Fechamento 11:51 – 27/03/02
27 de março de 2002
Austrália, Nova Zelândia e EUA unem forças para aumentar consumo de carne bovina em Taiwan
1 de abril de 2002

Recessão da economia e a demanda por carne bovina nos EUA

Os dados sobre a demanda por carne bovina nos Estados Unidos, no ano passado, mostram que esta continua forte. Os dados preliminares mostram que a demanda em 2001 aumentou 5,7%, comparada com o ano de 2000, segundo anunciado no mês passado na Convenção Anual das Indústrias da Carne 2002.

O aumento da demanda anual, em 2001, foi gerado principalmente pelos resultados do último trimestre, apesar do fato da indústria de carne dos EUA estar diante de uma produção recorde, da redução suave nas exportações e da queda econômica geral no país, ocorrida nos últimos meses do ano.

Segundo o economista chefe da Associação Nacional dos Produtores de Carne Bovina (NCBA) dos EUA, Chuck Lambert, o aumento na demanda por carne bovina nos últimos meses do ano reflete o fato da indústria ter vendido grandes estoques de carne aos estabelecimentos de varejo, com preços convidativos.

“A produção de carne bovina nos últimos 3 meses do ano alcançou o volume de 3,03 milhões de toneladas, quase 3% maior do que o volume produzido no mesmo período do ano anterior. Este fato, combinado com a queda nas exportações, fez com que o fornecimento de carne ao mercado interno tenha atingido um volume recorde. Ao mesmo tempo, a média de preços dos produtos derivados de carne bovina no varejo foi levemente maior do que no mesmo período do ano anterior. Quando vendemos mais produtos, a preços fixos ou melhores, há um aumento na demanda”, disse.

A demanda norte-americana por carne bovina é medida pela associação dos dados de consumo per capita de carne, com os gastos que os consumidores fizeram com esses produtos. Esta demanda vem apresentando uma tendência de alta desde 1999. Apesar dos últimos dados terem sido bastante encorajadores, os líderes da indústria de carnes dos EUA admitiram que o setor passou por situações bastante desafiadoras nos últimos meses, o que exigiu uma grande unidade de seus membros.

“Isso nos leva a ver que os esforços feitos pelos produtores para construir uma demanda contínua funcionam mesmo quando a economia está passando por um momento de instabilidade”, disse o presidente do Conselho dos Produtores de Carne Bovina dos EUA (CBB), Dan Hammond. “A demanda é medida através da análise do comportamento do consumidor, e não da lucratividade individual dos produtores. Nós queremos aumentar nossa lucratividade, bem como manter a confiança dos consumidores e proteger nosso mercado de carnes”.

Aumentando os lucros

Aumentar o potencial de lucratividade para todos os segmentos da indústria de carnes é prioridade para os líderes do setor nos EUA. A CBB, a NCBA, os conselhos estaduais e as associações estaduais estão perto de obter o melhor e mais consistente esquema de lucratividade a longo prazo.

A demanda crescente é uma parte deste projeto, o qual requer que a indústria mantenha a confiança dos consumidores na carne bovina, introduza novos produtos que atendam melhor às necessidades dos consumidores e amplie seu mercado de exportação de carnes.

Propiciar um ambiente adequado para os negócios dos produtores de carne norte-americanos é o segundo passo da indústria para este projeto de longo prazo. Isso exige aumento de cooperação e comunicação entre os segmentos da indústria, maior eficiência de produção, e trabalho em conjunto com o governo para garantir que sejam realizadas práticas justas de negócios, do ponto de vista dos produtores, entre outras coisas.

De acordo com o presidente do NCBA, Lynn Cornwell, os produtores de carne bovina terão acesso a grande parte das vantagens obtidas enquanto as indústrias continuarem desenvolvendo estratégias de sucesso como as que têm sido realizadas.

“Com o aumento da demanda nós podemos vender mais carne com preços levemente maiores, e, com isso, gerar melhores retornos para nós mesmos. A perspectiva para longo prazo é sempre de melhora enquanto nós pudermos nos adaptar aos sinais da demanda”, mencionou Cornwell.

Excesso de oferta

Responder ao excesso de oferta existente terá uma importância chave nos próximos meses. No final de 2001, os ataques terroristas feitos em 11 de setembro aos EUA, prejudicaram os setores de viagens, turismo e convenções – todos eles com um impacto direto sobre os restaurantes do país. As exportações para o Japão, o maior mercado de exportação para a carne bovina norte-americana nos últimos anos, também apresentaram uma queda, devido ao aparecimento de casos da encefalopatia espongiforme bovina (EEB) nos rebanhos do país. Como resultado disso, o fornecimento de carne bovina atingiu níveis recordes no mercado doméstico.

