Foi inaugurada na noite de ontem, 23 de novembro, a primeira loja da rede de fast food americana Burguer King no Brasil. O evento ocorreu na cidade de São Paulo, na praça de alimentação do Shopping Center Ibirapuera. Para este ano estão previstas mais duas inaugurações, uma no Shopping Metrô Tatuapé e outra no Shopping Interlagos, todas na capital do Estado de São Paulo. Em um prazo de cinco anos, está prevista a instalação de 50 unidades, todas dentro do Estado.
A rede é a segunda maior do mundo no setor, ficando atrás apenas da gigante McDonald’s. Até o ano fiscal encerrado em junho de 2004, as mais de 11.000 lojas pertencentes ao sistema Burguer King Corporation, geraram faturamento de 11,1 bilhões de dólares.
A rede está sendo trazida para o Brasil por um consórcio de 11 investidores, liderados por Luiz Eduardo Batalha, titular da Chalet Agropecuária. Os investidores criaram a empresa BGK do Brasil, que será detentora da franquia do Burguer King dentro do Estado de São Paulo. Batalha é o sócio majoritário e presidente da empresa. Os outros participantes possuem cotas que variam em participação. A BGK do Brasil é denominada franqueada master, possui total exclusividade sobre o negócio, portanto, as cinqüenta lojas a serem implantadas serão exploradas apenas pelos 11 sócios.
Por enquanto, toda a carne que irá suprir as novas lojas está sendo importada dos Estados Unidos, Argentina e Paraguai, pois a carne nacional ainda não foi certificada sob as especificações do Burguer King.
A visão do grupo de investidores vai bem mais adiante que a instalação da rede de fast food no Brasil. Toda a carne bovina fornecida ao Burguer King deverá possuir sangue Angus, e esta obrigatoriedade abre um enorme leque de oportunidades comerciais. Entre os 11 sócios, 6 são pecuaristas e selecionam a raça no Brasil. Com isso, mais uma empresa foi formada, a PHB (Produtores de Hambúrgueres do Brasil). Batalha é também o sócio majoritário da empresa que irá produzir e distribuir hambúrgueres. “Fiz questão que todos os donos da franquia sejam os mesmos donos da indústria de hambúrguer. Vai chegar uma hora em que outros negócios vão surgir, e para evitar divergências, todos devem estar no mesmo grupo”, explica Batalha. “Só mudamos um pouco a parte acionaria, José Carlos Bumlai, por exemplo, passa a ter um pouco mais de participação na PHB. Ele é um pecuarista de peso e nós vamos precisar muito da ajuda dele” diz o dono da Chalet Agropecuária.
O locutor e também selecionador de Angus, Galvão Bueno, um dos 11 integrantes da BGK do Brasil explica as intenções da empresa. “Formamos está empresa para tocar um projeto, que é um projeto grande. Um deles é o Burguer King, que é uma perna que vai desaguar em outros projetos. Vamos selecionar Angus, aproveitar uma parte para a produção de hambúrguer e outra parte para a venda de cortes nobres. Está tudo entremeado”, relata o locutor.
A PHB comprou um imóvel na grande São Paulo e está importando equipamentos de ponta para a produção dos hambúrgueres. A idéia é transformar os cortes de dianteiro em hambúrguer e distribuir para todo o Brasil e toda a cadeia do Burguer King ao redor do mundo. “Tenho um pré-contrato, uma carta de intenções da Burguer King Corporation, que garante a compra de todos os nossos hambúrgueres produzidos com a carne Angus. Estamos sendo orientados por eles, que fazem questão de uma carne meio sangue Angus. Com o número de vacas Nelore que nós temos no Brasil, e só fazer uma inseminação ou cobrir com touros que num instante temos um volume de gado muito interessante para o nosso negócio”, explica Batalha.
A PHB deve começar suas operações por volta de maio de 2005. Serão transformados em hambúrguer dianteiros provenientes de 250 animais abatidos por dia. Para atender mercados internacionais que não aceitam a carne in natura brasileira, Batalha vislumbra soluções. “Já estamos pensando em um forno para fazer um pré-cozimento do hambúrguer, com a carne pré-cozida poderemos entrar em todos os mercados do mundo”, argumenta.
Os negócios não acabam por aí. O programa Red Beef Conection, idealizado por Batalha, que visava colocar no mercado uma carne diferenciada, acabou não decolando no passado. A explicação do pecuarista é a que a dificuldade de colocação do dianteiro no mercado inviabilizava o processo. Agora, com a facilidade de escoamento, a rota deve mudar. “Agora nós compramos e vendemos para o frigorífico. Ele nos paga um plus pelos nossos cortes traseiros e nós pagamos um ágio para o frigorífico que nos entregar um dianteiro com as nossas especificações. O programa Red Beef Conection está voltando”, finaliza Batalha.
Fonte: Equipe BeefPoint