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Quais são as causas do sabor e odor indesejáveis na carne bovina? Veja os pontos mais importantes entre mais de 100 comentários!

Em outubro/2010, publicamos no BeefPoint  um post com um tweet do professor Pedro Eduardo de Felício (FEA-UNICAMP) sobre gosto e cheiro de “fígado” em carne bovina. O post teve mais de 70 comentários entre consumidores, profissionais do setor e especialistas em carne bovina. No início deste ano, publicamos mais um recente comentário (jan/13) de uma consumidora insatisfeita por querer e não encontrar uma boa carne. Este novo post mostrou, com mais diversos comentários recebidos, que a insatisfação de muitos consumidores continua ocorrendo.

O objetivo deste artigo é fazer uma revisão de todos comentários deixados nos posts relacionados ao tema de sabor e cheiro indesejáveis na carne bovina e identificar sua principal possível causa.

Veja o tweet do P. E. de Felício que incentivou a discussão em 2012, e em seguida o depoimento deixado pela consumidora insatisfeita (jan/13) após ler toda a discussão que revisaremos:

Pedro E. de Felício:

Perdi um filé a vácuo de um frigorífico de Goianira/GO, com odor e sabor de fígado. Desconfiado, testei um bifinho e desisti de assar para o almoço. É coisa muito séria, e ocorre com maior frequência no 2º semestre do ano. Congelei o filé para demonstrar a quem quiser conhecer.

Produtores de carne precisam agir rápido via rastreabilidade para descobrir o que está causando o sabor indesejável ou vão perder mercado”.

Principais causas citadas para o sabor e odor indesejáveis

Consumidora:

“Caroço de algodão, confinamento, cadeia de frio… Já resolvi o problema. Sem carnes vermelhas. Ovo, frango, verduras e legumes como mistura. Aqui na cidade do Guarujá existem mais ou menos 20 grandes supermercados: Extra, Carrefour, Dia, Rede Litoral, entre outros.

Todos eles vendem carne bovina de sabor péssimo! Já joguei muita carne no lixo (a R$ 25,00 o quilo). Antes de chegar a decisão de não mais ingerir carne vermelha, percorria quilômetros em distância para tentar encontrar alguma que fosse consumível porém meus esforços eram em vão. Custasse o preço que custasse. Amigos, por favor, se alguém aí souber de alguma marca de carne que valha a pena me informe.

Ainda sinto falta de carne vermelha! Obrigada”.

Paulo Loureiro concordou com Felício quanto à época de maior quantidade de casos como este, o segundo semestre:

Provei carnes assim em vários Estados, mas há prevalência da ocorrência de carnes oriundas de “Estados confinadores” (Goiás é um deles). Não tenho dúvida quanto à isso. Nunca senti tal gosto em carne de bovino terminado à pasto.

Para evitar o problema, temos de ter cuidado com a ração fornecida, cuidar da proporção adequada de certos ingredientes contidos na dieta. Há séria influência no paladar, principalmente quando usa-se caroço de algodão. Parece implicância, mas para mim é um fato. Entendo que há outros insumos que podem dar gosto desagradável na carne, mas precisamos estudar melhor o assunto…

O confinamento é uma boa técnica e entendo que deve aumentar muito nos próximos anos, mas para fazer carne bovina de bom paladar temos de ter cuidado. O sabor do churrasco brasileiro é bem conhecido de todos nós e se não é o mais macio do mundo, é sem dúvida um dos mais saborosos. Para não perder este apelo, vamos estudar mais o assunto e atentar para o que fornecemos aos nossos bois, novilhos e novilhas confinados.

Bom churrasco à todos“.

Principais causas citadas para o sabor e odor indesejáveis

Nutrição animal

Além do caroço de algodão citado como uma das causas para a alteração das características da carne, recebemos comentários também sobre outros grãos e concentração total de óleo na dieta. Flavio Ricardo Antunes Callovy, do Rio Grande do Sul, contou que também viu relatos de carne com problemas de cheiro e sabor em animais confinados, porém,  com milho inteiro. Inclusive, o proprietário do açougue era o mesmo dono do confinamento e precisou parar o abate dos animais devido à reclamações dos clientes.