Com o uso do fundo arrecadado pelos próprios produtores, o CBB, o NCBA e os conselhos estaduais continuarão a ajudar na ampliação deste mercado, estimulando os consumidores a aproveitar os bons preços da carne bovina, executando campanhas de promoção dos produtos nos principais mercados, solicitando aos varejistas que continuem oferecendo carne bovina em seus estabelecimentos e estimulando parcerias com as redes de restaurantes.

Em relação ao mercado internacional, a Federação de Exportações de Carnes dos EUA (USMEF) está implementando uma campanha educacional de US$ 9 milhões no Japão, para informar aos consumidores japoneses sobre a segurança e qualidade da carne bovina dos EUA, colocando a carne como um alimento essencial para uma dieta balanceada e saudável, e recuperando a confiança dos consumidores neste produto.

O NCBA, o USMEF e o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estão trabalhando juntos para expandir o programa educacional para outros países da Ásia, como as Filipinas, Taiwan e Coréia. Eles também estão promovendo a educação dentro do país, referente às medidas que devem ser tomadas para evitar a entrada da EEB no território norte-americano. Finalmente, a indústria continuará trabalhando junto ao governo do país para facilitar a execução de acordos comerciais justos, que aumentem o acesso da carne bovina dos EUA em mais mercados externos.

Introduzindo mais produtos que atendam à demanda dos consumidores

A indústria de carnes dos EUA planeja também colaborar com os consumidores, que atualmente levam uma vida bastante ocupada, ajudando os processadores a disponibilizar ao consumidor produtos que atendam cada vez mais sua demanda por conveniência. Há poucos anos, a indústria introduziu no mercado uma nova categoria de produtos de carne que são vendidos totalmente cozidos, podendo ser preparados no microondas e servidos em poucos minutos. As vendas deste tipo de produto aumentaram 100% desde 1999, e as vendas anuais desta categoria atingiram a marca de US$ 116 milhões em outubro de 20011.

Este tipo de inovação estimula a venda de novos produtos de carne para os supermercados. De acordo com dados do Serviço de Informações de Vendas Ltd., aproximadamente 1100 novos produtos foram introduzidos no mercado varejista nos últimos 3 anos2.

A indústria está usando também os fundos arrecadados pelos produtores para ajudar a introduzir novos produtos derivados de carne nos menus dos restaurantes.

Todos esses produtos que atendem às necessidades dos consumidores apresentam vários nutrientes essenciais, incluindo zinco, ferro, proteínas e muitas vitaminas do complexo B, fazendo com que os consumidores tenham ainda mais razões para consumir este alimento.

Mantendo a confiança dos consumidores

Proteger a segurança do rebanho e da carne bovina dos EUA é primordial para os produtores de carne do país, e a indústria continuará a comandar o trabalho preventivo de doenças, a aplicar tecnologias para reduzir a contaminação dos alimentos, e a trabalhar com o governo para garantir pesquisas adequadas em relação à qualidade dos alimentos.

Uma pesquisa recente mostrou que 89% dos consumidores confiam que a carne bovina dos EUA é segura com relação à EEB3. Esse resultado foi obtido após a divulgação, feita em novembro de 2001, do estudo da análise de riscos, o qual durou 3 anos e foi conduzido pela Universidade de Harvard, que mostrou que os EUA têm reduzido risco de apresentar EEB devido a vários sistemas de monitoramento usados pela indústria e pelo governo, que conseguiram manter a doença fora dos rebanhos norte-americanos.

1 – ACNielsen, Fresh Look Marketing, Outubro 2001

2 – Productscan Online, Janeiro 2002 – banco de dados online do Serviço de Informações de Vendas Ltd.

3 – NCBA/Ipsos Reid, Dezembro 2001

DEMANDA POR CARNE BOVINA AUMENTA NOS EUA

Demanda por carne bovina continua com tendência de alta

– A demanda por carne bovina nos EUA aumentou 5,7% em 2001, com relação ao ano anterior, o que é um forte sinal de que a indústria está prestes a alcançar um crescimento recorde de demanda – 6% – até o ano de 2004 (com relação ao ano 2000);

– A demanda por carne bovina nos EUA esteve em declínio desde 1980, o que custou para a indústria de carnes do país US$ 1 bilhão para cada ponto percentual de declínio. A taxa de declínio começou a reduzir perto dos anos 90 e, somente em 1999, o país apresentou o primeiro ano com demanda positiva.


Fonte: Beef Demand Index, de janeiro de 2002

Gastos históricos

– Os gastos dos consumidores norte-americanos com carne bovina em 2001 foram os maiores da história – gastos totais de US$ 57 bilhões. Esse fato marca o segundo ano consecutivo que os consumidores do país gastam mais que US$ 50 bilhões com este alimento. O valor gasto em 2001 foi US$ 4,3 bilhões maior do que o gasto em 2000, e US$ 7,6 bilhões a mais do que em 1999.

