A implementação das reformas na Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia (UE) está revelando mudanças fundamentais na indústria de carne bovina da Europa, de acordo com o especialista industrial do Rabobank, Goedhart Westers.
O desacoplamento dos subsídios dos volumes reais de produção para os Pagamentos Separados às Fazendas levará progressivamente à menor produção de carne bovina nos Estados Membros do bloco europeu. Os custos dos alimentos animais estão aumentando e, além disso, a subutilização da capacidade nas plantas de processamento está colocando mais pressão nas margens de lucros. O resultado é que o valor da carne bovina está aumentando, disse Westers.
Ele disse que as reformas na PAC têm a intenção de estimular a competitividade na agricultura européia enquanto garante o bem-estar animal e respeita a proteção do meio-ambiente, e a indústria de carne bovina é a primeira a sentir os efeitos destas reformas. Os padrões de cumprimento cruzado juntamente com o desacoplamento estão levando a um afastamento do sistema intensivo de produção, resultando em uma queda na produção nos países produtores da Europa, disse ele.
As plantas de processamento já estão observando uma decréscimo significante nas ofertas de carne bovina nos primeiros cinco meses de 2005 na Irlanda, um dos primeiros países a implementar o desacoplamento.
O Rabobank disse que, à medida que os outros países fizerem o mesmo, as mudanças na produção serão inevitáveis, apesar de os efeitos não serem totalmente aparentes até depois de 2007, quando o desacoplamento terá sido implementado em todos os Estados Membros. Apesar de a taxa e a extensão do desacoplamento variar de um país para outro, a tendência geral de redução da produção é inevitável, criando novas oportunidades para outros países exportarem à UE. Entretanto, para um importador líquido desde 2003, a lacuna está aumentando.
Grandes mudanças nos padrões de valores poderão apresentar oportunidades competitivas para aqueles que controlam o fornecimento de carne bovina fresca de alta qualidade para o varejo. “O valor era gerado através da produção de carne pré-empacotada ou produtos de carnes”, disse Westers. “Agora, está havendo substituição do valor para aqueles que têm acesso e controlam o fornecimento”.
As companhias de abates já estão enfrentando problemas de capacidade. Na Alemanha, por exemplo, cerca de 30% das plantas de processamento operam com 80% de sua capacidade. Isso coloca uma crescente pressão nas margens, e destaca a necessidade de fornecimentos competitivos de fontes alternativas de fora da UE.
“Agora que a oferta de carne bovina fresca está diminuindo, aqueles que têm acesso aos bovinos têm uma melhor posição de barganha frente aos processadores”.
Ele disse também que os mais prováveis candidatos a aumentar as vendas são os produtores da América do Sul. O Brasil já é responsável por cerca de 55% do volume, seguido pela Argentina, com 18%, e pelo Uruguai, com 5%.
Os preços brasileiros são competitivos, apesar das tarifas maiores impostas às importações de países de fora da UE. Diante de margens menores, isso é importante para as plantas processadoras, que precisam equilibrar qualidade com valor.
“A questão que as cadeias de fornecimento européias precisam considerar é como garantirão oferta suficiente para enfrentar a futura subutilização das plantas de processamento, devido à contínua redução do fornecimento europeu”.
Fonte: MeatNews.com, adaptado por Equipe BeefPoint