O ressurgimento de focos de aftosa no estado do Rio Grande do Sul dominou o noticiário sobre o agronegócio nessas últimas duas semanas. A realização da Expointer durante essa semana propiciou declarações de várias autoridades.
O ressurgimento de focos de aftosa no estado do Rio Grande do Sul dominou o noticiário sobre o agronegócio nessas últimas duas semanas. A realização da Expointer durante essa semana propiciou declarações de várias autoridades. A determinação da provável origem, os problemas de troca de informações entre instituições, as acusações entre autoridades estaduais e federais e as consequências sobre os preços internos e sobre as exportações foram os principais assuntos.
Quanto à provável origem, as informações sobre as características atuais da região dos focos permite concluir que houve falta de fiscalização séria por parte dos responsáveis e falta de responsabilidade, provavelmente por ignorância e ou falta de engajamento no processo de erradicação da doença, dos proprietários. Como noticiado, a região tipicamente agrícola explora pastagens de inverno plantadas após as culturas de verão, principalmente soja, num sistema de rotação anual lavoura pastagem bastante interessante tanto do ponto de vista de sustentabilidade do sistema de produção como de geração de renda. O problema é que os animais usados nessa atividade tem que vir de fora da região (exploração através da parceria ou do aluguel). Nessas condições, o preço de compra e o tipo de animal (para terminação) são variáveis determinantes da rentabilidade. Portanto, esses animais podem ser trazidos de distâncias relativamente longas, que facilmente ultrapassam as fronteiras entre países e estados. A falta de um planejamento e gerenciamento conjunto entre os diferentes países de um programa de controle da doença, a falta de uma fiscalização rigorosa e punição exemplar e ainda a falta de um engajamento total dos produtores foram deteminantes no ressurgimento dos focos. É importante mencionar que engajamento só ocorre com conhecimento das consequências da doença. Esse conhecimento está sendo adquirido de uma forma dolorosa (rifle sanitário) e a um custo muito elevado muito difícil de ser mensurado, pois além dos prejuízos econômicos existem os de conceito e credibilidade.
Os desencontros de informações entre instituições federais e estaduais sobre atrasos na comunicacão sobre o surgimento dos focos e as acusações de uso político do problema foram lamentáveis, como foram lamentáveis os comentários de autoridade do Rio Grande do Sul dizendo que a origem dos focos seria o Mato Grosso do Sul sem ter nenhuma prova concreta. Pedir desculpas após acusações sem provas pode significar alguma coisa, mas não limpa totalmente a honra dos acusados. Acusar sem provas tem que ser considerado sempre falta de responsabilidade e ser punida como tal.
Felizmente ocorreram pontos positivos durante esse crise da aftosa, como o entendimento e a colaboração entre as secretarias de agricultura dos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo sobre fiscalização e movimentação de carnes entre e por esses estados. Por falar em Santa Catarina, que exemplo positivo ao afirmar que 100% do seu rebanho foi vacinado na última campanha.
Sobre os efeitos dos focos de aftosa sobre os preços internos da carne bovina, num primeiro momento eles tem sido localizados em alguns estados, como causando baixas no Rio Grande do Sul, provavelmente alta em Santa Catarina e não afetando outros estados e regiões. Entretanto, a médio prazo, a expectativa seria de um efeito de limitação da escalada de alta esperada e normal nessa época do ano. Quanto às exportações, a expectativa a curto e longo prazos não devem ser afetadas, mas as de médio prazo deverão ser, se não em quantidade mas provavelmete em valores.
Um outro assunto relacionado com aftosa que tem aparecido na imprensa e causado manifestações é o relacionado ao término do convênio entre Secretaria de Agricultura do estado de São Paulo e o Fundepec. A seção Conjuntura de hoje do BeefPoint aborda esse assunto de uma maneira racional.