A confirmação do foco de aftosa na Bolívia acirrou a discussão sobre a portaria 200 no Rio Grande do Sul. A determinação proíbe o ingresso de carne bovina com osso de todo o Brasil em território gaúcho, além de cortes maturados e desossados do Paraná e do Mato Grosso do Sul.
A confirmação do foco de aftosa na Bolívia acirrou a discussão sobre a portaria 200 no Rio Grande do Sul. A determinação proíbe o ingresso de carne bovina com osso de todo o Brasil em território gaúcho, além de cortes maturados e desossados do Paraná e do Mato Grosso do Sul. Mas, devido à escassez de gado no RS e do preço da arroba estar até 20% maior do que no centro do país, a indústria solicita a aplicação da IN 82, que permite a entrada de cortes de estados como Santa Catarina, Rondônia e Acre. Até mesmo a Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas) entrou na briga, pressionando por aumento de oferta de carne e alegando reajuste de preços.
A portaria está em análise no Departamento de Produção Animal (DPA). Segundo o secretário da Agricultura, João Carlos Machado, o episódio na Bolívia é extremamente relevante. “É um fato concreto. Nossa preocupação é em manter o status alcançado pelo RS”, assegura. O Sicadergs insiste na sua posição, mesmo que Rondônia e Acre façam fronteira com a Bolívia. “Não tem nada a ver uma coisa com a outra. A aftosa está no país vizinho, e não aqui”, justificou o diretor executivo do Sicadergs, Zilmar Moussalle. A visão é tida como imediatista por Machado.
O diretor do DPA, Antonio Ferreira Neto esclarece que o episódio colocou os fiscais de trânsito em Porto Soberbo e Porto Mauá em alerta. “Muitos produtores de soja desses municípios mantêm plantações no Paraguai e na Bolívia”, informa. O presidente da Comissão de Bovinocultura de Corte da Farsul, Carlos Simm, diz que o caso reforça a posição favorável dos pecuaristas à manutenção da portaria. A notícia é do jornal gaúcho Correio do Povo.
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Sem dúvida que a visão do Sicadergs e da Agas são imediatistas e oportunistas.
O preço pago pela arroba no RS desde o último foco de aftosa estava na faixa de 20% abaixo do praticado nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, começando à inverter-se o processo à partir do primeiro trimestre de 2006.
Graças ao nosso status sanitário, aliado a fatores extras, como seca e matança de fêmeas e gado padrão europeu, estamos vivendo um período de recuperação de preços e reposição de perdas.
Quanto a não ter nada à ver uma coisa com outra, como manifesta o presidente do Sicadergs, alegando que Rondônia e Acre apenas fazem fronteira com a Bolívia, é bom não esquecer que foi assim que tivemos nosso último foco de Aftosa, pois nós éramos “apenas” vizinhos da Argentina, que também “apenas” fazia fronteira com o Paraguai.
O estado de Santa Catarina é o único livre de aftosa sem vacinação e mesmo assim permite o ingresso de carnes maturadas de outros estados com status de livre com vacinação, inclusive de carnes com osso de Rondônia e Acre.
É estranho estas entidades defenderem tanto a restrição, não será só por interesses comerciais?
José R. D´Avila
Florianópolis – SC
A questão da febre aftosa é uma responsabilidade de todos nós, é importante repensar sobre a questão sanitária não só no mundo mas também em nosso país, que detém um número de rebanho expressivo. A manutenção do status sanitário é mais difícil do que chancelar sua evolução. Parabéns pelo artigo.
Um grande abraço, Selma Hage