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Síntese agropecuária BM&F – 31/03/2006

Por Fabiana Perobelli1

O mercado do boi gordo manteve comportamento de queda em março. No dia 24, o Indicador de Preço do Boi Gordo Esalq/BM&F fechou a R$48,94/@ a vista e a R$49,75/@ a prazo. O Indicador de Preço do Bezerro Esalq/BM&F, com formação no Mato Grosso do Sul, foi cotado na mesma data a R$336,72/cabeça a vista e R$339,08/cabeça a prazo.

Os frigoríficos estenderam as escalas para pouco mais de uma semana. Para isso, trouxeram bois de outros estados, principalmente do Mato Grosso do Sul, onde a oferta se comportou de forma regular. Como os embargos à carne bovina não abragem o Mato Grosso , houve um aumento de demanda, fazendo com que o diferencial de preços entre Cuiabá e o indicador Esalq/BM&F ficasse em -R$3,69/@ em 23/03. Em termos históricos, este diferencial foi de -R$9,00/@ nos meses de março nos últimos dois anos.

Tabela 1. Indicador de preço disponível do boi gordo Esalq/BM&F estado de São Paulo


Nota-se, portanto, que houve fortalecimento da base. Dessa forma, suponha um pecuarista localizado nas imediações de Cuiabá, que tenha feito hedge na BM&F. Como exemplo, o pecuarista vendeu contratos futuros no começo de outubro de 2005, quando o vencimento março/2006 estava cotado a R$61,40/@. Em 24 de março, o vencimento março/2006 estava cotado a R$48,80/@. Se o pecuarista encerrar sua posição no mercado futuro terá acumulado R$12,60/@ de ajustes (R$61,40/@ – R$48,80/@ = R$12,60/@).

No mercado físico, o preço em Cuiabá estava a R$45,10/@. Assim, o preço obtido pelo pecuarista será de R$45,10/@ (venda ao frigorífico da região) + R$12,60/@ (ajustes obtidos no mercado futuro) = R$57,70/@. Note que, com o fortalecimento da base, o preço obtido pelo pecuarista foi acima do previsto.

Gráfico 1 – indicador de preços do boi gordo Esalq/BM&F à vista e o primeiro vencimento da BM&F


No atacado, notou-se aumento do consumo no começo do mês, no entanto, não foi suficiente para elevar as cotações dos cortes. Os cortes têm sofrido a concorrência da carne de frango, produto substituto da carne bovina, cuja oferta aumentou no mercado interno, em razão da retração do mercado internacional ao consumo de carne de frango.

No reflexo da gripe aviária, houve redução nos preços do milho, que se desvalorizaram em 15% no período de 20 dias. O preço futuro do milho, um dos principais componentes da ração do boi confinado, para julho de 2006 é R$14,29/saca, posto Campinas. Esse preço pode representar oportunidade de fixação de preço de compra para os confinadores.

Os preços futuros do boi gordo na BM&F seguem praticamente estáveis, seguindo o comportamento do físico. Em 24/03, os vencimentos futuros do boi gordo foram cotados da seguinte forma: março/06, R$48,80/@; abril/06, R$49,40/@; maio/06, R$49,94/@; junho/06, R$51,80/@; julho/06, R$54,02/@; agosto/06, R$55,23/@; setembro/06, R$57,24/@; outubro/06, R$59,06/@; novembro/06, R$59,56/@; dezembro/06, R$59,20/@; janeiro/ 07, R$59,15/@; e fevereiro/07, R$59,20/@.

Gráfico 2 – Evolução dos preços futuros do boi gordo na BM&F


O contrato futuro de bezerro tem três vencimentos em aberto: abril/06, cotado a R$340,00/ cabeça; maio/06, cotado a R$340,00/cabeça; e fevereiro/07, cotado a R$390,00/cabeça. A relação de troca boi gordo/bezerro ficou a R$2,40 no vencimento abril/06 e a R$2,39 no mercado físico, em 21 de fevereiro.

O minicontrato de boi gordo, que corresponde a 10% do contrato normal, ou seja, 33 arrobas, negociou, em março, 13.512 contratos, o equivalente a 27.024 cabeças de gado, até o fechamento desta edição.

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1Fabiana Perobelli, economista da Diretoria de Mercados Agrícolas da BM&F – Bolsa de Mercadorias e Futuros

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