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Segurança das dietas ricas em proteínas

Dietas ricas em proteínas e pobres em gordura têm produzido resultados impressionantes para a perda de peso em pessoas com sobrepeso. Entretanto, com o maior interesse em dietas ricas em proteínas para o controle de peso, vem surgindo também preocupações sobre sua segurança a curto e longo prazo. Apesar das controvérsias, alguns estudos sugerem que as dietas ricas em proteínas podem ter efeitos adversos para a saúde renal, dos ossos e do intestino.

Dietas ricas em proteínas e pobres em gordura têm produzido resultados impressionantes para a perda de peso em pessoas com sobrepeso. Entretanto, com o maior interesse em dietas ricas em proteínas para o controle de peso, vem surgindo também preocupações sobre sua segurança a curto e longo prazo. Apesar das controvérsias, alguns estudos sugerem que as dietas ricas em proteínas podem ter efeitos adversos para a saúde renal, dos ossos e do intestino.

Para avaliar a segurança de dietas ricas em proteínas e pobres em gordura visando perda de peso, a professora associada do setor de nutrição humana do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), Manny Noakes, conduziu um estudo com 123 homens com excesso de gordura abdominal ou que estiveram obesos durante um ano (110 homens completaram o experimento em 12 semanas; 68 homens completaram em 52 semanas) (1). Os homens receberam aleatoriamente duas dietas com quantidades similares de calorias. O objetivo do estudo era avaliar os efeitos de cada dieta na perda de peso e na composição corpórea e fatores metabólicos, incluindo marcadores de saúde intestinal, renal e óssea.

Composição da dieta


Perda de peso e composição corpórea

Ambas as dietas, rica em carboidratos e rica em proteínas, resultaram em perdas similares de peso, com uma redução média no peso corpóreo de 8,4% até a semana 12 e 10,8% em 52 semanas.

Apesar de a perda de peso ter sido similar, houve diferenças nos resultados da composição corpórea. “A gordura abdominal é um importante fator de risco para homens para uma série de doenças, incluindo câncer cólon-retal e outros cânceres, e descobrimos que dietas ricas em proteínas foram mais efetivas para a redução dos níveis de gordura abdominal”.


Saúde intestinal

Existem preocupações sobre a segurança sobre dietas ricas em proteínas e carnes vermelhas com relação à saúde intestinal. Isso porque estudos epidemiológicos indicaram que maiores ingestões de carnes vermelhas mostraram um pequeno aumento no risco relativo para câncer cólon-retal (2). Entretanto, quando esses padrões foram controlados por ingestão de fibras dietéticas ou peixes, cai a significância, sugerindo que o padrão total da dieta é mais importante do que itens alimentícios isolados (3). A inclusão de um controle de peso nesses padrões provavelmente reduziria o risco.

A pesquisa investigou o impacto de longo prazo das dietas ricas em proteínas e carnes vermelhas na saúde intestinal. Noakes descobriu que após 52 semanas, não houve diferenças significantes em vários biomarcadores da saúde intestinal entre dietas ricas em proteínas (que incluíram 300 gramas de carnes vermelhas magras, quatro vezes por semana) e dietas ricas em carboidratos.

Um dos marcadores de saúde intestinal avaliados no estudo foi o comprimento dos telômeros nas células de tecido intestinal, que é uma importante medida de danos de DNA. O doutor Michael Fenech, que também é pesquisador do CSIRO, disse que a redução no comprimento dos telômeros está associada com maior risco para início de muitos carcinomas, como cólon-retal, pancreático, ósseo, pulmonar, renal e na bexiga. Esses dados preliminares sugerem que a perda de peso pode contribuir para a prevenção do encurtamento do telômero, um evento importante na carcinogênese.

Então, o estudo sugere que a perda de peso em si pode ser benéfica para a prevenção de câncer e que o risco de câncer pode ser reduzido como resultado da perda de peso, mais do que como efeito dos alimentos individuais consumidos.

Saúde dos ossos

Dietas ricas em proteínas tendem a ser produtoras de ácidos e foram relacionadas a efeitos adversos à densidade dos ossos. Para avaliar o efeito da alta ingestão de proteínas e a saúde óssea, Noakes mediu a densidade mineral dos ossos dos homens e a quantidade de cálcio excretada. Em 52 semanas, não houve nenhum efeito adverso da dieta rica em proteínas na saúde dos ossos com um decréscimo na excreção de cálcio observado em ambas as dietas e a densidade mineral óssea caindo menos no grupo que consumiu uma dieta rica em proteínas do que no grupo que consumiu mais carboidratos.

Saúde renal

Uma preocupação sobre a dieta rica em proteínas é que os rins se tornam sobrecarregados quando tentam processar os altos níveis de proteínas, de forma que o estudo avaliou uma medida importante da saúde dos rins – as taxas de clearance de creatinina. O estudo mostrou que o clearance de creatinina declinou em ambas as dietas na semana 12. Entretanto, na semana 52, a taxa não estava diferente do início do experimento, indicando que a dieta rica em proteína era tão segura quanto à de carboidratos em termos de saúde renal para pessoas com função renal normal.

O que isso significa para homens que precisam perder peso?

“A dieta rica em proteínas foi mais efetiva em melhorar a composição corpórea em homens do que a rica em carboidratos e observamos que não houve efeitos adversos, nem em curto nem em longo prazo, para a saúde intestinal, renal ou óssea. Sendo assim, para os homens que estão tentando perder peso, quantidades moderadas de carnes vermelhas magras e outras fontes protéicas podem ser consumidas como parte de um plano de dieta equilibrada”, disse Noakes.

Referências bibliográficas

1. Noakes M et al, (2007), ‘Bowel, renal and bone health markers during weight loss on a high protein high red meat diet compared to an isocaloric high carbohydrate diet in overweight/obese men at 1 year,’ Asia Pacific Journal of Clinical Nutrition, 16 (Suppl 3): S46.

2. Larsson SC et al, (2006), ‘Meat consumption and risk of colorectal cancer: a meta-analysis of prospective studies,’ International Journal of Cancer, 119(11):2657-2664.

3. Norat T et al, (2005), ‘Meat, fish, and colorectal cancer risk: The European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition,’ Journal of the National Cancer Institute, 97(12): 906-16.

Artigo baseado no trabalho: “How safe is a high protein diet for weight loss?”, de Manny Noakes, publicado no informativo VITAL (ed 37, fevereiro de 2008), uma publicação do Meat and Livestock Australia (MLA), que pode ser acessada no site http://www.redmeatandnutrition.com.au/NewsEvent/VitalNewsletter/VitalNewsletter.htm.

1 Comment

  1. Leonardo Costa Fiorini disse:

    Excelente. O artigo mostra com clareza como uma dieta rica em proteínas pode ser útil para se perder peso sem prejuízos à saúde. Lembrando que dieta rica em proteínas de boa qualidade é muitas vezes sinônimo de carne bovina. Existem alternativas de carnes magras como frango e pescados, mas o mercado oferece a carne bovina em um número muito grande de pontos de venda e a preços competitivos.

    Ponto para a carne bovina.

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