José da Rocha Cavalcanti, pecuarista e criador de Nelore a pasto, complementou a discussão, citando o artigo publicado em 2009 no BeefPoint: Especialistas discutem alterações de sabor na carne. Na ocasião, especialistas responderam à uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo sobre um leitor que reclamava sobre sabor alterado da carne bovina. Dante Pazzanesse Duarte Lanna, diretor técnico da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), enviou uma carta ao jornal respondendo ao leitor. Ele explicou que em experimentos científicos o sabor da carne foi alterado somente com utilização de 34% de caroço de algodão (matéria seca) na dieta.

Como possível causa da insatifação do leitor do jornal, Lanna disse que “dentre as possíveis especulações para o sabor estranho, estaria o fato de que churrascarias rotineiramente se abastecem de carne antes da entressafra, em junho/julho, antecipando altas de preços. Desta forma, de setembro a novembro, a carne servida está muitas vezes no limite do seu prazo de validade, causando problemas de sabor. Donos de churrascarias sugerem que o problema ocorre de forma mais intensa nos cortes maturados, preparados bem passados e principalmente em carne próxima do vencimento“.

O prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado, pesquisador da área de produção de carne bovina da Universidade Estadual de Maringá, citou outros fatores causadores do odor de fígado na carne bovina:

1. Bovinos terminados em confinamento por um período muito longo (150 dias) e com alta com alta densidade de proteína (14% ou mais);

2. Uso de produtos a base de caroço integral de algodão (níveis superiores a 2 kg ao dia). Como a carne é oriunda do centro oeste, esta poderá ser um dos fatores responsáveis;

3. Elevado utilização de ureia na ração. A ureia torna-se amônia no rúmen, passa para a corrente saguínea e é reciclada pelo fígado, onde permance um resíduo considerável. Nesta época do ano utiliza-se grande quantidade de sal proteina (rico em ureia) e esta também poderia ser uma das causas.

Eduardo Piccoli Machado contou sua experiência com uma picanha uruguaia do Marfrig-Tacarembó e achou estranho, pois na região não existe confinamento, e somente pastagens. “Senti o mesmo gosto e foi impossível comer. Como nesta região do Uruguai não existem confinamentos, mas muitas pastagens de azevém, imagino que o problema se dê no abate, mais precisamente na sangria da rês. É uma opinião“.

Outro leitor e confinador, Aluisio Ferreira de Goiás, disse que nunca teve problemas com execesso de gordura final em carcaças e mesmo problemas com frigorificos. O que deve ser avaliado, segundo ele, é a quantidade de extrato etéreo na Matéria Sseca (MS) da dieta final, tendo que ser no máximo de 12 a 15% no final de confinamento para finalização de carcaça. “Para tudo prevalecemos as medidas de relação PB:CHO EFETIVOS, visando a não complicações de distúrbios gástricos entre eles: acidoses ruminais. Execesso de Caroço de Algodão causará a baixa digestibilidade ruminal, diminuindo a taxa de passagem por excesso de caroço, na grande maioria das vezes isto é visto como um fator limitante para as dietas. Mas caroço de algodão com níveis de NNP e algum Carboidrato Solúvel é a peça fundamental para uma dieta basica para animais em terminação”.

Otávio R. Machado Neto (UFMG) realizou em experimento de doutorado a avaliação da oxidação lipídica da carne de bovinos alimentados com grãos de soja ou caroço de algodão (24% da MS dietética). Foi verificado que a carne de bovinos alimentados com soja apresentou maiores concentrações de malonaldeido após 42 dias de maturação que a carne de bovinos alimentados com caroço de algodão. “Como já foi falado neste fórum, o problema pode acontecer com qualquer fonte de gordura insaturada”.

Em diversos comentários tivemos citações de concentrações tanto de caroço de algodão quanto de extrato etéreo. Guilherme Safatle Passos disse que trabalha “com níveis de 15% (eventualmente 20%) de caroço da MS objetivando reduzir ao mínimo o consumo. Em todas as fazendas existem abates de animais para consumo interno e nunca foram detectadas alterações sensoriais”.

