Produtores e apreciadores de Carne Angus se reuniram no Belich Ranch (Palmeira, PR), em agosto, para degustar e comparar o produto gaúcho e paranaense. As diferenças nos sistemas de produção, sendo pastagem no RS e confinamento no PR, idade de abate , animal mais jovem no PR, e animais castrados no RS e animais inteiros no PR, nos levam a pensar em diferenças no produto final e nos motivou a realizar o “1º UFC nas Brasas: RS versus PR”.
Na ocasião foram assados 3 cortes de Carne Angus Certificada produzidas no RS e no PR. Os cortes escolhidos foram a Picanha, Vazio e Costela (Assado de Tira), pois são bem representativos do hábito de consumo em churrascos e por terem características bem distintas, presença de capa de gordura, % de gordura e marmoreio e cortes com e sem osso. Apesar das diferenças evidentes dos cortes, todos se prestam bem a uma degustação comparativa, pois são de rápido preparo.
Este misto de degustação, teste e confraternização entre amigos ocorreu da seguinte forma:
1. As peças foram cortadas pelo assador Wagner Barausse de forma similar e preparadas ao fogo simultaneamente;
2. Os cortes foram servidos aos degustadores (13) em teste cego, sem a menor possibilidade de identificação da marca A ou B;
3. Os degustadores avaliaram cada corte em uma escala de 1 a 3. Sendo 1 o escore mínimo e 3 o máximo, para Maciez (M), Sabor (S) e Conjunto (C). Considerou-se a característica Conjunto o grau de satisfação geral.
Integravam o grupo de avaliadores: Alysson Yamaguchi (PR), Dimas Rocha (RS), Erani Demétrio (SC), Fernando Evers (SC), Julia Veiga Lopes (PR), Jorge Belich (PR), Luis Francisco Belich (PR), Luis Veiga Lopes (PR), Lucca Yamaguchi (PR), Neimar De Bona (PR), Oscar Ransolin (PR), Sérgio Belich (PR) e Wagner Barausse (PR).
A avalição detalhada pode ser conferida no quadro abaixo:
O resumo em médias dos escores foi:
Resultados:
1. Ambas as marcas (RS e PR) atenderam as expectativas dos consumidores do painel e foram consideradas superiores em qualidade a um produto comum.
2. Em linhas gerais pode-se dizer que neste teste a Carne Angus RS obteve melhores escores para Maciez, Sabor e Conjunto, independente do corte;
Considerações:
1. Esperavam-se melhores escores para a Carne PR, em função da menor idade dos animais (abatidos dente de leite) e da terminação mais intensiva e consequente maior cobertura de gordura, porém não se confirmou no prato neste momento.
2. No RS, a terminação majoritariamente à pasto e com animais castrados deve ter contribuído para a superioridade desta carne, especialmente para sabor e conjunto.
Mais uma vez foi provado que um bom churrasco e a carne de qualidade são instrumentos para reunir amigos que apreciam a boa mesa e os valores do campo.
Esta ação foi uma iniciativa da Assessoria Agropecuária e do Grupo Araucária. Para 2014, já estamos preparando um novo embate!
Fonte: Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
11 Comments
Ótimo. Iniciativa válida. Mas, fica uma pergunta. Ambas as “marcas” eram maturadas?
Muy interesantes resultados.Las condiciones de RS son muy parecidas a las de Uruguay.Buen trabajo.Parabéns.
Por favor, me convidem pra jurado na proxima ,eu juro que nao vou torcer pra carne do Pampa!!
Tche!!!
Buenas… só não deixem de me convidar!!!!!
Abraços
Mauricio
Pessoal,
Somente sensação de palatabilidade (maciez, sabor e suculência). Tivessem analisado a composição da carne e teríamos maior qtidade de ômega 3 e melhor relação ômega6/ômega 3 na carne produzida a pasto do RS. É o que publicamos no Meat Science recentemente. E o Brasil produz a pasto !
Prof. José Fernando Piva Lobato
Dep. de Zootecnia/Fac. de Agronomia/UFRGS
Prezados colegas,
A informação de quanto o consumidor gosta ou desgosta de um determinado produto é muito importante. Entretanto, vale ressaltar que a análise sensorial requer metodologia específica. Precisamos ser criteriosos ao apresentar dados com número restrito de consumidores e seguir a metodologia clássica (American Meat Science Association, 1995, Meilgaard, Civille & Carr , 1999, Stone & Sidel, 1985), além das comparações com carne fresca e maturada, pois estas variáveis podem interferir nos resultados.
Abraços,
Prezados, boa tarde.
Gostaria de informar e reforçar alguns pontos que podem gerar dúvida:
1. O “UFC” foi um encontro de amigos onde aproveitou-se para comparar os produtos. Desta forma, está longe de ser um teste com rigor técnico, estatística, trabalho de pesquisa, tese, etc. Foi-se no balcão e comprou-se a carne, na churrasqueira e assou-se a carne e na mesa degustou-se…
2. Os resultados são a tabulação da opinião de diversas pessoas e algumas considerações baseadas em nossas expectativas.
3. Ambos os produtos avaliados eram muito bons e nos alimentaram muito bem nesta degustação.
4. Foi muito divertido fazer esta ação e tornou o nosso assado mais rico ainda.
Vejam que o texto fala em: … misto de degustação, teste e confraternização entre amigos. Logo o resultado apresentado é a consequência disto, ou seja, de um dia de degustação e confraternização…
Agradeço as considerações da colega Angélica preocupada em nos dar mais subsídios teóricos e de pesquisa (apesar de não termos a pretensão de apresentar o texto para publicação em qualquer revista científica, pois nunca foi o propósito).
