Se tudo ocorrer, rigorosamente, como aconteceu em 2019 – quando houve a confirmação de caso atípico da doença da vaca louca no País – a reabertura das exportações brasileiras de carne bovina para a China pode acontecer nessa sexta-feira, 17 de setembro.
A avaliação é do engenheiro agrônomo e doutor em economia Alexandre Mendonça de Barros, sócio consultor da MB Agro, feita durante o segundo encontro do “Tour DSM de Confinamento 2021”, promovido no início da noite dessa terça-feira, 14.
Desde o dia 4 de setembro, data de confirmação dos casos atípicos de vaca louca pelo Mapa em Minas Gerais e Mato Grosso, estão suspensas temporariamente as exportações de carne bovina para a China.
Se a reabertura não ocorrer na sexta-feira, pode ser que aconteça até o início da próxima semana. Para Barros, a China não deve alongar muito esse tempo porque o país está demando muito a proteína bovina, o que tem feito os cortes subirem de preço, especialmente nos últimos dias.
“Os preços da carne bovina no atacado chinês voltaram a subir. Já o preço da carne suína derreteu e voltou para os patamares antes da peste suína africana. É sinal de que o mercado está apertado para os chineses que precisam originar carne para virada do fim do ano”, explica Barros.
Como o especialista já constatou, a carne bovina está cada vez mais apreciada pelo chinês e o alimento deverá ter maior participação nos pratos centrais para as comemorações do Ano-Novo chinês, a principal celebração no país e que se estende por 15 dias de festividades.
A data de comemoração é móvel – pois está relacionada ao calendário lunar. No calendário gregoriano, a comemoração cai no final de janeiro e início de fevereiro. Este ano celebração foi no dia 12 de fevereiro e, ano que vem, no dia 1º de fevereiro.
Falta de contêineres
A falta de contêineres de exportação é outro empecilho que está atormentando a logística de embarques do Brasil para o resto do mundo, segundo Barros.
O motivo para isso é o grande fluxo de mercadorias entre os Estados Unidos e a China, que tem concentrado o uso dessas importantes unidades nos transportes de cargas.
Segundo Barros, essa falta não só afeta as exportações de carnes, mas de outros produtos do agro como o café e açúcar. Além disso, o número reduzido de contêineres faz com que o País deixe de aproveitar a oportunidade de exportar mais carne para os Estados Unidos.
“Nesse momento nós teríamos um potencial de arbitragem fantástico com os Estados Unidos, porque lá a carne bovina está explodindo de preço. A indústria americana está tendo dificuldades de contratar agentes para ampliar seus abates e nós aqui temos oferta, escala e poderíamos estar colocando mais carne no mercado americano. Seria uma oportunidade de exportação interessantíssima, mas a logística não está ajudando”, afirma.
Prognóstico de safra
Outro alento trazido pelo especialista é uma safra de grãos mais robusta e farta tanto no Brasil como o restante do mundo, sobretudo nos Estados Unidos e na China, os principais produtores de milho do mundo – respectivamente, o 1º e o 2º maior produtor do cereal no planeta.
Com uma sinalização de uma boa safra do cereal, a tendência é de preços menores de milho no próximo ano, o que poderá influir em custos menores de alimentação do rebanho confinado.
“Teremos aqui a maior área já plantada de soja no País, com 40,1 milhões de hectares, e provavelmente vamos ver a maior safrinha já plantada”, diz Barros.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra total de milho deverá de 20,6 milhões de hectares, com poderá crescer 3% a mais que na safra 2020/2021, o que poderá render uma safra de cerca de 116 milhões de toneladas.
Fonte: Portal DBO.