Após rumores sobre a venda de sua fábrica na Rússia, a Sadia também estuda negociar sua unidade de abate de bovinos, localizada em Várzea Grande/MT. A empresa que enfrenta situação delicada após perda com derivativos, tenta com essas operações se capitalizar.
Após rumores sobre a venda de sua fábrica na Rússia, a Sadia também estuda negociar sua unidade de abate de bovinos, localizada em Várzea Grande/MT. A empresa que enfrenta situação delicada após perda com derivativos, tenta com essas operações se capitalizar.
A decisão de vender os dois ativos mostra que a intenção da Sadia neste momento é deixar negócios em que vem encontrando dificuldades ou que não fazem parte do “core business”.
Na Rússia, por exemplo, a Sadia enfrenta a deterioração do mercado por causa da crise financeira internacional, além de um relacionamento difícil com o sócio local, a Miratorg. Conforme apurou o Valor, a Sadia chegou a oferecer o ativo na Rússia e também a fábrica de Várzea Grande para a JBS-Friboi. Esta, porém, finaliza a construção de uma fábrica em Moscou em parceria com a italiana Inalca.
Apesar dessas possíveis negociações, a prioridade para a Sadia continua sendo a venda de ativos não operacionais, segundo apurou o Valor, mas a venda de ativos mais velhos e menos eficientes – além da unidade russa e do negócio de bovinos – não está descartada para que a companhia consiga se capitalizar.
Inauguração
Ao mesmo tempo em que estuda a venda de ativos, a empresa prepara-se para inaugurar na segunda-feira a fábrica de Vitória de Santo Antão (PE), que vai produzir processados de carne. De acordo com fontes no Estado, a Sadia até pensou em desistir do negócio por causa das dificuldades financeiras, mas foi convencida a mantê-lo após conversas com o governo pernambucano, que ajudou a empresa a obter um empréstimo com o Banco do Nordeste.
A obra está avaliado em cerca de R$ 300 milhões, e mais de R$ 200 milhões virão por meio de financiamentos. A Sadia também obteve como incentivo para investir no Estado, crédito de até 90% de ICMS.
Ação contra ex-diretor
O conselho de administração da Sadia, decidiu não sugerir a abertura de uma ação de responsabilidade contra o ex-diretor financeiro da empresa, Adriano Ferreira, pela contratação de operações com derivativos cambiais de alto risco.
O colegiado optou por deixar tal decisão à assembleia de acionistas que avaliará o relatório da auditoria BDO Trevisan. O encontro será em 6 de abril, conforme convocação divulgada ontem.
A não solicitação de uma ação contra o ex-diretor deixa o conselho desconfortável. Os membros do órgão, nesse cenário, têm de conviver com a sensação de conivência ou negligência com os derivativos que levaram a empresa à atual delicada situação financeira. Por isso, tal iniciativa contra o ex-executivo não está completamente descartada ainda – pelas pressões internas no conselho da empresa.
A avaliação de pessoas que conheciam a estrutura de governança da Sadia – na qual a diretoria financeira se reportava diretamente à presidência do conselho – é que sugerir uma ação contra Adriano Ferreira e não fazer o mesmo com Walter Fontana, então presidente do conselho, seria incoerente. Assim, não espanta o relatório da BDO Trevisan não ser recebido com completa satisfação pelo conselho, em reunião ocorrida ontem.
Fonte próxima a discussão argumenta que o objetivo do relatório da auditoria externa não era apontar culpados, mas buscar falhas nos procedimentos internos.
As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.