Quando se compara a forragem fresca in natura com sua silagem, o resultado é que produtos ensilados geralmente apresentam qualidade inferior, principalmente devido ao processo de fermentação que consome parte de componentes solúveis da planta, o que leva a uma maior proporção dos compostos indigestíveis na silagem.
A produção de proteína microbiana no rúmen e o valor energético do alimento são determinados pela fermentabilidade dos carboidratos, sendo a fração solúvel da silagem constituída por uma combinação do material conservado da forragem original e de produtos finais da fermentação, como é o exemplo do ácido lático. Entretanto, os programas de balanceamento de rações frequentemente atribuem valores energéticos iguais para silagens e forragens frescas, apesar das diferenças na concentração de carboidratos solúveis e dos ácidos orgânicos presentes nas silagens.
O processo fermentativo converte os carboidratos disponíveis em ácido lático, ácidos graxos voláteis (AGV’s) e CO2. Quando ocorrem perdas de matéria seca durante a ensilagem (e perdas ocorrem para qualquer processo fermentativo de silagem, algumas mais outras menos), a digestibilidade pode diminuir com aumentos no conteúdo de fibra da silagem. O aumento no conteúdo de fibra é devido a uma combinação de perdas, dentre elas, o consumo de compostos solúveis da planta, perdas gasosas e perdas por efluentes.
O valor energético relatado por laboratórios que analisam forragens é geralmente derivado do conteúdo de fibra (FDN). Entretanto, a maioria das mudanças devido ao processo da ensilagem ocorre na porção solúvel da forragem. Consequentemente, o teor de fibra da silagem reflete a recuperação dos constituintes solúveis relativos à composição original. Isso leva a certa dificuldade em predizer o valor energético e nutritivo das silagens com teor de fibra similar, mas com frações variáveis de carboidratos solúveis.
No cenário de formulação de dietas facilmente encontramos 4 níveis:
Nível 1: Formula a dieta de seu rebanho e simplesmente oferece uma proporção de alimento para seus animais, a qual acredita que seja a correta.
Nível 2: Formula por meio de um banco de dados de alimentos e formula por este arquivo, desconsiderando seu real alimento.
Nível 3: Formula com uso do banco de dados e determina a matéria seca de seus ingredientes, principalmente o da silagem, a qual sofre grande variação no decorrer do silo e entre silos.
Nível 4: Formula por meio da análise bromatológica dos ingredientes e se atenta as variações na composição de seus alimentos.
O Nível 5: em breve estará a disposição de todos, com a possibilidade de inserção na formulação dos componentes orgânicos produzidos durante a fermentação (ácidos, ésteres, etc), momento em muitas respostas surgirão.
A descrição das silagens em termos de energia fornecida às bactérias ruminais é um passo inicial para entender como a qualidade da forragem se relaciona ao desempenho animal. A variação no conteúdo de carboidratos da silagem e de seus produtos de fermentação indica uma área de oportunidade para melhorar o manejo e formulação da ração.
Para o momento atual, a grande recomendação é de na propriedade ter uma balança para pesagem correta dos ingredientes, um determinador de matéria seca para alimentos úmidos e apoio técnico para auxílio na formulação da dieta. O “achismo” deve ficar de lado e está na hora de elevar o grau de profissionalismo do sistema.
1 Comment
Propriedades pequenas e até mesmo muitas médias passas a “lo largo” estas analises o importante e ter comida. Muito pertinente esta matéria, ótima mesmo.
Abrs. Élcio.