Para José Francisco R. Guedes, caso a concentração de extrato etéreo esteja acima de 5%, basta utilizar algum antioxidante na dieta, que o “gosto ruim desaparece!!”. Alessander R. Vieira comentou que utiliza a referência de no máximo 6% de óleo na dieta, o que corresponde até 20% na MS de caroço de algodão. Ele cita também um trabalho de Millen et al. (2009), no qual a recomendação no Brasil tem uma variação de 5 a 27,5% de caroço na MS da dieta.

Edward Zackm já trabalhou até um limite de 21,5% de inclusão de caroço de algodão (MS) em dietas de confinamento, “sem alterações na carne que fossem informadas“. Edward chama a atenção também para o limite de óleo total, por causa da inclusão de sub-produtos da soja.

Tivemos uma única citação da cama de frango: segundo Gilberto Bin Júnior, a cama de frango como alimento causa a alteração das características da carne bovina. “Hoje proibida por lei, quando utilizada na alimentação animal era um dos subprodutos que mais causava odores desagradáveis na carne bovina”.

Embalagem e transporte

O professor Pedro Eduardo de Felício retornou à discussão e explicou com mais detalhes como estava a carne que comentou no Twitter. Esclarecendo, “a carne tinha data de embalagem de 30 dias, embalagem perfeita, aspecto muito atraente, peça graúda; uma vez aberta a embalagem o filé tinha excelente aspecto, muito bem trabalhado, nenhuma aponevrose ou gordura a ser retirada, sem qualquer alteração decorrente de má conservação. Separei primeiro o cordão (músculo psoas minor), depois a cabeça (m. iliacus) e aí percebi um odor de óleo que nunca tinha sentido na carne crua, cortei então umas 50 g e coloquei numa frigideira não aderente sem óleo.

Assim, peço que eliminem qualquer possibilidade de alteração decorrente de má conservação, quebra de cadeia de frio, inclusive porque o supermercado Dalben de Barão Geraldo, onde adquiri vende muita carne e faz um trabalho profissional“.

Pascoal Vicente dos Reis contrariou o comentário de Felício sobre a eliminação da má conservação como causa. Citou outro caso vivido por ele no Paraná em uma cooperativa de produtores, comercializando carne de novilhos precoce e super-precoce. Houve reclamações de clientes por carne com cheiro de “fígado”, e ao investigar o processo produtivo dos cooperados, o problema acontecia em praticamente todas as boiadas, com dietas diversas.

Passaram então a analisar o processamento da carne, e encontrou-se o problema no transporte de entrega da carne. A temperatura do caminhão não era estável, e a carne chegava ao ponto de venda em temperatura acima do ideal. A cooperativa comprou seu caminhão próprio, e controlando as condições entrega as reclamações terminaram.

Jejum pré-abate

Outra causa citada na discussão foi colocada por João Ricardo Alves Pereira: o período de jejum pré-abate. Comentou que com dieta de silagem de milho, milho moído, farelo de soja e minerais a carne de alguns animais apresentavam o gosto de “fígado”. Disse que realizou análises laboratoriais (nada foi encontrado) e que controlava todo o processo de abate e processamento da carne.

Após seguir pesquisando, verificou que “a incidência do gosto de “figado” ocorria em alguns animais de lotes onde o período de jejum foi o mínimo possível. A embalagem a vácuo ‘preservava’ esse gosto na carne. Em cortes resfriados sem vácuo isso era bem menos intenso e às vezes pouco perceptível. Sugiro que considerem o período de jejum pré abate. O “gosto de fígado” não seria a presença de metabólitos na carne (corrente sanguine)”?

 Stress pré-abate

Ângela Marques B. de Oliveira chamou a atenção ainda para o stress pré-abate dos animais (o que altera a qualidade da carne) além de fatores já citados como o condicionamento do produto após o abate e a nutrição dos animais.

Marcos Chiquitelli Neto explicou de forma mais completa a importância do manejo pré-abate para garantir a qualidade da carne. “O manejo inadequado do gado pode fazer com que o glicogênio hepático e muscular sejam utilizados no período pré abate. Este açúcar é um dos principais componentes de reserva energética dos ruminantes e que, se ausente após a morte do animal, faz com que a carcaça não alcance o pH adequado para sua conservação natural.

