Um ciclo de superoferta dos principais produtos exportados pelo Brasil, como soja e minério de ferro, provocará uma derrocada dos preços dessas commodities no ano que vem, afetando o saldo comercial do país com implicações para o próximo governo.
Um ciclo de superoferta dos principais produtos exportados pelo Brasil, como soja e minério de ferro, provocará uma derrocada dos preços dessas commodities no ano que vem, afetando o saldo comercial do país com implicações para o próximo governo.
As exportações brasileiras de minério de ferro, soja e farelo de soja somam no ano, até o final de agosto, cerca de 44,5 bilhões de dólares, ou quase 30 por cento do total exportado pelo país no período. Mas esta situação deverá mudar profundamente em 2015, considerando a expectativa de queda dos preços médios dessas commodities no ano de 10 a quase 30 por cento em relação a 2014.
O efeito da superoferta -gerada pela safra recorde norte-americana de grãos e pela grande expansão da produção das três maiores mineradoras globais, incluindo a Vale- deverá ser agravado pela saída de investidores de mercados futuros de matérias-primas em busca de maiores lucros em outros ativos, como os dos títulos públicos dos EUA.
“Vai ser ano de surpresas não boas, qualquer que seja o governo. E isso estamos falando sem crise (internacional), se houver uma crise, o cenário piora muito”, disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Citando dados da associação da indústria de soja (Abiove) divulgados esta semana, de recuo de 6 bilhões de dólares nos embarques do grão, farelo e óleo, e projeções de queda dos preços do minério de ferro no ano que vem, Castro avalia que o valor das exportações brasileiras poderá cair cerca de 8 bilhões de dólares no próximo ano, considerando apenas esses dois produtos.
A baixa dos preços das commodities agrícolas ainda poderá causar redução das exportações de outros produtos, como os manufaturados. Isso porque a Argentina, um dos principais parceiros comerciais brasileiros e grande exportador agrícola, deverá importar menos por conta da receita agrícola menor.
Esse efeito indireto, segundo o dirigente da AEB, representaria 2 bilhões de dólares a menos de exportações brasileiras para o país vizinho.
Com a queda dos preços do milho, também em função da supersafra nos EUA, e o reflexo disso para os preços da carne de frango, importante produto da pauta de exportação do Brasil, há possibilidade de o país registrar déficit comercial no próximo ano.
Com a entrada menor de recursos externos via balança comercial, a tendência é o dólar subir, pressionando a inflação, o que pode exigir do próximo governo um aumento dos juros, avaliou Castro.
Fonte: Reuters, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.