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Segurança alimentar global em xeque

“Acho que as coisas continuarão apertadas por enquanto”, diz Werner Baumann, presidente-executivo da Bayer. As temperaturas elevadas neste verão no Hemisfério Norte intensificaram a seca no oeste dos EUA e nas Grandes Planícies americanas. O calor intenso em Estados como Kansas, Nebraska e Oklahoma veio quando as plantações de milho estavam em fase de polinização em muitas partes do Cinturão de Grãos, quando as plantas exigem mais água. Algumas lavouras do cereal também foram semeadas mais tarde neste ano, após uma primavera úmida, o que levou a perdas de rendimento.

Com isso, o Departamento da Agricultura dos EUA (USDA) reduziu sua estimativa para a produção de milho do país em 2022/23 para 354,2 milhões de toneladas, 3% menos que o projetado em agosto e volume 8% mais baixo do total de 2021. A previsão para a colheita de soja também foi reduzida em 3%, para 119,2 milhões de toneladas, pouco abaixo do desempenho do ciclo 2021/22. A consultoria Professional Farmers of America reduziu em agosto seus cálculos para a produtividade do milho em 13% em Nebraska e em 22% em Dakota do Sul.

A expectativa atual é de que o milho terá neste ano seu menor rendimento dos últimos anos na América do Norte e na Europa, impedindo que 2022 seja um ano de retomada da oferta mundial, disse nesta semana Chuck Magro, presidente-executivo da Corteva, em apresentação a investidores. “Os mercados globais de grãos e oleaginosas precisarão de duas safras normais consecutivas para que a oferta se estabilize”, reforçou. O quadro tem sustentado as cotações no mercado internacional.

Insegurança alimentar

Em um relatório de setembro sobre a insegurança alimentar em 77 países de renda baixa e média, o USDA estimou que o número pessoas no mundo que sofrem com o problema chega a 1,3 bilhão, um aumento de 10% sobre a estimativa de 2021. Isso por causa de escassez ou aumento de preços.

Depois de dispararem após a invasão da Ucrânia pela Rússia, no fim de fevereiro, as cotações dos cereais caíram nos últimos meses, sobretudo depois do acordo que criou um corredor de exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro e liberou milhões de toneladas que estavam presas em silos do país. Os temores de uma possível recessão mundial também pesaram sobre os mercados de commodities agrícolas.

O presidente-executivo da ADM, Juan Luciano, disse, em conferência de investidores em 7 de setembro, que, entre março e agosto, a Ucrânia exportou apenas 40% dos grãos que normalmente embarcaria no período. Com o acordo que criou o corredor, o percentual sobe para 60%. Mas esse número poderá melhorar e se aproximar de 80% ou 90%, afirma Luciano.

Corredor de exportação

Ocorre que o corredor de exportação está sob pressão depois que autoridades russas passaram a afirmar, nas últimas semanas, que estão insatisfeitas com seus termos. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu neste mês que a Rússia poderá rever o acordo intermediado pela ONU e pela Turquia, sob a alegação de que o Ocidente tirou vantagem do corredor de exportação de grãos à custa do mundo em desenvolvimento. A ameaça voltou impulsionar os preços do trigo, que vinham recuando nas últimas semanas.

Autoridades russas também disseram que partes do acordo que tinham como objetivo ajudar a Rússia a exportar fertilizantes e outros produtos agrícolas não têm surtido muito efeito. Executivos do setor agrícola disseram que a renovação do acordo quando ele vencer, em novembro, é crucial para aliviar as pressões sobre a oferta mundial de alimentos. “Precisamos tirar esses suprimentos de lá”, disse Greg Heckman, presidente da Bunge. “Não só pela segurança alimentar, mas também para liberar de espaço de armazenagem para a próxima safra”.

Fonte: Valor Econômico.

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