Outro fator ligado ao manejo pré abate são os hematomas, os quais não causam apenas a hemorragia (derramamento de sangue que provoca o sabor de fígado) no ponto de impacto e sim, dependendo do grau da lesão, pode acometer uma área de até 30 cm de raio em torno do local atingido, com derramamento de sangue no músculo em questão“.

Sangria

Eduardo Piccolo Machado descarta a nutrição como causa para alterações no sabor e odor da carne. Ele explica que no Uruguai não há caroço de algodão e o alto preço do milho inviabiliza o confinamento, sendo que ele já vivenciou este tipo de problema com ovinos no país, quando o problema foi a sangria incompleta. Portanto, Eduardo questiona se não seria possível esta ser a mesma causa para bovinos.

Paulo Loureiro discordou de Eduardo Piccoli, dizendo que “a princípio entendo que a questão é alimentar, mas acho muito pertinente a colocação sobre tempo de sangria. Monitorando projeto de carne especial (com grife) analisamos mais de 7000 abates em condições de alimentação (em confinamento), jejum, tempo de sangria e NUNCA tivemos problemas ou queixas de “gosto” de fígado na carne. Nem problema de odor”.

Músculos específicos

Eduardo Piccolo Machado, leitor que descartou a nutrição como causa dos problemas de sabor e cheiro com a carne (devido às condições de produção uruguaias), consultou um amigo uruguaio (Dr. Jorge Alves Suarez, que trabalho no INAC com controle de qualidade) para buscar mais informações.

Dr. Jorge respondeu que  nunca soube de alteração de sabor na picanha, e que o fato é mais comum no corte miolo da alcatra (corazón de cuadril) preparado em churrasco, além de outros cortes suscetíveis. Suarez argumentou que o gosto de “fígado” não está relacionado à nutrição ou à sangria, “es propio de algunos músculos“.

Processamento

Além da nutrição do animal, Willy de Rezende Tammerik chamou a atenção para o manuseio da carne: devemos ter muita cautela em falar na qualidade e alteração de sabor. Precisamos saber como foi transportada, guardada no freezer, na geladeira, por quanto tempo, se foi congelada etc… Tudo isso também influencia no sabor da carne.

Renato Galindo também acredita que acusar somente a nutrição dos animais como causa única das alterações de sabor não é o correto. “Um dos graves problemas na alteração de sabor, pode ser atribuido à quebra de cadeia de frio das carnes resfriadas embaladas à vácuo. A variação de temperatura causa liberação de líquido pela carne dentro da embalagem, alterando sua palatabilidade. É preciso um trabalho de conscientização e capacitação de funcionários responsáveis pelo acondicionamento e exposição da carne ao consumidor final“.

José Klaus Rocha concordou com Galindo, e acrescentou “que toda carne resfriada sofre um processo de maturação mesmo acondicionada em temperatura de -5 a +5, pois as enzimas continuam ativas. Quando passa do ponto de maturação, o PH da carne se acidifica e confere o gosto de fígado na carne“.

Adão Ramos dos Santos, que trabalha em frigorífico por quase 30 anos, deixou um comentário dizendo carnes com sabor e odor de “fígado” “ocorrem geralmente em produtos oriundos de reprocesso, principalmente quando há o descongelamento e são congelados novamente“.
Luis Otávio Pereira Lima (Agro Maripá, Juara-MT) teve problemas com o sabor de carne quando comprou pela primeira vez embalada à vácuo diretamente do frigorífico (JBS de Juara). “A carne para todos colaboradores da fazenda tinha um gosto de carne de caça, muito forte… fiquei preocupado com a explicação do JBS, onde sou fornecedor. A explicação foi um procedimento para abrir uma embalagem à vácuo. Eles explicaram que ao desembalar, a carne deve tomar um “ar” e ficar exposta para eliminar os tais odores. Bom, se este for o procedimento correto ou não, a questão está no esclarecimento ao consumidor sobre o tal “procedimento” afinal, estamos falando de “carne”, alimento nobre, nutritivo e que faz muito bem á saúde do ser humano“.

