Rentabilidade! Essa é a palavra chave para que qualquer atividade se perpetue – Arthur Flumian Braga

O Prêmio AgroTalento 2013 é uma iniciativa ousada do BeefPoint, que identificou e reconheceu os jovens talentos da pecuária brasileira com idade de 25 a 45 anos. São essas pessoas que estão construindo hoje a pecuária do futuro, são elas que fazem a diferença em nosso setor.

O prêmio foi dividido em três etapas. Na primeira, o leitor BeefPoint preencheu um formulário onde tinha que indicar um nome para cada categoria e justificando sua escolha. Após disso, foi feita uma curadoria pelo BeefPoint, selecionando os finalistas. A terceira etapa foi uma votação aberta ao público, que se encerrou no dia 2 de dezembro. A cerimônia de entrega dos prêmios e a divulgação dos ganhadores foi na véspera do BeefSummit Brasil, no dia 9 de dezembro, no restaurante Varanda Ribeirão, no Shopping Iguatemi, em Ribeirão Preto – SP.

Saiba mais como vai funcionar e o que é o Movimento AgroTalento:

– Prêmio para celebrar os jovens talentos da pecuária brasileira (dezembro 2013)

– Portal com muitos conteúdos focados em desenvolvimento pessoal (durante todo ano de 2014)

– Plataforma de educação online com diversos cursos e treinamentos sobre desenvolvimento pessoal, gestão, liderança e auto-conhecimento (durante todo 2014)

– Curso intensivo estilo bootcamp de 5 dias fechado para convidados agrotalentos (primeiro semestre de 2014)

Para conhecer melhor os finalistas de cada categoria, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles:

Confira abaixo a entrevista com Arthur Flumian Braga, um dos finalistas do Prêmio AgroTalento 2013, na categoria Produtor – Mato Grosso.

Arthur é paulista e tem propriedade no Mato Grosso desde 1977. Engenheiro Agronômo e especialista em produção de ruminantes pela ESALQ/USP, e possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV. É delegado da Aprosoja-Mato Grosso em Alto Taquari-MT. Trabalha, junto com a família, com cana, soja e pecuária de corte. E também é consultor agropecuário.

BeefPoint: Qual atividade na pecuária mais te inspira?

Arthur Braga: Sem dúvida é a pecuária de cria, mas não a convencional, me inspira trabalhar com animais de qualidade como o Angus e sempre utilizando ferramentas que aumentem a eficiência do negócio, como IATF, creep-feeding, desmama precoce, entre outros.

É muito empolgante ver o desenvolvimento de um bezerro desde o nascimento, frágil e pequeno, até o desmame com 250-300 kg, quando já é um animal bem formado e pronto para a engorda ou reprodução.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos? O que fez e deu certo em sua carreira? Qual a sua maior realização?

Arthur Braga: Graças a Deus os acertos têm sido muitos, começando pela minha criação, onde minha mãe, que ficou viúva muito cedo, sempre incentivou eu e minha irmã a estar sempre na fazenda, conhecendo desde criança os problemas e atividades inerentes aos negócios da família. Isso fez com que eu pegasse gosto pelo campo, pela roça, pela atividade que hoje desempenho com muita satisfação.

Outro grande acerto foi, contrariando a opinião de muitos que diziam que eu tinha que ficar por perto, ter saído de nossa cidade e ido para Piracicaba, quase 1000 km longe da fazenda, em busca de uma formação sólida em uma escola de referência na profissão que eu escolhi.

Após a formatura, nunca parei de estudar, e acredito que o maior acerto é esse, nunca se acomodar e buscar continuamente o aprendizado e a atualização profissional. Também trabalhei e trabalho em atividades extra-familares, que me ajudam muito a adquirir experiências para nosso próprio negócio.

Na época em que vivemos, considero uma grande conquista conseguir trabalhar em família, não só mantendo, mas conseguindo aumentar esse patrimônio que é fruto de 2 gerações de trabalho.

BeefPoint: Em relação ao seu histórico profissional, porque você acha que foi indicado para o Prêmio AgroTalento? Das suas realizações profissionais, o que você tem mais orgulho até agora?

