Semana de baixa: leve aumento da oferta e mercado da carne fraco ditaram o ritmo

Na última semana os compradores seguiram pressionando os preços da arroba e uma onda de recuo nas cotações ganhou força em todo o país. Com o frio mais intenso, o pecuarista tem que decidir se é melhor aguardar mais um pouco antes de vender e correr o “risco” de ter que suplementar seus animais ou negociá-los agora.

Os frigoríficos conseguiram comprar um pouco melhor nos últimos dias. Sabendo dessa necessidade de venda do pecuarista e com certa dificuldade para negociar a carne no atacado, que está tirando a sustentação dos preços da arroba, os compradores estão tentando forçar novos recuos e aos pouco conseguem comprar a preços mais baixos.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista

O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista acumulou retração de 1,93% na semana, sendo cotado a R$ 99,83/@, quebrou a barreira dos R$ 100,00/@, fato que não acontecia desde 18 de outubro de 2010. O indicador a prazo foi cotado a R$ 101,24/@ na última quarta-feira, com desvalorização de 1,82% nos últimos 7 dias.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&FBovespa, relação de troca, câmbio

Acabei de conversar com um amigo pecuarista, que trabalha com recria e engorda, que disse que já negociou os lotes de animais terminados e está preferindo vender seus bois magros a apostar no confinamento este ano. Segundo ele o custo da arroba confinada está bem mais alto este ano e não existem garantias de preços muito melhores no 2º semestre, apesar das expectativas otimistas de muitos agentes. Por outro lado, a demanda por gado magro está aquecida e ele tem conseguidos bons preços em seus animais. “Fiz umas contas e preferimos reduzir o estoque de animais agora e investir em uma suplementação a pasto para o resto do rebanho, ao invés de enfrentar os altos custos do confinamento”.

Segundo análise do Cepea, “em algumas regiões de São Paulo, a oferta de animais ainda não aumentou de forma expressiva e as escalas de abate não estão longas. Apesar disso, compradores reduziram a demanda no estado ao realizar negócios em outras praças, onde a oferta esteve ligeiramente maior”.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição informando preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

Apesar do indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista ter recuado 4,72% na semana, sendo cotado a R$ 760,53/cabeça, o mercado de animais de reposição segue aquecido e muitos pecuaristas que precisam comprar bezerros, garrotes e boi magro comentando os preços estão em patamares muito elevados. Alguns afirmam que a oferta está um pouco melhor nesse momento, mas estão tendo que pagar mais para conseguir comprar animais de qualidade.

André Fioravanti, de Dracena/SP, comentou que vendeu machos desmamados, com aproximadamente 9 meses, a R$ 750,00/cabeça e as fêmea estão sendo cotadas a R$ 600,00.

Com esta retração no valor do indicador de bezerro, a relação de troca melhorou um pouco em relação à semana passada, mas ainda está baixa em 1:2,17. A margem bruta da reposição também está entre as piores de 2011 (R$ 886,67), mas está acima da média de 2010, que foi de R$ 776,69, e está 51,23% maior que no mesmo período do ano passado. A margem bruta na reposição é o valor que sobra da operação de venda de um boi gordo de 16,5@ e compra de um bezerro desmamado e que será usado para investimentos, pagamento de contas e salários e lucro

Segundo o Boletim Intercarnes, no mercado da carne bovina a a procura não melhorou nos últimos dias e se observa somente pequenas especulações por parte distribuidores, mantendo muita instabilidade e indefinição em termos de preços.

Já entramos na segunda metade do mês, quando historicamente o consumo é menor, e em termos de preços o mercado da carne bovina deve se manter instável e indefinido nos próximos dias, tendendo somente a um melhor equilíbrio (oferta, procura e preços) na próxima semana, caso haja o escoamento existente de ofertas no mercado.

No atacado paulista, o equivalente físico foi calculado em R$ 90,45/@, acumulando desvalorização de 3,75% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente está em R$ 9,38/@, acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 5,91/@.

Tabela 2. Atacado da carne bovina

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