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Seca desloca rebanho bovino dos EUA

O mercado com preços recordes para bovinos é uma excelente oportunidade para os pecuaristas do Texas, encorajando-os a reconstruir o maior rebanho de corte dos Estados Unidos. Porém, isso se eles ainda estiverem no negócio. Se eles têm pastos para alimentar seus animais. Se eles tiverem chuvas.

Uma seca que forçou uma massiva redução do rebanho em 2011 está em seu quarto ano e mesmo se a economia e o clima se combinarem, suficientemente para trazer alívio na segunda metade de 2014, os “SEs” permaneceriam na forma inquietante dos fato: o clima está aquecendo, as populações crescentes estão competindo com os produtores por terra e água, uma importante fonte de bovinos – o México – vem sendo prejudicado de forma significativa devido às controversas leis de Rotulagem do País de Origem dos Estados Unidos e as plantas frigorificas estão fechando.

Os fechamentos, como do abatedouro de Plainview, em Texas, da Cargill, e da planta de Brawley, Califórnia, da National Beef Packing Co., reduziram a capacidade de abate de bovinos do país em 6% em pouco mais de um ano. O fechamento das duas plantas também acelerou uma tendência: o perímetro geográfico da indústria está se estreitando ao redor das Planícies do Norte (as Dakotas, Kansas e Nebraska) e região Central Norte (Iowa e Mossouri).

Os bovinos estão se movendo. Os frigoríficos terão que segui-los, à medida que há pelo menos 10% mais capacidade de abate do que a indústria precisa. Mais que apenas uma questão de geografia, a perspectiva demanda uma mudança na estratégia para criar bovinos, fornecendo ofertas confiáveis e vendendo novos produtos.

Mapa Seca 1994

Mapa Seca 2014

“Mesmo depois, haverá outra planta, se não duas, que provavelmente fecharão antes desse calvário terminar”, disse Don Close, economista pecuário do Rabobank. Isso, disse ele, causará outro importante impacto na concentração da indústria.

Ninguém sabe quando essa situação chegará ao fim, mas os 76,2 a 152,4 milímetros de chuva que caíram no Oeste do Texas durante o final de semana do Memorial Day e as chuvas subsequentes com certeza não colocarão um fim nisso.

“Estamos no quarto ano de seca”, disse a professora associada e diretora do centro de ciências climáticas da Texas Tech University, em Lubbock, Katherine Hayhoe. “Para repor os reservatórios esvaziados e a umidade do solo, não precisamos apenas de um ano normal (de chuvas) ou de apenas chuvas simples. Precisamos de um ano anormalmente úmido para voltar às condições normais”.

Em uma área que tem apenas cerca de 508 milímetros de chuva em um ano normal – comparado com cerca de 914,4 milímetros de chuvas em Iowa, em média – um “ano anormalmente úmido” no Oeste do Texas não pareceria precisar de muito para mudar os padrões climáticos, mas até as chuvas do Memorial Day, a área de Lubbock viu menos de 25,4 milímetros de chuva desde o começo do ano. As condições estão melhores do que em 2011, o ano mais quente e seco já registrado no Texas, mas isso é um conforto nesse ponto.

“Nós não estamos muito melhor aqui agora [do que em 2011]”, disse John Perrin, dono da Perrin Farm & Ranch em Deaf Smith Co., Texas. A região é responsável por quase 93% da produção de carne boi gordo do Estado e quase metade de sua produção total pecuária.

Os pecuaristas do Texas dizem que nunca pensavam que viveriam para ver uma seca tão prejudicial como essa, que custou à indústria pecuária do Estado US$ 3,2 bilhões somente em 2011. Alguns ficaram sem opção a não ser mover seus animais para o norte, em busca de água e pasto de Nebraska.

Seus colegas na Califórnia também estão vendendo seus rebanhos, à medida que o Estado sofre o que alguns climatologistas estão chamando de a pior seca em 500 anos.

