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Shuanghui (da China) compra Smithfield, maior processadora de carne suína do mundo

A crescente demanda da China por carnes, produtos lácteos e comidas processadas está motivando empresas daquele país a fazer aquisições cada vez maiores no exterior.

A crescente demanda da China por carnes, produtos lácteos e comidas processadas está motivando empresas daquele país a fazer aquisições cada vez maiores no exterior.

O anúncio na semana passada da compra da Smithfield Foods Inc. dos Estados Unidos, pela chinesa Shuanghui International Holdings Ltd. é mais um sinal dessa tendência. A aquisição de US$ 4,7 bilhões tem a meta de assegurar o fornecimento de carne suína para o mercado chinês.

A filial de Nova York do Bank of China estaria oferecendo US$ 4 bilhões em financiamento para a Shuanghui cobrir a maior parte do custo da compra. Já o Morgan Stanley, que está assessorando a Shuanghui na operação, estaria oferecendo cerca de US$ 3 bilhões em empréstimos, utilizando ativos da Smithfield como garantia. Esse empréstimo cobriria a dívida atual da Smithfield, incluindo debêntures conversíveis e empréstimos realizados pela processadora americana.

A Continental Grain Co, maior acionista da Smithfield Foods Inc, disse nessa segunda-feira (3/junho) que irá vender todas suas ações na maior produtora mundial de carne suína, evitando uma iminente batalha entre acionistas.

Em mais de uma década, esse é o maior negócio de uma empresa chinesa sobre uma companhia alimentícia no exterior. Outras aquisições incluem a compra da produtora de açúcar australiana Tully Sugar Ltd. pela estatal chinesa Cofco Corp., por cerca de US$ 140 milhões, no ano passado, e a compra da Manassen Foods Australia Pty. Ltd. pela Bright Food (Group) Co., de Xangai, em 2011, pelo valor estimado de US$ 522 milhões, incluindo dívidas. A Bright Food informou em 2012 que iria adquirir o controle da fabricante de cereais britânica Weetabix Food Co.

As compras fazem parte de um esforço amplo do governo chinês de assegurar o fornecimento de matérias-primas para a sua economia em rápido crescimento. As companhias estatais fecharam em anos recentes grandes negócios nas áreas de energia e mineração. Mas muitos dos investimentos no segmento de alimentos foram de menor porte.

A oferta da Shuanghui pela Smithfield, maior criadora de suínos e processadora de carne suína do mundo, sinaliza que as aquisições vão ganhar importância e escala.

À medida que a China fica mais rica, proteínas relativamente mais caras passam a ter maior presença na dieta da população. O consumo de carne na China ainda precisa crescer cerca de 8% em relação ao nível do ano passado para alcançar o da Coreia do Sul, de acordo com a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO).

O presidente do conselho da Cofco, Ning Gaoning, disse que a empresa busca oportunidades de investimento e aquisições nos EUA, Austrália e Brasil, sugerindo que, à medida que o paladar dos chineses for se tornando mais diversificado, a porta se abre para importações de produtos mais sofisticados.

No Brasil, os investimentos chineses totais anunciados entre 2003 e 2011 somaram US$ 37,1 bilhões, mas apenas US$ 302,6 milhões foram para o segmento de alimentos e fumo, de acordo com levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

De acordo com o analista do Rabobank, Chenjun Pan, o setor de carnes pode ser um grande alvo. O consumo de carne na China tem crescido sistematicamente e os preços mais do que dobraram desde 2007. O Departamento de Agricultura dos EUA estima que as importações de carne pela China devem chegar ao recorde de 175 mil toneladas este ano. Dados da indústria mostram que a China importou cerca de 61 mil toneladas de carne em 2012.

Li Guoxiang, pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Rural da Academia Chinesa de Ciências Sociais, reiterou que se contar apenas com os recursos domésticos para desenvolver a indústria de criação de animais, a produção de grãos da China enfrentará desafios e haverá mais problemas sérios de poluição ambiental. Contar com recursos estrangeiros pode também atenuar as preocupações do governo em relação à escassez de alimentos.

À medida que o aumento da riqueza se choca com uma série de escândalos sobre alimentos contaminados na China, potenciais compradores podem também adquirir fabricantes de alimentos processados de alta qualidade no exterior, incluindo azeite de oliva, carnes e produtos derivados do leite, como queijos e iogurtes, segundo Pan. O mercado doméstico não consegue convencer os consumidores de que a comida é segura, então há muito espaço para aquisições.

Fonte: The Wall Street Journal, jornal Valor Econômico e Exame, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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