Independente de 100 ppm ou 10 ppm de ivermectina ou outro medicamento ou até mesmo alimentos dos animais, se para os EUA ou outro país qualquer, o importante é que estamos consumindo alimentos de qualidade duvidosa………………………. E não podemos responsabilizar tecnicamente os produtores, eles, na sua maioria, não têm assistência técnica, governamental ou não, para orientação e acompanhamento no uso dos mais diversos recursos disponíveis no mercado, até mesmo para avaliar a eficiência destes insumos. Então não seria a hora de termos responsáveis técnicos nas propriedades rurais, para orientar, acompanhar e assumir a responsabilidade por eventuais erros, como é feito em fábrica de rações, laboratórios, indústria alimentícias, etc?
Pois é… sugestões e sugestões… me parece estar embutida em uma delas a criação de mais um "cartório profissional"… e pra variar a conta fica com o criador…
O problema não é falta de informação, e sim falta de "berço" e cultura, que traz como consequência a dificuldade em entender a "razão" das coisas… além da tal "preguiça mental" (também causada pela falta de cultura)…
As bulas e embalagens dos produtos veterinários trazem muitas informações e são claras o suficiente para que "após lidas", possam ser aplicadas corretamente…
mas… infelizmente necessitam "ser lidas"…
Como se não bastasse tudo isso, entra ainda a tão famosa "lei" inspirada no tal cigarro "vila rica" aquele que pregava o gosto exacerbado em levar vantagem… provavelmente fonte de inspiração para a sugestão de mais um "responsável técnico" para as propriedades… E os custos? ora… ficam nas costas dos "de sempre"…
Ficar atento… mais um cartório a caminho?
Muito feliz seu comentário José Manuel, é a mais clara e realista percepção do setor.
E como forma de tapar o sol com a peneira, criam declarações, documentos, anexos e outras artimanhas a mais para criar um sistema que joga no mesmo saco o produtor que realmente segue recomendações técnicas com os que as burlam.
Chega de burocracia e de produtores que nao respeitam as carencias dos produtos.
O que voce não quer para si, não forneça para os outros!!!!
Olha gente..sem querer tirar a responsabilidade dos produtores, entre os quais me incluo, que sempre devem ser os responsáveis pelo que produzem, ou dos frigoríficos, que sempre devem ser responsáveis pelo que adquirem e comercializam, já ouvi tb que há suspeitas de resíduos de ivermetina em torta de algodão…e de fato há possibilidade uso do principio ativo na condução da lavour…ai a coisa fica bem mais complexa…a origem pode estar onde nem procuramos.
O que é preciso é antes de tudo entendermos melhor o problema, que pode não ser tão simples como parece a primeira vista…depois que todos façam bem sua parte e que existam controles que permitam coibirmos os desvios (produtores devem capacitar sua mão-de-obra e rastrear sua produção, frigoríficos devem analisar a carne adquirida, fabricantes de medicamenteos devem garantir que os prazos estipualdos em bula sejam adequados, precisamos combater o comércio ilegarl de medicamentos e governo deve fiscalizar a cadeia).
A única coisa que não adianta é achar que com uma mera declaração do produtor o problema estará resolvido.