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Setor discute impactos da exportação de boi vivo

Segundo a coordenadora de agronegócios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Rita de Cássia Vieira, a venda de bovinos vivos para o exterior interfere pouco na estabilidade do mercado interno brasileiro de carne resfriada ou congelada. Segundo ela, a atividade tem crescido de forma moderada e está concentrada basicamente no Pará.

“O crescimento das exportações de animais vivos demonstra que o sistema de defesa sanitária animal brasileiro alcançou a credibilidade necessária perante os compradores”, afirmou o diretor de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Jamil de Souza, durante audiência pública sobre exportação de bovinos vivos. O debate foi na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (4).

Souza explicou que é papel do governo assegurar as garantias sanitárias para a exportação de animais vivos ou de produtos de origem animal. Ele destacou, ainda, que o Brasil evoluiu, na última década, no sentido de atender às exigências dos países importadores, o que resultou na abertura de mercado para os embarques de bovinos.

O País começou a exportar bovinos vivos em 2003. Até 2009, o setor cresceu 23.000%, conquistando a posição de quarto maior exportador mundial nesta categoria, atrás de Canadá, México e Austrália. Atualmente, a média de vendas internacionais já superou os 500 mil animais por ano, o que representa apenas 1,3% do total abatido no País.

Este crescimento tem incomodado ambientalistas, frigoríficos e curtumes. Um dos argumentos dos ambientalistas é de que o país poderia aumentar os lucros e gerar mais empregos se o abate fosse feito aqui, beneficiando também a indústria de alimentos e de couro.

O Brasil é o quarto maior exportador de bovinos vivos. A maior quantidade sai do Pará. O gado brasileiro percorre longas distâncias: 70% vão para a Venezuela e o restante chega a viajar até 21 dias de navio para o Líbano ou o Egito. A sociedade mundial de proteção animal reclama dos maus tratos.

Foram os representantes do governo que puseram um ponto final na discussão. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, tanto as vendas de carne congelada quanto as exportações de bovinos vivos estão crescendo. E uma atividade não prejudica a outra.

O Ministério da Agricultura publicou, em março, uma instrução normativa estabelecendo regras para esse tipo de transporte. Os animais devem estar descansados e alimentados antes do embarque. Além disso, o navio deve passar por uma inspeção e ter espaço adequado e ventilação.

Segundo a coordenadora de agronegócios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Rita de Cássia Vieira, a venda de bovinos vivos para o exterior interfere pouco na estabilidade do mercado interno brasileiro de carne resfriada ou congelada.

Segundo ela, a atividade tem crescido de forma moderada e está concentrada basicamente no Pará, responsável por 96% das operações nacionais. “Não há desequilíbrio na cadeia produtiva. O ministério, porém, continuará monitorando o mercado. Se houver um aumento espetacular nos índices de exportação de gado em pé, aí sim poderemos pensar em medidas compensatórias para a indústria”, afirmou.

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) defendeu a venda de animais vivos no Pará como forma de fugir dos interesses dos frigoríficos locais. “Sem a exportação do boi em pé, os produtores rurais paraenses estariam quebrados, pois eles sofrem nas mãos de cartéis”, disse.

Para o economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Reinaldo Gonçalves, no entanto, é um erro o País investir na comercialização de bois em pé. “Trata-se de um lamentável exemplo de ´primatização´ da pauta de exportação; de nos tornarmos meros fornecedores de matérias-primas”, argumentou. O estudioso acrescentou que a prática conflita com as pretensões do Brasil de se tornar referência no comércio internacional.

Essa opinião foi compartilhada pelo representante da Associação Brasileira de Frigoríficos, Francisco Victer, que considerou o abate necessário “não só por questões econômicas, mas também como estratégia para agregar valor à nossa indústria”.

Já a Associação Brasileira dos Exportadores de Gado em Pé (Abeg), afirmou que a comercialização de bovinos vivos não inviabiliza outros negócios e é mais um canal de escoamento da produção.

Em defesa dos exportadores de gado em pé, a Abeg garantiu que os produtores também estão preocupados com o bem-estar animal e tomam todos os cuidados possíveis com o transporte do gado, destacondo que o produtor se beneficia mais exportando gado vivo. Exportando o bovino em pé, o produtor recebe mais pelo animal. Esse dinheiro fica no campo, representa investimento e quando o produtor vai bem a indústria de insumos também se dá bem. E, se fizermos uma conta, a agregação de valor no campo em função do pagamento melhor pelo produto é 255% maior do que o valor agregado na exportação.