Arthur Braga: Acho que a indicação é fruto do reconhecimento da continuidade do trabalho que minha mãe sempre desempenhou com muito afinco e que eu procuro realizar sempre com muita responsabilidade perante a todos os envolvidos, seja o ambiente, seja os nossos colaboradores, e nunca deixando de participar da sociedade, principalmente defendendo nossa classe produtora.

Meu maior orgulho é poder trabalhar em família, com as coisas da família, mas de forma profissional, aumentando nosso patrimônio sem por em risco o que foi conquistado pelos meus pais e avós.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Arthur Braga: Os erros com certeza nos engrandecem, o importante é como conseguimos superá-los e reverter os prejuízos causados. Alguns erros são cometidos quando agimos por impulso, sem parar e pensar friamente em todos os aspectos que envolvem alguma decisão.

Um erro que cometemos esse ano, por exemplo, foi o arrendamento de uma propriedade sem antes conhecê-la a fundo. Isso causou muitos transtornos principalmente por causa da condição das cercas. Porém, ainda em tempo, conseguimos reverter a situação e amenizar os prejuízos que essa atitude causou.

BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?

Arthur Braga: Graças a bons relacionamentos, muito estudo e um trabalho sério e responsável, em 2013 surgiu a possibilidade de trabalhar com consultoria, o que eu considero uma grande conquista pois o recurso necessário para essa atividade é o próprio conhecimento técnico, não demandando de investimentos para obter retorno, ou seja, é a remuneração do conhecimento.

A possibilidade de trabalhar com outras realidades, outras empresas, agrega muita experiência que eu posso aplicar em meu próprio negócio.

BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?

Arthur Braga: Continuar trabalhando em prol do conforto presente e futuro de minha família, fazendo com que os negócios da família fiquem cada vez mais estáveis, o que serve de base para o crescimento ordenado e sem por em risco o patrimônio.

Uma das ações que faremos é organizar o processo de governança e sucessão familiar para tornar nosso negócio cada vez mais seguro e profissional.

Pretendo continuar e aumentar minha atuação em consultoria, em agricultura e gestão.

BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?

Arthur Braga: Essa tarefa deve ser feita pelos pais. Eu agradeço a Deus todos os dias por minha mãe, que é meu exemplo maior, ter nos permitido participar dos negócios desde cedo.

Quando criança, mesmo se for pra brincar de fazendinha debaixo do pé de manga enquanto os adultos estão no curral, o importante é crescer naquele ambiente, e assim que possível, começar a trabalhar e entender o de onde vem o dinheiro, que é um dos frutos do trabalho.

Se os pais trabalham com satisfação e transmitem isso aos filhos, acho que natural que os filhos se interessem em manter a atividade.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuarista do futuro no Brasil hoje? Quem você mais admira?

Arthur Braga: Admiro muito o senhor Romão Flor, que está sempre na vanguarda da pecuária nacional. Além do pioneirismo, ele preza muito pela opinião dos outros e está sempre aberto a novas tecnologias.

BeefPoint: Qual tema você acredita que será um marco na pecuária do futuro?

Arthur Braga: Rentabilidade. Essa é a palavra chave para que qualquer atividade se perpetue. Para a pecuária sobreviver é imprescindível que ela alcance rendimentos iguais ou superiores aos das atividades que concorrem por ela pelo seu recurso mais valioso que é a terra. Para isso temos que trabalhar em uma gestão primorosa, aumentando cada vez mais a produtividade para que o negócio seja sustentável.

BeefPoint: Em sua opinião, qual fazenda se destaca na pecuária hoje?

Arthur Braga: A Agropecuária Fazenda Brasil, em Mato Grosso. É exemplo de gestão e desempenho em pecuária.

BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas?

Arthur Braga: É necessário que pensemos em nossa fazenda como uma empresa, sujeita a “lei da selva” do mercado, onde não tem espaço para quem não for eficiente.

É triste andar por aí e observar o atraso e o descaso com que são tratadas as áreas de pastagem, degradadas, estruturas sucateadas, isso não pode mais acontecer nas propriedades pecuárias. Se não o destino é perder espaço seja pra cana, seja pra soja ou mesmo eucalipto. A verdade é, ou se apruma ou está fora.