Agradeço os comentários do Prof. Lobato por estar sempre atento e participativo quando se fala de carne de qualidade.
Agradeço o comentário do Sr. Kajú e acho que foi o único que entrou no clima do UFC! Dá-lhe Kajú!
Agradecemos ao Grupo Araucária (PR), pois nos apoiou e realizar esta ação e nos permitiu divulgá-la.
Agradeço ao Miguel Cavalcanti por disponibilizar espaço no Beefpoint para compartilharmos esta experiência.
Ficamos felizes que este post tenha gerado interesse das pessoas, pois pelo menos acertamos que o tema era relevante para muita gente da comunidade Beefpoint.
Saudações,
Fernando Furtado Velloso (Assessoria Agropecuária)
Bom dia amigos !!!
Eu estava presente no UFC …. Tudo foi feito com honestidade …. Sou um assíduo cliente da casa de carnes Passoni aqui em Palmeira …. Mas os meus amigos gaúchos estão de parabéns …… Excelente carne … Show show …. Kaju sucesso no leilão aí !!!! Ano que vem estarei aí narrando a paleteada …….. Viti Fernando …. Muito sucesso e obrigado de ajudar os meus clientes a produzirem mais !!!! Abraço e sucesso a todos …..
Prezados,
Tenho acompanhado o debate sobre o tema acima exposto com bastante interesse e preocupação. Pela maneira como o tema foi exposto, era de se esperar que geraria intensa discussão (matéria prima ideal para qualquer veiculo de comunicação).
Talvez, o principal objetivo deste convescote seria unir amigos em torno de uma mesa e apreciar os sabores da carne, mas não é assim que ele se apresenta.
Com o título dado ao material publicado, além das planilhas e notas, controles estatísticos e grupo de avaliadores, falar que não houve preocupação cientifica é, no mínimo, leviano, assim como é afirmar que toda carne produzida do RS é de pastejo ou que toda carne produzida no PR é de confinamento.
Mas não considero este o ponto principal. Deveríamos discutir se a comparação proposta é valida ou não.
Não sou pesquisador, matemático ou expert em estatística, mas entendo que comparar carnes oriundas de animais de regiões diferentes, com padrões genéticos diferentes, recebendo alimentação diferente, etc seria o mesmo que comparar qualidade de vinho de marcas e safras diferentes só porque são da mesma cepa de uva.
Todos sabemos que o vinho deve ser classificado por si só em termos de sabor, aroma etc. Nunca em comparação com outros.
O mais importante nesse encontro de amigos é constatar que a qualidade em ambas as amostras eram muito boas.
Abraços
Paulo Marques
Boa tarde.
Lendo e observando a forma com que a comparação foi procedida, entendo que é uma irresponsabilidade a divulgação deste artigo em um site de notória representatividade no meio pecuário. E o pior são as conseqüências oriundas de uma publicação como essa, sendo certo que muitos consumidores de uma ou outra carne terão acesso ao conteúdo deste artigo e poderão extrair conclusões equivocadas sobre comparações tendenciosas.
Acompanho de muito perto a produção e sou consumidor assíduo da carne da carne angus certificada que é produzida no PR. Admiro muito o JUSTO trabalho que eles desenvolvem em prol do produtor, que sua a camisa, investe e se preocupa em produzir uma das melhores carnes do Brasil. Tanto é assim que já se tornou referência em produção de carne de qualidade e tem PERFEITO prestígio do país inteiro por tornar essa atividade rentável ao produtor.
Portanto, como já dito, é no mínimo irresponsável divulgar que uma carne é melhor que a outra se não foram produzidas/processadas/armazenadas nas mesmas condições.
Também não sou nenhum expert em estatística, muito menos pesquisador, mas repudio comparações que são levadas ao publico dessa maneira, feitas sem nenhum rigor e referência técnica. Assim como a professora Angélica mencionou, para termos resultados fidedignos não é adequado comparar carne in natura com carne que sofreu processo de maturação.
Se era apenas para uma confraternização entre amigos, que a comparação também ficasse entre amigos e não colocada publicamente para acesso aos leitores do país inteiro. Dessa forma, é possível comparar o que quiser.
Assim como os autores desse “COMBATE” tiveram liberdade para divulgar comparações que, sob meu ponto de vista, não são justas, também tenho a liberdade de expressar o meu ponto de vista negativo sobre o artigo.
Um abraço
João Paulo.
Parabéns pela experiencia. Foi muito criativa. É disso que precisamos. Levar nosso produto a vitrine. O prof. Lobato sabe tudo de carnes.
Se resolverem ampliar o juri, me candidato. Vou levando a mala do mate do Kaju.
Abraço a todos.
Flávio Abel