Um dos maiores pecuaristas do País, com cerca de 43 mil cabeças de gado em Mato Grosso e São Paulo, Luiz Felippe Camargo, diretor do Grupo Camargo, criticou duramente o programa de rastreabilidade implantado pelo Governo Federal como forma de estímulo à melhoria da produção através do sistema de identificação e certificação de bovinos. Segundo ele, da forma que está (o programa) nada melhorou para o produtor. “Pelo contrário, só aumentou o custo na propriedade”, disse.
Na avaliação do presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acreimat), Anildo Lima Barros, “no papel o programa é uma beleza”, pois dispõe de ferramentas de controle e administração de qualidade nas fazendas, controlando a produção, reprodução, nutrição, pastagens, sanidade e potencial genético do rebanho. “Mas como tirar proveito deste ganho em termos de qualidade se, na hora de vender para o frigorífico, o produtor não tem a remuneração adequada?”, perguntou.
No caso das fazendas do Grupo Camargo, três em Mato Grosso e uma em São Paulo, os gastos só com investimentos em melhorias tecnológicas e aprimoramento do rebanho já somam mais de R$ 200 mil. “Até agora não vimos na prática o resultado para o produtor. “Só os frigoríficos estão levando vantagem, pois na hora de vender a carne de boa qualidade para o mercado externo, com certeza o preço é outro”, alfinetou.
Segundo ele, os frigoríficos alegam que a maioria da carne comprada dos pecuaristas tem como destino o mercado interno, por isso não pagam um preço diferenciado.
Luiz Felippe acredita que a saída poderia estar na tipificação da carcaça, que permite a identificação e separação da carne de melhor qualidade, o que seria uma referência também para o frigorífico pagar melhores preços.
Fonte: Diário de Cuiabá/MT, adaptado por Equipe BeefPoint