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Programa de produção responsável da Abras: uma boa ideia, mas com muitas críticas

A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) lançou nessa segunda-feira, em São Paulo, SP, seu programa de certificação da produção responsável de carne bovina. O programa de certificação busca garantir de forma auditável que a carne bovina vendida nos supermercados brasileiros seja sustentável, ou seja, ambiental e socialmente correta. A iniciativa é muito válida, mas está recebendo muitas críticas. O objetivo desse artigo é resumir o programa, avaliar pontos positivos e negativos e incluir algumas sugestões.

A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) lançou nessa segunda-feira, em São Paulo, SP, seu programa de certificação da produção responsável de carne bovina. O programa de certificação busca garantir de forma auditável que a carne bovina vendida nos supermercados brasileiros seja sustentável, ou seja, ambiental e socialmente correta. A iniciativa é muito válida, mas está recebendo muitas críticas. O objetivo desse artigo é resumir o programa, avaliar pontos positivos e negativos e incluir algumas sugestões.

O programa de certificação da Abras tem como objetivo garantir que a carne bovina comercializada pelos supermercados atenda aos requisitos sanitários e de segurança do alimento, não tenha sido produzida em áreas de desmatamento ilegal, bem como em fazendas embargadas pelo ministério do meio ambiente ou Ibama, ou que estejam na “lista suja” do trabalho escravo (e análogo) ou infantil, do ministério do trabalho. Também não serão aceitas propriedades denunciadas pelo Ministério Público Federal por invasão de terras indígenas, violência agrária e grilagem de terra. Em resumo, o programa visa garantir e auditar que a carne bovina no varejo seja segura e não tenha problemas sanitários, ambientais e sociais. Nada mais justo que se promova esse tipo de produção e que se tenha certificações garantindo esses padrões, que são básicos.

Os problemas e críticas recebidos estão relacionados a forma como foi conduzida a elaboração do programa, o envolvimento dos diversos elos da cadeia, a abrangência do programa (cria-recria-engorda), a divisão dos custos envolvidos e a possibilidade de se gerar receita adicional para quem aderir rapidamente ao programa.

Produtores e frigoríficos reclamaram informalmente durante o evento na segunda-feira e formalmente pela imprensa ontem, que não foram envolvidos no processo de construção desse novo protocolo de produção responsável. Considero uma falha técnica e política, uma vez que o apoio desses dois elos é fundamental para que o programa avance. No escopo atual, toda a certificação se dá dentro das fazendas (em maior parte) e nos frigoríficos. Era de se esperar que a recepção de um programa não realizado de forma conjunta fosse entendido como “goela abaixo”.

O grande varejo já tem uma relação complicada com diversos setores produtivos, e não é diferente com a carne bovina. Recentemente foi criada uma associação para defender os interesses dos pequenos e médios fornecedores, que se sentem “achatados” pelos grandes varejistas. Quem encabeça a iniciativa é Péricles Salazar, também presidente da Abrafrigo, entidade que reúne pequenos e médios frigoríficos. Em nossos contatos de mercado, não observamos frigoríficos que se mostram satisfeitos com as vendas ao grande varejo. Na maioria dos casos, vender ao grande varejo é um “mal necessário”. Compram volume, mas os preços são muito baixos. É muito comum a compra na forma de leilão reverso. Vende quem está com a corda no pescoço. O poder de barganha dos varejistas é muito grande hoje, no Brasil e no mundo, e isso é exacerbado em produtos sem marcas, como é o caso da carne. Na semana passada, o IMEA, do Mato Grosso, divulgou estudo mostrando a distribuição da margem bruta dentro da cadeia, com grande vantagem para os varejistas. Esse é mais um fator que dificulta a adoção desse novo programa, pois é compreensível ter menos disposição a atender solicitações adicionais de um cliente que gera margens muito pequenas.

