A Sociedade Rural Brasileira (SRB), com sede na capital de São Paulo, enviou carta ao Conselho Consultivo da Amazônia, criado por iniciativa de Itaú, Bradesco e Santander, com alguns de seus principais posicionamentos sobre questões ambientais. Teresa Vendramini presidente da entidade, fundada há 101 anos, foi a única representante do setor produtivo escolhida pelos três maiores bancos privados do país para fazer parte do conselho.
“A SRB condena os ataques que o agronegócio vem sofrendo por movimentos que desconhecem os dados reais do setor, mas não vai se envolver em questões políticas e ideológicas, que muitas vezes acabam pautando vozes radicais em ambos os lados”, diz a carta, que realça que a produção nacional de grãos cresceu 300% entre 1997 e 2020 a partir de um avanço de apenas 60% da área plantada.
“A área de vegetação preservada no Brasil é estimada atualmente em 61% do território. A ampla adoção de práticas sustentáveis como o plantio direto na palha e a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) tem contribuído para a preservação ainda maior do meio ambiente e até mesmo para a geração de créditos de carbono”, afirma a SRB.
A entidade faz coro com outras lideranças do setor e com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e também pede que as regras estabelecidas pelo Código Florestal sejam cumpridas.
“Solicitamos que o novo Código Florestal Brasileiro, aprovado em 2012 após amplas discussões com todos os segmentos da sociedade, seja efetivamente cumprido, regulamentado e fiscalizado. Discordamos de ações isoladas que vem sendo encaminhadas ao poder judiciário na tentativa de invalidar esta legislação”, afirma a carta enciada pela entidade.
E continua: “Defendemos que o Plano Amazônia atue na viabilização de recursos financeiros para a consolidação do CAR (Cadastro Ambiental Rural), eixo fundamental do novo Código Florestal Brasileiro. Uma das frentes deve ser o financiamento para o avanço do georreferenciamento”.
Por defender “os princípios democráticos, a livre iniciativa e a propriedade privada”, a SRB considera urgente a aprovação de um “amplo projeto de regularização fundiária para o Brasil, que respeite os marcos temporais, inclusive na questão indígena”. Segundo a entidade, “é necessário diferenciar o produtor rural legalizado, com registro no CAR e produção sustentável, daqueles que praticam atividades ilegais como a grilagem de terras”.
A SRB também reforçou que defende a soberania nacional em relação à Amazônia — “não apenas pelas riquezas naturais de seu território, mas também para que sejam respeitados os 28 milhões de brasileiros que vivem na região”. O Estado do Amazonas, realçou a carta, “tem uma área de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, sendo que 97% desse território corresponde a floresta e vegetação nativa, ficando apenas 3% para agricultura, pecuária e áreas urbanas”. Para a entidade, é necessário ressaltar, sempre que possível, “que o Brasil tem a melhor legislação ambiental do mundo”.
Por fim, a carta manifesta apoio a iniciativas já anunciadas pelos bancos no lançamento do Conselho Consultivo Amazônia, entre as quais a viabilização de investimentos em infraestrutura para o desenvolvimento social e ambiental, o estímulo as cadeias produtivas sustentáveis da região e o fomento de um mercado de ativos e instrumentos financeiros de lastro verde, além do apoio para o desenvolvimento de tecnologias com foco na bioeconomia.
Fonte: Valor Econômico.