– O gasto per capita com carne bovina aumentou cerca de US$ 13, passando de US$ 192 por pessoa por ano, em 2000, para US$ 205 em 2001. Estatísticas preliminares indicam que os gastos per capita dos norte-americanos com carne suína em 2001 foram de US$ 145 no ano (mais que os US$ 139 gastos em 2000), e, com carne de frango, os gastos foram de US$ 127 por pessoa, em 2001, contra US$ 126 em 2000.

– O aumento dos gastos com carne bovina nos três últimos meses de 2001 foi resultado direto dos altos preços da carne no varejo. Em 2001, o preço da carne era de US$ 6,63 por quilo, enquanto que em 2000, o preço foi de US$ 6,08/quilo.

– A média do preço da carne bovina no varejo no último trimestre do ano passado foi cerca de US$ 0,52 por quilo maior do que no mesmo período de 2000, o que contribuiu com o aumento dos gastos totais. Os consumidores também redirecionaram grande parte de sua renda para comprar alimentos neste período, já que as incertezas econômicas – após os atentados terroristas – fizeram com que houvesse um declínio na disponibilidade de renda para gastos como férias, grandes aplicações, etc…

Fonte: Cattle-Fax, Janeiro 2002. Esses dados são preliminares e não consideram dados de importação e exportação totais, uma vez que os dados de novembro e dezembro ainda não estavam disponíveis

Consumo de carne

– O consumo per capita anual de carne bovina nos EUA (baseado no peso da carne sem osso) foi de aproximadamente 29,484 quilos, o que denota uma queda com relação ao ano 2000, cujo consumo foi de 29,982 quilos. O consumo per capita de carne suína e de carne de frango permaneceu estável em 2001, com cerca de 22,95 quilos por pessoa consumidos de carne suína e 25,44 quilos de carne de frango.

Fonte: Cattle-Fax, Janeiro, 2002. Os dados de consumo são baseados no peso da carne sem osso. Esses dados são preliminares e não consideram dados de importação e exportação totais, uma vez que os dados de novembro e dezembro ainda não estavam disponíveis.

Produção de carne começará a cair

– Em 2001, a produção de carne bovina dos EUA atingiu o volume de 11,839 milhões de toneladas. Esses dados estão de acordo com a tendência de produção que o país vem apresentando há 7 anos, que excede os 11,34 milhões de toneladas por ano (25 bilhões de libras).

– A tendência de produção nos últimos anos foi bastante influenciada pelo peso do rebanho bovino do país. O peso médio dos animais aumentou nos últimos 25 anos, devido ao aumento de produtividade, às mudanças genéticas e aos preços relativamente baixos dos grãos. O peso deverá permanecer subindo uma média de 2,676 quilos por ano.

– A produção anual de carne bovina deverá cair cerca de 589,67 mil toneladas durante os próximos anos.


Fonte: Cattle-Fax, Novembro 2001

Exportações

– Desde 1985, as exportações norte-americanas de carne bovina vêm crescendo. A indústria de carnes tem trabalhado para exportar carne e seus derivados, passando de US$ 500 milhões exportados há 20 anos, para US$ 3,6 bilhões em 2000.

– Em 2000, os EUA ultrapassaram a Austrália, tornando-se o maior exportador de carne bovina do mundo, com cerca de 1,24 milhão de toneladas sendo exportadas.

– As exportações de janeiro a novembro de 2001 alcançaram a marca de 1,17 milhão de toneladas, com valor de mais de US$ 3,14 bilhões. Os tradicionais mercados de exportação incluem Japão, México, Canadá e República da Coréia do Sul, responsáveis por 84,2% do volume exportado, e 90,2% do valor exportado.

– As exportações para o Japão e para a Coréia declinaram, devido à queda em suas economias e à descoberta de casos de EEB no rebanho japonês.

– A China deverá tornar-se um importante mercado de exportação para os EUA, quando começar a liberar seu mercado, após entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC).

– A indústria espera um moderado crescimento das exportações nos próximos 5 anos, que não é tão grande quanto o projetado originalmente, antes da ocorrência do enfraquecimento econômico internacional e da crise da EEB no Japão.

Fonte: USDA, novembro de 2001.

Importações

– Os altos preços da carne bovina dos EUA e a forte demanda interna resultaram em grandes quantidades de carne bovina importada pelo país. Apesar deste aumento, a carne importada continua representando apenas 10% da carne comercializada no mercado.

– As importações de carne e produtos derivados pelos EUA aumentaram 6,52% em volume e 15,42% em valor de janeiro a novembro de 2001, quando comparado com o mesmo período do ano anterior.

– Mais de 90% da carne bovina importada pelos EUA é proveniente do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia.

– Menos de 10% da carne bovina importada pelos EUA (menos de 1% do fornecimento total de carnes) é proveniente da América do Sul, e chega ao país na forma cozida, sendo usados em produtos pré-cozidos, como refeições prontas, produtos enlatados e alimentos de aviões.

Fonte: USDA, Novembro 2001.


Fonte: National Cattlemen’s Beef Association (NCBA)

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