Um ponto a favor dos supermercados é o grande volume de venda, o que tende a direcionar o mercado. Acredito que o poder de barganha de ser o maior canal de vendas de carne bovina no Brasil é o principal motivo da proposta inicial do programa não prever subsídio na implantação/auditoria do programa.

Outro ponto a ser debatido é a necessidade de se criar mais um selo, mais uma certificação. Existem no Brasil hoje inúmeros selos e programas de certificação, com grande semelhança entre si. Acredito que seria mais produtivo tentar integrar esses selos, criando um selo base. Isso diminuiria em muito os custos de implementação da certificação, facilitaria a divulgação das vantagens de se certificar junto a produtores (que hoje se sentem perdidos frente a muitas opções). E também seria mais fácil “vender” a ideia de um selo único a compradores, aqui e no exterior.

No mundo, o programa GlobalGap (ex-EurepGap) vem tentando fazer isso. Aqui no Brasil, no caso da carne, poderia ser adotado o selo BrazilianGap, da Embrapa, ou até mesmo o GlobalGap. É claro que essa proposta enfrenta uma grande barreira, que é cada um dos “donos de selos” aceitar abrir mão do seu programa e aderir a um programa único. Fazendo um paralelo ao mercado de tecnologia, uma das maneiras mais bem sucedidas de se criar um padrão vencedor, é torná-lo de domínio público. Por isso, programas como o da Embrapa e do GlobalGap teriam mais facilidade de se enquadrarem nessa condição, por não visarem o lucro.

A rastreabilidade é outro empecilho a esse programa. Como em qualquer programa de qualidade assegurada, a rastreabilidade é um ponto básico. A dificuldade é conseguir implementar rastreabilidade em um enorme número de fazendas. Até o momento, o Brasil não tem conseguido sucesso nessa empreitada. É possível sim, mas ainda não encontramos o caminho. Negar essa realidade vai atrasar esse (e qualquer outro) programa.

Na reunião de segunda-feira, encontrei um pecuarista especializado em certificação. Ele me disse: “quero saber se esse programa é negócio”. Ou seja, ele queria saber se havia possibilidade de agregar valor ao seu produto gado gordo para abate, caso aderisse ao programa. Me contou que teve várias experiências nos últimos anos com certificação para diversos programas e que sua fazenda, sua equipe, sua competência gerencial são capazes de implementar qualquer certificação de qualidade assegurada. Mas só vai fazer isso se vislumbrar receita adicional, pois haverá, com certezam custos adicionais. Essa realidade não é muito comum no Brasil, mas existem outros produtores com esse perfil. Nesse segmento, na ponta da pirâmide da produção de carne bovina no Brasil, a avaliação de entrar ou não em um novo programa de certificação é acreditar na agregação de valor maior do que a incorporação de custos. Sem isso, não vão entrar.

Para que esse programa “seja negócio”, é preciso que os supermercados se comprometam a só comprar carne dentro desse programa. É claro que isso pode vir em fases, como por exemplo: até junho de 2010, 10% da compra, até dezembro de 2010, 20% do volume de compra, e assim por diante, até chegar em 100%. Dessa forma, é provável que exista um sobre-preço inicial da carne com esse selo, o que serviria como um grande acelerador no número de adesões, de produtores e frigoríficos. A medida que o volume de carne certificada aumenta, a tendência é o sobre-preço baixar, chegando a zero. Seria necessário que o programa prevesse auditoria também nas redes varejistas, visando medir o percentual real da carne comprada dentro do programa. Essa possibilidade de sobre-preço e essa proposta de auditoria também dentro dos supermercados me parece quase impossível de ser aceita pelo varejo.