O professor Pedro E. de Felício respondeu ao Luis Otávio, dizendo que claramente a carne em questão foi produzida a pasto na região de Juara-MT e que a insatisfação se deu por causa da maturação da carne, ocorrida no frigorífico ou até mesmo enquanto estava armazenada na fazenda. Não constou da mensagem se esse lote foi congelado e descongelado para consumo conforme as necessidades. Ainda, o professor explicou que ao abrir a embalagem, é natural o odor diferenciado, porém não a alteração de sabor. Então a explicação do frigorífico estaria se justificaria.

Florivaldo A Leal contribuiu com seu conhecimento ganho após trabalhar no ramo frigorífico há 40 anos:

Toda carne embalada a vacuo tem como objetivo a maturação, com o objetivo de maior proteção e amaciamento. Para isso dependemos de que todo o processo seja rigorosamente respeitado, ou seja, quando a carne é desossada, ela já deve estar a uma temperatura aproximada a 7 graus. A seguuir essa carne deve seguir para câmaras de maturação onde deverão permanecer por 15 ou 20 dias a uma temperatura entre 2 graus negativos e 2 positivos.

Após esse período o correto seria essa carne seguir para congelamento para depois seguir para o comércio. Ocorre que quando for seguir resfriada, não existe esse prazo de maturação portanto deve-se respeitar tanto a temperatura quanto o seu prazo de validade. Sempre que uma dessas fases ou temperaturas não são respeitadas, começam os problemas de qualidade. Vários frigoríficos têm problemas de estrutura fisica (falta de câmaras de resfriamento), como também não se incomodam muito com a qualidade, deixando de cumprir principalmente com relação a temperatura, pois para atingir os níveis ideais levaria mais tempo e isso atrasa a comercialização, onerando o produto.

Como consumidor o meu conselho é que nunca compre uma carne cuja embalagem a vácuo esteja com ar  (isso acelera e muito a putrefação), e outra dica é que sempre que retirar a carne da embalagem lave bem a mesma em água corrente, deixe-a descansar por uns 15 a 20 minutos e você notará que ela voltará a cor natural. Isso não serve para carnes já cortadas em bifes. Compre sempre peças inteiras, caso contrário procure comprar carnes frescas. Espero ter ajudado um pouco, mas creiam que quando o processo é correto esse problema não existe.

Armazenamento e ponto de venda

Em outros diversos comentários foi levantada a questão das condições de manuseio das carne nos pontos de venda, principalmente em supermercados. Ricardo Morimoto dá algumas dicas para evitar a compra de carne alterada, como em lojas com alto giro de venda, verificar a data das ambalagem e quantidade de líquido dentro da embalagem. Pois quanto maior a variação de temperatura, maior será a exsudação prejudicando seu sabor.

O gaúcho  João Vitorino Zardin também chama a atenção para a cadeia de vendas. A carne pode até ter boa procedência, “mas no quesito armazenamento e distribuição a carne perde muito a qualidade, quanddo chega no consumidor final já esta deteriorada”. Maximo M. Miniello toca na conservação da temperatura das gôndolas e manuseio pelos consumidores, aumentnado as chances de danificar a embalagem: a respeito da conservação da carne nos estabelecimentos vare jistas, a carne fica exposta o dia todo em ilhas que não oferecem temperatura ideal para conservação As peças são tocadas a toda hora pelo consumidor, como tomate de feira, aumentando a perda de vácuo. O consumidor adquire um produto ja deteriorado e o leva pra casa sabe lá em que condições e quando vai usar, pronto, abre o vácuo e não aguenta o cheiro, isto é quebra de cadeia de frio, este é um problema grave.

Desta forma, vemos que esta questão de alteração das características da carne bovina ainda não está controlada. Existem diversas hipóteses, e provavelmente a causa seja multi-fatorial devido à extensão da cadeia produtiva, de processamento, de transporte, manuseio, venda e preparo.

Certamente é um ponto importantíssimo para ser estudado, resolvido e eliminar o pré-conceito já formado em muitos consumidores de que o consumo prazeroso de carne bovina não é confiável.

Muito obrigado a você que compartilha sua opinião e conhecimento para melhorarmos a pecuária de corte nacional.