Novamente, essas péssimas condições pressionaram os preços para níveis historicamente altos. O sangue otimista e oportunista herdado através de gerações significa que esses cowboys estão mastigando o freio, de olho nas margens e querendo investir em mais animais. Porém, seu respeito pela fúria da natureza talvez nunca tenha sido maior, especialmente à medida que mais evidências surgem sobre o efeito da mudança climática na agricultura. Quaisquer planos de reconstrução terão que ser medidos contra isso e outros sérios desafios.

Na medição do impacto da seca, cabeças se voltarão ao Texas em particular devido a seu enorme papel na produção de carne bovina do país. Para colocar isso em perspectiva, considere que todo o rebanho de corte dos Estados Unidos caiu em 5%, de janeiro de 2011 a 2013; 65% da queda foi devido às reduções no Texas somente.

A participação do Texas no número nacional de bovinos em engorda de acordo com isso tendeu a cair. Parte dessa redução nos últimos anos pode ser somente relacionada à seca e talvez temporária. Porém, algumas partes da mudança de localização do rebanho provavelmente é mais permanente.

“Meu palpite é que quando os números de animais aumentarem, a produção em confinamento nas Planícies do Sul não acompanharão, resultando em uma participação menor ao longo do tempo”,  disse o economista pecuário da Universidade do Estado de Oklahoma, Derrell Peel. “Poderá haver uma mudança estrutural onde as mudanças dos bovinos para engorda de alguma forma voltem ao Meio-Oeste”.

Glynn Tonsor, economista pecuário da Universidade do Estado do Kansas, acredita que uma mudança estrutural tem sido feita por pelo menos uma década e que a seca é meramente um acelerador. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que ele compilou mostram um declínio na participação de bovinos de corte nas Planícies do Sul que pariram desde 2005, particularmente acelerando com uma queda de 4% nos últimos quatro anos. As Grandes Planícies, ao mesmo tempo, viram sua participação desse subconjunto do rebanho aumentar em quase 3% no mesmo período.

Além disso, enquanto nacionalmente os produtores estão retendo mais novilhas para repor vacas de corte que estão envelhecendo – um claro sinal de intenção de reconstruir o rebanho -, a participação do Texas caiu em cerca de 5% no ano passado. As Grandes Planícies têm visto sua particupacao aumentar em quase 5% no mesmo período.

O rebanho nacional está em sua menor contagem desde os anos 50, mas isso não aconteceu apenas nos últimos quatro anos. Desde 1995, o rebanho de corte das Planícies do Sul caiu mais dramaticamente, em quase 2,2 milhões de cabeças, comparado com o sudeste (1,7 milhão) e Grandes Planícies (549.000).

“Na contagem total de cabeças, as Grandes Planícies seguiram a tendência nacional de cair no período de 1995-2010, embora seu papel relativo como local de criação de bovinos de corte e novilhas sendo retidas esteve crescendo antes da seca e permanece maior do que em 2010”, escreveu Tonsor em um relatório no começo desse ano para o Centro de Informações Comerciais Pecuárias (LMIC). “Isso sugere que as Grandes Planícies são uma grande área em termos de seu papel na indústria nacional”.

“A migração de bovinos para o norte sem dúvidas está ocorrendo”, disse Close, do Rabobank. Além disso, à medida que o México investe no crescimento de sua própria infraestrutura de processamento de carnes, “isso reduzirá o número de bovinos de engorda [sendo importados’ pelos Estados Unidos e Planícies do Sul e eu acho que isso será um problema para a indústria das Planícies do Sul”.

Expansão significante do rebanho em qualquer lugar está a pelo menos dois anos de distância. Mesmo depois – como nossa história será nos capítulos seguintes -, os produtores e processadores enfrentam uma batalha difícil contra a mudança climática, aumento dos preços dos grãos e competição por terra e água.

Fonte: http://dryagebeef.meatingplace.com, traduzida pela Equipe BeefPoint.

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