O presidente da Abras, Sussumu Honda, afirmou inclusive que prevê equivalência de preços da carne certificada, para os preços atuais da carne. Imaginando que o varejo não está disposto a diminuir sua margem, é fácil concluir que na fala de Honda está implícito que a indústria e produtores vão assumir integralmente os custos adicionais dessa certificação, sem receber preço adicional. Num processo de certificação, a parte mais trabalhosa e custosa é implementar in loco, auditar e acompanhar cada passo, e não a criação do protocolo. Na proposta atual, dá a entender que o varejo fez sua parte ao patrocinar a criação do protocolo, e agora produtores e indústria devem custear todo o resto. Caso o varejo se propusesse a custear parte do processo de implementação e certificação, tornaria a aceitação do programa muito mais fácil.

O protocolo de certificação prevê o credenciamento por planta frigorífica. Para que isso ocorra, é preciso que 100% dos fornecedores dessa planta estejam enquadrados na nova norma, tendo assinado termo de aceite e se dispondo a receber visitas de auditoria/certificação. Além disso, a norma prevê que os controles e auditorias se extendem até a recria e (inclusive) cria. Nesse caso, a unidade produtiva (planta frigorífica) fica co-responsável por toda a cadeia produtiva.

É normal o conceito de responsabilidade compartilhada. Cada vez mais, as empresas são responsabilizadas por toda sua cadeia de suprimentos, e não apenas pelo seu fornecedor direto. E entendem que isso pode ajudar/atrapalhar na lucratividade da operação. Isso é justo e é um processo que acelera a adoção de práticas sustentáveis e responsáveis em todo um setor. Mas não me parece justo a indústria se responsabilizar por toda a cadeia e o varejo não aplicar a si próprio a mesma regra.

Outra crítica, em tom de brincadeira, de pessoas presentes no evento e de leitores do BeefPoint, é que o selo do programa é ilustrado por um bovino que se parece muito com uma vaca de leite, com úbere e chifres aparentes. Esse descuido ajuda a gerar a percepção de que não foi feito por profissionais do setor, o que não é o caso. Ilustra também a insatisfação dos elos da cadeia com o programa. Se tivessem gostado do programa, a vaca de leite do selo passaria sem ser notada.

Da forma que está, ocorre um fato curioso, impensável até muito pouco tempo. Os grandes frigoríficos brasileiros toparam assinar um termo de compromisso com o Greenpeace, uma ONG que não é cliente nem fornecedor dessas empresas. E esses mesmos frigoríficos não aceitaram assinar um termo de compromisso, sobre o mesmo tema (mas não nas mesmas condições) com o setor que é um de seus maiores clientes: os supermercados. Levando em conta que o objetivo é o mesmo (sustentabilidade), o que o Greenpeace fez certo e onde a Abras errou? Esse detalhe merece ser avaliado por todos mais profundamente.

Vale reforçar que esse movimento de busca por formalização da cadeia produtiva da carne é extremamente válido. É impraticável defender que não se melhore e reforce as iniciativas que busquem diferenciar os bons pecuaristas e bons frigoríficos, que atuam dentro da lei em todos os sentidos (sanitário, ambiental, social e de segurança do alimento). A iniciativa da Abras em promover a certificação da produção responsável de carne bovina é louvável. O que precisa ser mais discutido é forma de como fazer: os prazos, a abragência inicial, quem terá a responsabilidade compartilhada, quem arcará com os custos, etc.

O futuro, muito breve, é da produção de carne bovina sustentável, certificada, auditada. Esse processo vai gerar ganhadores e perdedores. Devemos trabalhar para que os vencedores sejam os mais competentes e pró-ativos de cada elo da cadeia. E não que esse movimento de melhoria do setor venha acompanhado de um fortalecimento ainda maior de um elo da cadeia em detrimento da menor rentabilidade dos outros.

0 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Parabens! Estou 100% de acordo com a analise feita.