Os posts dos quais os comentários forem revisados são estes:

Carne com odor e sabor de fígado? Qual é o problema?

Para refletirmos sobre nossa pecuária de corte – participe do debate com mais de 30 comentários

Cristiane Rabaioli, diretora da Celeiro, fala sobre caroço de algodão e marcas de carne com garantia de qualidade

Caroço de algodão e reclamações sobre qualidade da carne – qual o limite?

Especialistas discutem alterações de sabor na carne

22 Comments

  1. Francisco Neto disse:

    Concordo com João Vitorino, o problema principal está no armazenamento e distribuição da carne.

  2. LAERCIO VALENTE FIGUEREDO disse:

    Bom dia. A carne bovina, quanto a qualidade final, é uma somatoria de procedimentos em setores; desde o transporte do animal, abate, resfriamento, desossa, embalagem, armazenagem, transporte da carne e condição de estocagem final (consumidor), por isso é complexo, pois cada setor tem participação importante para se conseguir uma boa qualidade. Quanto a textura, cobertura de gordura, maciez da carne, é somatoria de procedimentos no campo, a partir da raça do animal, alimentação e manuseio até a engorda, pois muitos produtores se preocupam com produtividade de peso da carcaça, e não se importam com a qualidade em sabor, maciez e gordura, o exemplo mais clássico, é o boi inteiro sem cobertura, pois tem (270 a 300kg) de carcaça, está pronto para o abate e não pode ser assim, mas na realidade é isso que acontece. Dai a dificuldade do processo na industria, pois não teremos aproveitamentos desejaveis em cortes como alcatra, picanha, coxão mole e contra-filé com cobertura de gordura, maciez etc.

  3. adriano idival disse:

    bom dia todos os experimentos sao validos mas fizemos uma festa ano passado e foram servidos variso quiilos de carne e nesse dia quando assavamos uma carne com cheiro de figados na hora vc percebia ou seja carne manuseada da mesma forma animais abatidos no mesmo dia oriundos do mesmo frigorifico com gosto e cheiro diferentes ou seja nao a dúvida que e a alimentaçao abraço

  4. Rodrigo Swain disse:

    Com tantos detalhes para se obter uma carne de qualidade, dentro da produção (dieta , stress, raça etc…), e depois do abate (transporte, resfriamento, exposição , preparo etc…), cada detalhe é muito importante, mas o mau cheiro e cor indesejável a culpa é dos varejistas. Tenho uma pessoa próxima, q já trabalhou em uma rede grande de supermercados, na área de segurança alimentar, acontece cada coisa de indignar qualquer consumidor. Nas internas não são poucas as vezes de tirarem pedaços podres de carnes e embalarem novamente, um absurdo!

  5. Marcus Buso disse:

    Ótima matéria!!!

  6. Andre Ricardo disse:

    Chama-se olho grande…. O produtor quer reduzir os custos e não liga para a qualidade. Mas talvez ele não saiba. Mas o consumidor já não é mais tão bobo. Eu por exemplo só compro carne de frigoríficos do Sul de pref. RS e procuro trocar a carne de gado por ovelha precoce. Uma carne leve e de fácil digestão.
    Abra o olho Sr. produtor de carne!!!

  7. Antonio Torres disse:

    Estas características são frequentes em produtos de frigoríficos confinadores.
    Este evento tem prejudicado o consumo de carne no mercado interno.

  8. Elpídio Marcolin disse:

    Aquí em nossa região, sudoeste de MT, só temos carne do JBS (só confinamentos), a solução que encontramos para fugir da carne ruim de confinamentos foi retroceder no tempo e comprar carne do FRIGOMATO, podemos correr risco de doenças mas pelo menos a carne tem gosto bom…

  9. Wanderlei Michels disse:

    Ja tive criação de animais, sem caroço de algodão na dieta, somente pasto e cilagem de milho, e para nossa surpresa tinha o tal gosto de “fígado”, pra mim este gosto é proveniente do sal com muita uréia, pois foi citado isto em algum comentário passado, deveria ter uma rigorosa fiscalização nestes insumos, pois colocam o que bem entendem, e ninguém sabe o que exatamente está sendo dado para o gado.