André Skirmunt e Alexandre Mendonça de Barros – que palestraram ontem no Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2010/2011, promovido pela BM&FBovespa – concordaram que a exportação de boi em pé não em grande efeito nas exportações de carne brasileiras quando analisado um ambiente mais “macro”, mas pode causar pressões regionais.

As informações são da Agência Câmara, Mapa e Canal Rural, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Juan Ignacio Peyrou Soares de Lima disse:

    Hay que decirle al Sr. Ec. Reinaldo Goncalvez y al Sr. Francisco Victer, que no hay nadie que no prefiera que el ganado brasileño se industrialice en Brasil, así como deseamos que el uruguayo se haga en Uruguay. La responsabilidad de que se exporte ganado en pie, no es de los exportadores. En todo caso es de quien generó condiciones para que la industria brasileña no pueda pagar por ese ganado lo mismo que el importador, contando con la ventaja de la localización. Si alguien pretende limitar el comercio de ganado en pie, está cometiendo una profunda injusticia, pero además está distorsionando la asisgnación de recursos. El ganadero no tiene que pagar las cuentas ajenas.

  2. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Apesar de pequeno este mercado esta crescendo porque os preços pagos pelos frigoríficos por determinados animais em determinadas praças são piores que os pagos pelos importadores de gado em pé. Simples assim.

    Pode não ser o desejado pela indústria, mas certamente não é justo que os pecuarsitas subsidiem a indústria vendendo seus produtos por preços inferiores ao que podem obter com outros clientes. E muitos destes mercado compram gado vivo por razões culturais. Deixar de fornecer animais vivos não resultará em aumento de venda de carne resfriada para estes mercados.

    Att,

  3. Humberto de Freitas Tavares disse:

    A exportação de bois vivos responde hoje por 7% da economia do Pará, e isso não é irrisório considerando a grande produção mineral do estado. Esta exportação de empregos, couros e subprodutos da carne é a última tábua de salvação do pecuarista, fruto evidente das incertezas sobre a garantia do direito de propriedade e das pressões de ambientalistas donos da verdade, secundados por uma sociedade amorfa, cujos filhos vêem sendo catequizados por ambientalistas de botequim e de shopping center.

    Infelizmente a dura realidade econômica é que o Pará está sendo abandonado pelos produtores legalistas, e o seu espólio vai ser assumido por predadores, que, nada tendo a perder, em poucos anos arrasarão a biodiversidade local. Quem viver, verá.

  4. Ricardo Flügel disse:

    Realmente e lamentavel a falta de visao das autoridade brasileiras em permitir este tipo de comercio. O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Reinaldo Gonçalves esta coberto de razao em seu comentario.

    Mas enfim o que o Brasil faz com o minerio de ferro, a laranja e outros? O ferro na sua maioria vai para a BMW e VW na Alemanha e volta transformado em “belas carroças” (compare um modelo europeu e um brasileiro e vc vai entender o que estou falando) para o povo brasileiro, que vai ficar pagando a carroça anos e anos.

    A laranja depois que eles, os importadores retiram em seus paises tudo que ela tem de bom volta para o Brasil somente o bagaço (suco de laranja cheio de quimica, tudo produto sintetico feito em laboratorio).

    Agora chegou a vez do boi…acorda Brasil ate quando vais continuar com ideias primitivas e colonia…
    (desculpe-me a falta de acentuaçao, meu teclado esta com layout diferende do brasileiro)

  5. Jorge Humberto Toldo disse:

    Sempre fui contra a exportação de boi em pé, acho que é fim para um setor tão importante. Exportar matéria prima nunca!!!

    Agora, o que dizer a um produtor paraense? Não venda seu boi mais caro em pé, venda mais barato para o frigo mais próximo??

    Mais barato por que? Porque é do Pará, bioma amazônico? Porque é fruto da destruição da amazônia? Porque está longe?

    Como que para exportar ele vale mais, mesmo sendo da amazônia? Longe de que? Longe está Paranaguá, Santos… o porto de Belém deveria ser o mais importante do Brasil, pois o norte é o grande produtor brasileiro de grãos, bois, minérios…. está a uma milha da canal do Panamá, da europa… E no entanto, a produção do norte tem que descer milhares de Km por estradas intransitáveis até Santos – Paranaguá. Aí fica caro mesmo.

    Mas lastimo a venda de matéria prima para o exterior. Não acho que seja um bom caminho para um país que precisa empregos, indústria forte e desenvolvimento.

    O que precisa sim, é de infraestrutura descentralizada nesse país. Investimentos em obras necessárias para levar o desenvolvimento ao interior do país. O não podemos permitir de modo nenhum é ficar totalmente dependentes de Santos – Paranaguá e estradas congestionadas e intransitáveis. O Brasil é muito maior que isso.