A busca por uma maior agregação de valor aos produtos de origem animal e carne de alta qualidade estão cada dia mais presentes, embora ainda seja um caminho difícil, mas perfeitamente possível. O tema do próximo Workshop BeefPoint será Marcas de Carne e acontecerá nos dias 20 e 21 de novembro, em São Paulo.
Da mesma forma, o Workshop BeefPoint Marcas de Carne, será um evento no qual iremos reunir quem há anos trabalha com esse nicho de mercado. Vamos conhecer os inovadores em nosso setor que têm trabalhado para produzir um produto com valor agregado e que seja bem aceito pela maioria dos consumidores. Serão apresentados estudos de caso, troca de experiências e conhecimento, em um ambiente de conversa e debate. Será um encontro de discussões em alto nível, para conhecer quem tem feito um excelente trabalho no Brasil.
Para conhecer melhor os palestrantes do Workshop BeefPoint Marcas de Carne, preparamos uma série de entrevistas com cada um deles. Além dos palestrantes, vamos conhecer também o trabalho de profissionais que trabalham com carnes de marca, donos de casa de carnes e restaurantes que trabalham com carne de qualidade e que são referência no país.
Confira a entrevista com Andre Renato Galindo, executivo com 30 anos de experiência em carne bovina e um dos palestrantes do Workshop BeefPoint Marcas de Carne.
Graduado em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, com vasto conhecimento de toda cadeia produtiva bovina. Atualmente ocupa a função de gerente de Linhas Especiais do Grupo Marfrig, responsável pelo posicionamento estratégico e comercial das principais marcas do Grupo.
BeefPoint: Por favor conte um pouco do histórico da criação das marcas de carne da Marfrig
Renato Galindo: A marca Montana nasceu do desejo de oferecer ao mercado uma linha especial de carnes para churrasco. As carnes Montana são provenientes de animais selecionados com uma boa cobertura de gordura, bem ao gosto do público churrasqueiro mais exigente. A Marfrig desenvolveu esse padrão de qualidade e com o passar do tempo, a marca caiu no gosto do consumidor, passando a ter um papel fundamental na composição de portfólio de marcas do Grupo.
A Marca Bassi é uma das primeiras marcas realmente de qualidade premium do Brasil. Ela surgiu do sonho do Marcos Bassi de criar cortes bovinos diferenciados, derivados de animais precoces e de qualidade voltados para o público que aprecia a alta gastronomia. A Bassi atende a camada mais exigente dos consumidores, que não abre mão de ter à mesa pratos requintados, com praticidade e conforto.
BeefPoint: Atualmente, quais os maiores desafios para consolidar uma marca de carne?
Renato Galindo: O maior desafio é estabelecer e manter uma padronização. Não é difícil criar uma marca de carne, o desafio é ser reconhecido por uma determinada referência e não se desviar disso.
Se conseguirmos criar essa referência, com volumes equilibrados, o consumidor final irá identificar o valor e almejará consumir essa carne, transformando todo o conceito de consumo da carne: de necessária à desejada por seus atributos.
BeefPoint: O que precisa evoluir no setor para que aumente a produção de carne com qualidade?
Renato Galindo: A pecuária brasileira passa por um crescente desenvolvimento genético e nutricional para a obtenção de animais de qualidade. Para continuar em ascendência, é necessário que as indústrias firmem cada vez mais parcerias com os pecuaristas, com objetivo de ganhos para as três partes (produção, indústria e cliente). Um exemplo de sucesso e bons resultados é o Marfrig Club.
BeefPoint: Quais as ações você tem feito para educar e fidelizar o cliente que está buscando carne bovina com marca?
Renato Galindo: Temos conversado, ouvido e falado com os consumidores, mas a ação que tem se mostrado mais eficaz é o treinamento dos nossos clientes (gerentes de lojas, açougueiros, garçons, chefes de cozinha), através de palestras, vídeos, visitas aos confinamentos e unidades fabris, tornando-os cada vez mais nossos parceiros e multiplicadores de informações valiosas na busca da fidelização dos clientes.
BeefPoint: O que deveria ser feito para melhorar o marketing da carne no Brasil?
Renato Galindo: Hoje, até porque a estimativa de vida do brasileiro cresce a cada ano, as pessoas se preocupam mais em manter hábitos saudáveis. Elas leem rótulos, ficam de olho na validade dos produtos, enfim, o consumidor está mais antenado e por isso é importante comunicar que a carne comercializada por uma empresa de ponta, como a Marfrig, tem benefícios muitas vezes impossíveis de se enxergar, como por exemplo: garantia de origem, animais derivados de fazendas monitoradas, bem-estar animal, responsabilidade ambiental e social, selos de qualidade que permitem a rastreabilidade desde a fazenda até a mesa do consumidor, entre outros.
