Por Fabiana S. Perobelli1
O mercado físico de boi gordo apresentou leve queda em comparação ao início de julho. O Indicador de Preço Disponível do Boi Gordo Esalq/BM&F, em 18 de julho, encontrava-se em R$52,54/arroba a vista e R$53,51/arroba a prazo. O Indicador de Preço Disponível do Bezerro Esalq/BM&F foi cotado, no mesmo dia, a R$354,07/cabeça a vista e R$361,61/cabeça a prazo.
Tabela 1 – Taxa de juro obtida na operação de spread
Gráfico 1 – Evolução dos preços futuros do boi gordo na BM&F
No mercado futuro da BM&F, os preços continuaram exibindo pouca volatilidade, mantendo-se estáveis dentro da última quinzena. Em 19 de julho, as cotações ficaram da seguinte forma: julho/05, R$52,31/arroba; agosto/05, R$53,29/arroba; setembro/05, R$54,70/arroba; outubro/05, R$56,40/arroba; novembro/05, R$57,43/arroba; dezembro/05, R$57,50/arroba; janeiro/06, R$57,45/arroba; fevereiro/06, R$57,50/arroba; março/06, R$57,60/arroba; abril/ 06, R$57,60/arroba; e maio/06, R$57,50/arroba.
É interessante notar que na BM&F já existe a possibilidade de os agentes do mercado conseguirem fixar seu preço para a próxima entressafra (2006) pelos vencimentos agosto/06 e outubro/ 06, cotados a R$62,50/arroba e a R$63,73/arroba, respectivamente.
Gráfico 2 – O que o mercado futuro sinaliza para 2006
Conforme os números do Secex, as exportações de carne bovina encontram-se em torno de 200 mil toneladas para junho, totalizando mais de 1 milhão de toneladas no ano, seja ela industrializada ou in natura, que representa 26% a mais comparado com o mesmo período de 2004. Para julho, as estimativas de exportações continuam com boas perspectivas devido à reabertura do mercado norte-americano para as carnes da América do Sul.
A Tabela 1 mostra os preços futuros do boi em 20 de julho para ilustrar as diferenças percentuais entre vencimentos próximos. Note que o preço de agosto estava em R$52,86/arroba e o de setembro, em R$54,18/arroba. A variação percentual entre esses dois períodos era de 1,6% ao mês ou 27,39% ao ano.
Gráfico 3 – Evolução do indicador esalq/bm&f do boi gordo
O que chama a atenção são os percentuais de taxa ao ano de setembro a novembro de 2005 e novamente em agosto de 2006. A diferença percentual entre agosto e setembro de 2005, por exemplo, estava em 27,39% ao ano; entre setembro e outubro de 2005, em 36,16% ao ano; e entre maio e agosto de 2006 em 40,26% ao ano, ou seja, todas essas diferenças superiores à taxa básica de juro de mercado, a Selic, fixada em 19,75% ao ano na reunião de 15 de julho do Comitê de Política Monetária (Copom).
Caso um investidor quisesse arbitrar essa diferença, com base no pressuposto de que o mercado futuro de boi fosse, ao longo do ano, buscar a paridade com a taxa de juro interna, poderia fazer operação denominada spread, ou seja, comprar um vencimento e vender o próximo.
A expectativa dessa operação é que o vencimento longo caia mais rápido que o curto, ou que o curto suba mais rápido que o longo. Deve-se lembrar que há risco de que o spread se alargue ainda mais, daí a necessidade de procurar uma corretora ou consultor especializado.
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1Fabiana S. Perobelli, economista da Diretoria de Mercados Agrícolas da BM&F – Bolsa de Mercadorias e Futuros