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Síntese Agropecuária BM&F – 01/08/2005

Por Fabiana S. Perobelli1

O mercado físico de boi gordo apresentou leve queda em comparação ao início de julho. O Indicador de Preço Disponível do Boi Gordo Esalq/BM&F, em 18 de julho, encontrava-se em R$52,54/arroba a vista e R$53,51/arroba a prazo. O Indicador de Preço Disponível do Bezerro Esalq/BM&F foi cotado, no mesmo dia, a R$354,07/cabeça a vista e R$361,61/cabeça a prazo.

Tabela 1 – Taxa de juro obtida na operação de spread



Apesar de ser o começo da entressafra, o excesso de oferta acumulado em períodos prévios ainda continua a exercer pressão sobre o preço do mercado interno. Os grandes frigoríficos continuam operando com grandes escalas, ao menos até o final do mês, indicando assim situação confortável deles.

Gráfico 1 – Evolução dos preços futuros do boi gordo na BM&F


No atacado, a relativa pressão de oferta obteve efeitos ambíguos, pois o preço do corte traseiro apresentou declínio de quase 3%, quando comparado ao mesmo período do mês passado, situando-se em R$3,60/kg, enquanto o preço do dianteiro obteve elevação de aproximadamente 7%, sendo cotado a R$2,70/kg.

No mercado futuro da BM&F, os preços continuaram exibindo pouca volatilidade, mantendo-se estáveis dentro da última quinzena. Em 19 de julho, as cotações ficaram da seguinte forma: julho/05, R$52,31/arroba; agosto/05, R$53,29/arroba; setembro/05, R$54,70/arroba; outubro/05, R$56,40/arroba; novembro/05, R$57,43/arroba; dezembro/05, R$57,50/arroba; janeiro/06, R$57,45/arroba; fevereiro/06, R$57,50/arroba; março/06, R$57,60/arroba; abril/ 06, R$57,60/arroba; e maio/06, R$57,50/arroba.

É interessante notar que na BM&F já existe a possibilidade de os agentes do mercado conseguirem fixar seu preço para a próxima entressafra (2006) pelos vencimentos agosto/06 e outubro/ 06, cotados a R$62,50/arroba e a R$63,73/arroba, respectivamente.

Gráfico 2 – O que o mercado futuro sinaliza para 2006


Apesar da contínua situação de valorização do dólar perante o real, o desempenho das exportações vem se mostrado em expansão, possibilitando provável obtenção de novo recorde de exportação de carne bovina equivalente em carcaça.

Conforme os números do Secex, as exportações de carne bovina encontram-se em torno de 200 mil toneladas para junho, totalizando mais de 1 milhão de toneladas no ano, seja ela industrializada ou in natura, que representa 26% a mais comparado com o mesmo período de 2004. Para julho, as estimativas de exportações continuam com boas perspectivas devido à reabertura do mercado norte-americano para as carnes da América do Sul.

A Tabela 1 mostra os preços futuros do boi em 20 de julho para ilustrar as diferenças percentuais entre vencimentos próximos. Note que o preço de agosto estava em R$52,86/arroba e o de setembro, em R$54,18/arroba. A variação percentual entre esses dois períodos era de 1,6% ao mês ou 27,39% ao ano.

Gráfico 3 – Evolução do indicador esalq/bm&f do boi gordo


O fato de a diferença estar grande entre os dois vencimentos reflete o começo do período de entressafra, que se estende normalmente até novembro. Observe que, do final de dezembro até meados de maio, as variações entre os vencimentos se tornaram menores, reflexo do período de safra.

O que chama a atenção são os percentuais de taxa ao ano de setembro a novembro de 2005 e novamente em agosto de 2006. A diferença percentual entre agosto e setembro de 2005, por exemplo, estava em 27,39% ao ano; entre setembro e outubro de 2005, em 36,16% ao ano; e entre maio e agosto de 2006 em 40,26% ao ano, ou seja, todas essas diferenças superiores à taxa básica de juro de mercado, a Selic, fixada em 19,75% ao ano na reunião de 15 de julho do Comitê de Política Monetária (Copom).

Caso um investidor quisesse arbitrar essa diferença, com base no pressuposto de que o mercado futuro de boi fosse, ao longo do ano, buscar a paridade com a taxa de juro interna, poderia fazer operação denominada spread, ou seja, comprar um vencimento e vender o próximo.

A expectativa dessa operação é que o vencimento longo caia mais rápido que o curto, ou que o curto suba mais rápido que o longo. Deve-se lembrar que há risco de que o spread se alargue ainda mais, daí a necessidade de procurar uma corretora ou consultor especializado.

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1Fabiana S. Perobelli, economista da Diretoria de Mercados Agrícolas da BM&F – Bolsa de Mercadorias e Futuros

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