  2. RODOLFO RAINERI disse:

    Parabéns Miguel.
    Concordo com o José Ricardo, seu diagnóstico acerca do novo programa da ABRAS foi direto ao ponto. Outro fato bem curioso esta certificação da ABRAS poderá trazer, além do já mencionado por você:
    -Teremos produtores trabalhando com um modelo de certificação e rastreabilidade brasileiro, Sisbov (embora baseado no sistema da UE), para atender ao mercado europeu, e;
    -Produtores trabalhando com um programa de certificação desenvolvido por uma empresa de origem europeia (SGS), para atender ao mercado brasileiro. Coisas do Brasil…
    Não conheço o programa da SGS, mas a maioria dos comentários, assim como o seu, menciona que é um modelo bem concebido, porém, de difícil execução. Como você disse, até o momento, o Brasil não tem conseguido sucesso na empreitada de tornar o Sisbov um programa de rastreabilidade que funcione. Entretanto, é muito possível sim, que consigamos chegar lá. Aliás, estamos muito próximos de encontrar o caminho, com os ajustes que se fazem necessários. Toda uma década de erros e acertos, com certeza, não foi em vão.
    Agora, a pergunta óbvia: Além da ABRAS não ter ouvido produtores e frigoríficos, porque simplesmente desprezou toda esta experiência na concepção do sisbov, de quase dez anos, repito, ao desenvolver um programa ainda mais abrangente e complexo de certificação?
    Imaginem só, Miguel e leitores, se os economistas que criaram o plano real tivessem tido o mesmo comportamento, a mesma auto-suficiência. O que seria hoje deste país?
    Abraços.
    Rodolfo Raineri.

  3. Paulo Cesar Bassan Goncalves disse:

    Parabéns pela visão panorâmica da questão. Gostaria de salientar que todos os processos de certificação e rastreabilidade devem ser qualitativos. Critérios qualitativos (sanidade e bem estar animal, meio ambiente e responsabilidade social) sempre foram as causas dos problemas da pecuária brasileira. O produtor não pode aceitar em hipótese alguma critérios meramente quantitativos. Somente informar quantos bois ele tem em terminação para serem comercializados nos próximos seis meses jamais deve ser divulgado aos outros elos da cadeia. Do jeito que anda o mercado esta atitude representa suicídio econômico.

  4. Felipe Pohl de Souza disse:

    Caro Miguel,

    Gostaria de colocar alguns pontos:

    1- A ABRAS fez o que os produtores e frigoríficos já deviam ter feito, pois há anos estamos às voltas com tentativas de criar um programa de certificação, que iniciou com as desastrosas certificadoras que deveriam implementar o programa de rastreabilidade, sendo que até hoje nem isso se resolveu.

    2- Uma pergunta, os programas da EMBRAPA e outros, levaram em conta os varejistas e consumidores?

    3- A certificação para ser séria tem que se feita por um terceiro, sem interesse na área, quando empresas interessadas em um setor se propõem a certificar, há uma tendência nociva no processo.

    4- Até onde sei a ABNT, até hoje não conseguiu criar as noras para pecuária, o que seria o primeiro passo, para a criação de um programa nacional de certificação de carne e propriedades.

    Isto posto, entendo que os produtores precisam ter mais preocupação com o produto final deixando de produzir boi e passando a produzir carne e assim assumir as responsabilidades com seus clientes os consumidores finais. E lamentavelmente quem vai conduzir este processo serão os varejistas, pois eles têm força, recursos e união, atributos que faltam na cadeia da carne bovina.

    Um Abraço,

    Felipe Pohl de Souza, MV, MsC
    Coordenador Técnico da APPCA

  5. Antonio Pereira Lima disse:

    Parabéns Miguel,vc foi realista e imparcial,muito boa a sua analise.

    Quando eu vejo falar que produtor,frigorífico e supermercado formam uma cadeia,eu tenho algumas dúvidas,porque eu acho que em uma cadeia todos tem os mesmos direitos e as mesmas obrigações,e nós da cadeia produtiva,aí sim existe uma cadeia,temos algumas obrigações que a outra parte desta suposta cadeia não tem,por exemplo:

    _Nas propriedades rurais as casas dos funcionários além da agua encanada,banheiro,luz,telhado sem goteira etc etc…tem que ser compatível com a familia,isto tudo sem nenhum custo para o funcionário,tudo as custas da empresa,enquanto na cidade a maioria mora em favela sem nenhuma condição e nenhuma preocupação do dono do frigorífico e muito menos do dono do supermercado,será isto um trabalho escravo?