  10. Romão Miranda Vidal disse:

    Transporte inadequado. Choque elétrico. Estresse pré-embarque. Deficit hidrico durante o transporte e espera para o abate.Condições climáticas adversas entre o local de embarque (fazenda), trajeto e curral de espera. Alimentação pré-embarque, do tipo “reforço alimentar”, com aumento de níveis proteícos e energéticos. Uso de aceleradores de engorda. Uso excessivo de sais proteínados. Possíveis reações coletivas a produtos medicamentosos ou profiláticos. Uso continuado de farelo de algodão onde os níveis de Golssipol Livre se faz presente, poderá (pretérito futuro), causar a fragilidade dos eritrócitos (glóbulos vermelhos do sangue, responsáveis pelo transporte de oxigênio), que provavelmente interfirá no sabor da carne. Em relação ainda ao uso de farelo de torta de algodão, ao atingirem 35-40 dias, estabelizam o fator tóxico.Seria interessante pesquisar a ação do polifenólico de cor amarela, presente nas glândulas de pigmentos da semente de algodão.Em relação ao sabor alterado da carne de bovinos, criados à pasto – azevem – há de se considerar que em nada altera o sabor da carne,mesmo por que, na região sul do Paraná, no período de inverno, os bovinos para o corte, lhes é ofertada este tipo de pastagem. Outro detalhe em relação a sangria inadequada, este é um expediente “sombra” que os frigoríficos lançam mão, para aumentar o peso final da peça a ser embalada à vácuo.A armazenagem pós abate representa um fator ponderal consideravel. Os supermercados para economizar energia elétrica desligam o sistema de frio e as alterações continuadas de temperaturas, interferem no sabor final da peça. Falar desta ou daquela raça em relação ao sabor é um tanto duvidoso. Seria interessante ainda,analisar a origem da água fornecida aos bovinos.
    Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.

  11. Alessandra Polastrini disse:

    Mas afinal, qual a hipótese mais provável desse gosto desagradável da carne? a ciência tem alguma resposta mais evidente do que é certo ou errado?

  12. Odimar Carneiro disse:

    Que bom! Mais uma reportagem técnica e com pareceres democráticos de várias pessoas e também opiniões práticas, que também valem muito e contam pontos no final das avaliaçôes nos sabores da carne. Temos é que pesquisar mais e nem sempre culpar quem produz a altos custos e às vezes até com pouca rentabilidade! Continuem assim! Parabéns novamente!

  13. carlos massotti disse:

    Sao tantos os fatores que podem influenciar a qualidade da carne que o consumidor fica perdido e nao sabe e nem tem como saber , a nao ser quando a carne está servida seja no prato ou na churrasqueira – e quem tem a triste experiencia de comer uma carne ruim acaba, de uma forma ou de outra , reduzindo o consumo .Nao vejo muita saída ou provavel solucao -mas campanhas educativas e uma maior publicidade sobre os efeitos beneficos da carne deveriam ser feitas via midia para neutralizar estes contras …….

  14. Romilton Moraes disse:

    Acho que o problema principal está no manuseio, cadeia de frios, ou melhor, o esquenta e esfria ou congela e descongela, daí a carne ficar rançosa.

  15. carlos naumann disse:

    Essa discução é bastante interessante,pois se não vejamos, uma carne de bovino não deve apresentar sabor e odor diferente da que todos os consumidores de carne bovina tem registrado em seu sub conciente.Se é Carne embalada a vacuo,quando se abre a embalagem exala um odor diferente da carne, que pode ser isso que estão chamando de odor a fígado. Porque esse odor aparece devido a oxidação do sangue contido na carne e que estravasa pela pressão da retirada do oxigênio da embalagem a vacuo, associado a temperatura de conservação da mesma.Se não for esse cheiro que estão sentindo,o fundamento reside na alimentação dos animais com acidos graxos do caroço de algodão ou casquinha de soja,ou ainda até poupa de laranja.porque ainda não pesquisaram quais os acidos graxos predominantes na amostra.da carne?

  16. Fernando disse:

    Aqui em Santo André, Parque Marajoara e Cidade São Jorge, nas redondezas, está crítico. Seja carne moída ou não.