Essas divulgações podem ser feitas através de veículos de massa, mas também nos pontos de vendas (sites dos clientes, blogs, consultoras de clientes). Em nossas unidades, dentre muitas certificações, possuímos ISO 22.000 que é segurança alimentar, e nossos clientes sabem disso.
BeefPoint: Em sua opinião qual o país é referência na produção de carne com qualidade? O que ele tem feito de diferente?
Renato Galindo: Não faz muito tempo a Argentina levava esse “selo” como referência em carne de qualidade. Hoje, Uruguai, Austrália e USA são considerados excelentes produtores.
A boa notícia é que já temos carne com qualidade semelhante no Brasil, obviamente, oriunda de programas de pecuária específicos. Os volumes ainda são baixos, mas estamos evoluindo rapidamente.
BeefPoint: Quais são marcas de carne no Brasil hoje que você considera referência?
Renato Galindo: Temos bons exemplos de marcas regionais e algumas nacionais, caso da Montana e Bassi, cada qual com seu apelo e promessa junto aos consumidores. Em geral, percebo que as marcas que não só comunicam, mas demonstram preocupação e compromisso de qualidade com os clientes, são respeitadas.
BeefPoint: Em sua opinião qual setor serve de referência para a pecuária no que diz respeito a marketing e por quê?
Renato Galindo: Vejo que o setor de lácteos evoluiu muito. Há alguns anos, para boa parte dos consumidores, iogurte era iogurte, queijo resumia-se a prato e mussarela e pouquíssimas pessoas agregavam valor a esses produtos. Outros exemplos como vinhos, cafés gourmet, azeites fazem muito bem esse papel.
O conceito é transformar uma necessidade de consumo em desejo de consumo. Enfim, vender o conceito do diferenciado e entregar o prometido é o que irá manter um produto no mercado, independentemente do setor de atuação.
BeefPoint: Qual o exemplo de profissional dessa área você mais admira?
Renato Galindo: O Brasil é um celeiro de profissionais excepcionais. Impossível elencar todos os que eu admiro aqui.
Alguns nomes surgem rapidamente, como o Lucas Lieberknecht no Sul, Dr. Wilson Brochman, Alexandre Scaff e João Favoreto no MS, Luis Felipe Niero (Marfrig Confinamentos), Roberto Barcellos e Sidnei Moreira (Carnes Santa Bárbara). Cada um deles tem um papel de destaque dentro de suas especialidades.
Também, faço uma menção especial ao Dr. Pedro de Felício pela imensa contribuição técnica e profissional para a pecuária brasileira.
BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?
Renato Galindo: Aproximamos nossos clientes e fornecedores do negócio, com treinamentos de equipe comercial e comissão de frente (metres, garçons, açougueiros, etc). Costumamos dizer que hoje há dois tipos de clientes; o profundo conhecedor de carnes e o que conhece pouco. Em ambos os casos precisamos de uma equipe comercial afinada para potencializar o negócio ao máximo.
Além disso, tivemos um importante lançamento dentro do portfólio Bassi, o Wagyu Bassi, um produto de altíssimo nível.
BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?
Renato Galindo: Fortalecer o portfólio de marcas Marfrig e seguir com as diretrizes traçadas em 2013, aproximando cada vez mais o cliente de nossos produtos.
BeefPoint: Que mensagem você deixaria para aqueles que desejam criar e consolidar uma marca de carne em nosso país?
Renato Galindo: Criar um conceito de marca e não se desviar dele, não se preocupar muito com volumes e crescimento, mas com o que se coloca dentro da embalagem com a marca. É preferível ser uma excelência regional do que nacionalmente sem expressão.
Participe do Workshop Marcas de Carne – 20 e 21 de novembro de 2013
3 Comments
Dr Galindo, concordo que não é difícil criar um conceito de marca de carne, o mais difícil é o reconhecimento por parte dos frigoríficos na hora de comprar do produtor a carne diferenciada, tudo vai para a balança comum com seus devidos (impróprios) descontos.
Abraços.
Eduardo Chieira – Iaciara – GO.
Sr Renato Galindo, que satisfação em saber que está trabalhando na Marfrig, Sucesso!!!
Obrigado amigo pela referência.Todos estamos atrás de um objetivo comum. Transformar a pecuária em um setor ganha ganha. Melhores rendimentos para todos os elos da cadeia. E isso só acontecerá quando as partes se unirem. Para nossa felicidade uma parte desta conquista tanto vocês como nós já conseguimos. Então temos que continuar com esse trabalho. Abraços e parabéns pelo artigo.