    -Quando na fazenda precisamos de alguns funcionários que moram na cidade,temos que providenciar condução com segurança ,onde todos estejam sentados confortavelmente na ida e na volta sob pena de multa,enquanto na cidade,e quanto maior a cidade pior,funcionários começam o dia as 4 da manhã,e pegam onibus completamente lotados,a maioria de pé,e voltam prá casa nas mesmas condições,e quando o transito tem problema,o que é normal,chegam em casa a meia noite para jantar,sem nenhuma pena ao dono do frigorífico e nem do supermercado,será isto um trabalho escravo?

    -Nós produtores temos que manter uma certa lotação na fazenda ou plantar uma lavoura,para cumprir a tão falada função social,mesmo sabendo que vamos perder dinheiro,e não temos que reclamar pois neste caso a legislação é muito bondosa e ainda nos dá opção,ou vc perde dinheiro ou perde a terra,os outros colegas desta cadeia,só para lembrar,supermercados e frigoríficos não precisam se preocupar com estes,que para eles são pequenos detalhes,carísimos detalhes para nós.

    -Hoje todos condenam os produtores,pelo aquecimento global,pelo desmatamento,pelo arroto do boi etc etc e ninguém culpa o americano que polui cada vez mais com suas termoelétricas a carvão,com seus carros cada vez mais possante,tanto que eles brincam que os nossos 1.0 ~parecem carros de boneca,será que estão aproveitando da nossa fraqueza para colocar toda esta culpa,porque sabem que não teremos coragem de virar a mesa por falta de condições e por falta de união?

    -Agora com este novo parceiro nesta cadeia,que não produz nem consome mas é o que mais manda,o Greenpeace,a coisa fica pior ou melhor mais desigual,pois estamos recebendo ordem de quem não existe e que não tem compromisso nenhum com resultados,tanto que são contra boi,desmatamento,poluição e usam celular,aviões,carros,moram em casas construidas com areias,que formaram erosões,tijolos,cimento e madeira,criticam tudo e não fazem absoluta
    mente nada.

    -Eprá terminar quero lembrar que supermercado só faz propagande de menor preço,nunca do produto,tanto que os produtos que trazem a sua marca são os mais baratos e de pior qualidade.

    Portanto não consigo ver esta parceria com bons olhos.

    Para terminar gostaria de saber porque os supermercados não fazem com a carne da mesma forma que fizeram com os hortfruti orgânicos,dando a opção ao consumidor e cobrando até 300% mais caro,sem tirar das gondolas os tratados com produtos quimicos, que são mais consumidos inclusive pelos naturalistas, sem polêmica e sem condenar os grandes produtores tradicionais de hortaliças,que na verdade são êles que abastecem o país.Vamos pensar com mais carinho no assunto,o que está por traz disto tudo?onde querem chegar?eu acho que nós a principio devemos dizer não.Meu pai sempre falava,na dúvida diga não,que vc continua tendo a possibilidade de ir para o sim,porque quem concorda sem pensar e depois discorda “mijô na arvinha”,e se tem uma coisa que mexe com a gente é ser chamado de covarde.

    Um abraço

  6. mauro terracini disse:

    Parabebns pelo artigo.É uma pena que até agora o certificado não é premiado mas sim usado para reduzir o preço de quem não tem ,transformando-se apenas em mais um fator de pressão dos grandes frigorificos

  7. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Caro Miguel,

    Cada vez mais percebo que a cadeia valoriza mais do que deveria o protocolo (regras) em si.

