O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu que sofre pressões para que ele confirme ou negue a existência de focos de febre aftosa no Paraná, mas garantiu que um anúncio final sobre o assunto será eminentemente técnico.
“As pessoas querem uma decisão política. Eu sou pressionado pelo governo e pelos empresários do Paraná para dizer que não é (aftosa). E pelos empresários do resto do Brasil para dizer que é, porque é muito mais fácil dizer que tem um foco, que ele será isolado e que pode voltar a exportar carne”, afirmou o ministro, em Jaboticabal.
“Minha decisão política não será gratuita, será lastreada na eliminação técnica completa de qualquer dúvida que exista”, completou. Ele admitiu ainda estar convencido de que não houve foco de aftosa no Paraná, considerou o sistema de defesa sanitária do estado como um dos melhores do Brasil, mas disse que não poderia oficializar essa posição por não ter informações conclusivas sobre o assunto.
Ele voltou a negar que sua pasta tenha pressionado para que o Paraná assumisse casos da doença, conforme afirmou o diretor-geral da Secretaria de Agricultura local, Newton Pohl Ribas.
Entretanto, Rodrigues admitiu ter se precipitado ao dar declarações públicas de que, se tivesse sido caracterizado o foco da doença no estado seria melhor, porque o problema seria combatido. O ministro explicou que nas análises de laboratório para aftosa, se o resultado der positivo, esgota o assunto, mas se der negativo, é preciso fazer outra avaliação, o que leva tempo.
“A única coisa que o governo federal quer é esgotar a questão técnica. Mas, enquanto isso, fica a interrogação, a pressão dos dois lados e o mundo olha para nós e fala: esses caras estão mutretando”, completou Rodrigues, que prometeu para esta semana um laudo conclusivo sobre a existência, ou não, da doença no Paraná.
Fonte: O Estado do Paraná, adaptado por Equipe BeefPoint
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A questão da aftosa no Paraná já não é mais sanitária e sim política.
Os produtores paranaenses correm o sério risco de ver seus rebanhos mortos para justificar uma precipitação dos governos estadual e federal em dar entrevistas dizendo que existia aftosa no estado quando na verdade nunca ocorreram sintomas e muito menos focos da doença. Como já veiculado pela imprensa chegou-se até a cogitar-se a hipótese de sacrificar animais sabidamente sadios para se dar uma satisfação à comunidade, e com isso quem paga o pato é o produtor.
Como dizia o poeta: “Na batalha entre o rochedo e o mar quem apanha é o marisco”.