    As vezes da pra comer, outras, impossível. Nas vezes que da pra comer, o cheiro e o sabor estão fracos, ruim mas ainda fraco, da pra engolir. Na maioria das vezes não dá.
    Cheiro e sabor forte e péssimo. Tem odor de fézes, eu juro.

    Esse cheiro e sabor são mais perceptíveis quando a carne está quente; seja pronta ou no processo de cozimento. As vezes, eu prefiro comer um pouco fria, ja pra não sentir o gosto horrível que sai quando se está quente.. mas faço isso apenas quando este sabor ruim esta fraco. Mesmo assim, diminuí muito a compra porque realmente não dá.

    Estranho que, parece, que as carnes da churrascaria aqui perto, são boas.

    Sobre este gosto, novamente repito, eu juro que é desagradável demais. Não lembro disso acontecer ha uns anos atras..

  17. Maria Helena Antunes disse:

    Moro em Santos, no litoral de São Paulo, e estou cansada de jogar a carne bovina que acabei de preparar devido a esse gosto horrível, que nenhum tempero do mundo é capaz de retirar.

    Não é possível que as autoridades responsáveis não tomem uma providência para esse problema. Gostamos muito de carne bovina aqui em casa, mas estamos a um passo de nos tornarmos todos vegetarianos.

    A quem recorrer? Como nos mobilizarmos para chamar a atenção para esse problema?

  18. Valeria disse:

    Há algum tempo sinto este gosto ruim nas carnes bovinas. Já tentei várias marcas, com data de embalagem recente e mesmo assim na maioria das vezes tem um sabor diferente ao que “antigamente” sentia. Recentemente paguei R$ 39 o kilo de file mignon e o gostinho ruim estava presente.

    Eu acredito que o mercado de carne bovina vai perder muito espaço. A qualidade é ruim. Caso alguém saiba indicar uma boa marca, agradeço.

  19. Malu Vicente disse:

    Eu e minha mãe já sentimos esse horrível sabor desde 2006/2007, antes era esporádico, hoje está se tornando algo como 1-2 até 3 vezes ao mês, isso prova que não só os produtores não tomaram nenhuma atitude em relação a sanar o problema, como a “prática” que provoca esse “sabor medonho”, se DISSIMINOU entre os produtores. Vejo já como uma necessidade de intervenção sanitária utilizando os meios disponíveis nos ministérios da agricultura e saúde.

  20. Alessandra Farias disse:

    Tem mais ou menos um ano q só como carne de frango por causa do gosto horrível de fígado na carne bovina e impossível saborear uma carne tão ruim.Precisamos de uma intervenção urgente.

  21. José Nogueira disse:

    Isso é mais uma demonstração do que ocorre num país onde ser o celeiro do mundo é só bom para o resto do mundo e não para nós. Esse cheiro de fígado na carne foi o fim do uso de carnes vermelhas em minha casa. Café o nosso produto mais conhecido mundialmente, chega ás nossas casas, totalmente batizados com farelo de tudo e a espantosos mais de 15 reais o kg. Os ovos que compramos no supermercado às vezes, temos que forçar a vista para encontrarmos as gemas. E tudo fica barato assim. Isso sem contar nossa cebola que é horrorosa. Temos de começar a lutar também pela qualidade dos produtos vendidos.

  22. ivonete Sarmento disse:

    Moro no rio de janeiro, portanto gostava de frequentar churrascarias as carnes eram deliciosas, mais de uns meses para cá, comecei a perceber q o gosto da carne q eu comprava era ruim, tanto na maciez, textura e cor., amarelada s/sangue e das churrascarias a mesma coisa. Ai eu descobri o mistério a carne é FRIBOI! Todos (quase todos) os supermercados e churrascarias usam a carne deste frigorifico. Isto chama-se MONOPÓLIO. Tem q haver uma fiscalização estão pondo em risco à nossa saúde.
    Gostaria de saber porque uma carne de má qualidade é comercializada?
    Todas as vezes q eu vou comprar carne pergunto se é FRIBOI ser for eu não compro.
    Com isto modifiquei o meu cardápio.
    att. Ivonete

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