    Como se o protocolo velho fosse o responsável por todas as dificuldades na implantação do processo de rastreabilidade e certificação na pecuária e o novo protocolo fosse a solução mágica de todos os problemas.

    E o pior é que realmente os protocolos todos se parecem muito e quando algum sai muito do padrão e realmente simplifica significativamente a operação acaba não entregando as garantias que o comprador exige e não serve para muita coisa.

    A verdade é que a implantação de um programa como este não é fácil e exige muito esforço de todos os envolvidos.

    Deveríamos ter concentrado mais nossas energias em treinamento e qualificação da mão-de-obra envolvida, na definição de procedimentos e redação de manuais claros e didáticos, no desenvolvimento de softwares que auxiliem os pecuáristas e frigoríficos na sua tarefa, na melhora da qualidade dos identificadores utilizados, que não cumprem com o estipulado na norma, etc em vez de perder tanto tempo apenas com a norma.

    Com isto não quero disser que a norma vigente não seja culpada por algumas dificuldades desnecessárias.

    Se ajustarmos alguns pontos da norma vigente, como, por exemplo, simplificar os procedimentos de re-identificação previstos, melhoraríamos muito a vida de todos os envolvidos.

    Se o animal perder um dos identificadores bastaria ao meu ver permitir a substituição na hora em detectado o problema do identificador que sobrou por um novo par de identificadores amarrando o código de identificação velho com o código novo, mantendo o histórico do animal e eliminando a necessidade de re-confecção de brinco laranja. A TI deveria estar ai para ajudar e não dificultar a operação.

    Se o setor vai ajustar a norma vigente ou escrever outra é muitas vezes uma questão mais política do que técnica, mas certamente não deveríamos desprezar todo o aprendizado feito a duras penas.

    O preço por ignorar o aprendizado destes 7 anos de SISBOV é ver simultaneamente um esforço de simplificação da norma oficial por um lado e a criação de uma nova norma privada mais exigente pelo outro.

    E o produtor cada vez mais perdido nesta história toda.

  8. Péricles Pessoa Salazar disse:

    Caro Miguel

    Brilhante a sua análise. Resume tudo o que pensam os produtores e frigoríficos. Assinamos ontem na CNA, em Brasília, um ofício assinado pelas entidades dos produtores e das indústrias, manifestando a nossa posição contrária ao programa de certificação da ABRAS, concebido sem consultas aos demais elos da cadeia e cujos custos pretendem que a nós sejam imputados, mantidas, evidentemente, as suas margens estratosféricas de lucros.

    Este tema, porém, tem um viés positivo : conseguiu reunir produtores e indústrias em defesa dos seus interesses comuns, provando que quando se quer e se tem disposição, pode-se perfeitamente convergir. Entendo que este fato abriu a possibilidade das entidades que representam os produtores e as indústrias iniciarem um processo de convergência significativamente importante, quando se tratar de enfentar os obstáculos que emperram e dificultam o desenvolvimento das nossas atividades.

  9. BELCHIOR CRISTINO DE SOUZA disse:

    Caro antonio pereira lima e colegas que pensem igual a gente.

    concordo plenamente com voces, mas nao vejo saida, nos aceitamos tudo, é eles que poe o preço nos insumos, vacinas, no salario do funcionario, como vai ser a casa, o transporte ate o banheiro. e quando vamos vender o produto é eles que coloquem o preço.
    mas nao satisfeito somos culpados pelo co2 que os americanos, china,etc. emitem na atmosfera, ah, nao posso esquecer somos culpados tambem pelas enchentes, furacoes, desmatamento, etc. nao da para entender comem a nossa carne, calça e veste e ate o cachorro brinca com osso artificial feito com o nosso couro, e somos culpados por tudo.

    eu vejo uma saida, deixamos por seis meses ou um ano, sem vender uma so cabeça de gado e nenhuma tonelada de graos, vamos ver o que acontece.

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