A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 675 milhões em junho, resultado de exportações de US$ 4,079 bilhões e importações de US$ 3,404 bilhões. No acumulado do ano o saldo positivo sobe para US$ 2,606 bilhões.
É o maior superávit para um semestre desde 1995 e representa mais do que a metade da meta de US$ 5 bilhões fixada pelo governo para este ano. Em 12 meses o superávit totaliza US$ 5,325 bilhões, o maior desde junho de 1995.
A secretária de Comércio Exterior, Lytha Spíndola, conta com alguns fatores que deverão influenciar o desempenho da balança no segundo semestre, suficientes para manter a meta de US$ 5 bilhões. Entre eles as exportações do grupo soja, que esperam preços melhores no mercado internacional para serem despachadas, deve garantir US$ 5,5 bilhões em 2002, resultado de uma safra recorde.
Sem surpresas
Lytha considera ainda efeitos positivos de acordos de livre comércio acertados com o Chile e com o México, os quais trazem boas perspectivas principalmente para o setor automotivo. Também leva em conta expectativas favoráveis em relação a outro acordo a ser firmado com os países andinos. Ela diz que o intercâmbio com a Argentina não deve apresentar surpresas porque, na sua avaliação, agora o comércio com o país vizinho está estabilizado.
Na opinião do diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o cenário é menos otimista. Ele não acredita que os acordos comerciais terão reflexos expressivos este ano.
Segundo ele, a AEB ainda não revisou a previsão para a balança em 2002, o que fará após o fim da greve dos fiscais da Receita Federal, mas adianta que o número deve ficar abaixo dos US$ 4 bilhões projetados pela associação no fim de 2001.
Em relação a junho de 2001, as importações tiveram queda de 28,5%, reflexo da redução de 45,9% em combustíveis e lubrificantes e de 43% em bens de consumo duráveis, parte por conta do recuo nas vendas externas de automóveis.
Já o total das exportações de janeiro a junho caiu 19,1%, desempenho explicado, principalmente, pela redução de 38,3% nas vendas de produtos básicos.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior indicam que essa queda nos básicos foi decorrente das exportações de minério de ferro (-73,9%), soja em grão (-50,1%), café em grão (-46,6%), petróleo em bruto (-38,4%), carne de frango (-30,1%) e carne bovina (-10,1%).
Ritmo lento
A recente disparada do dólar ainda não está refletida nos números de Junho, segundo Castro. Entretanto, Lytha admite que alguns contratos de exportação que já estavam encaminhados podem ter sido antecipados em função do câmbio.
A secretária também destacou a queda no fluxo de comércio verificada no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2001. Em valores absolutos, houve redução de US$ 4 bilhões nas exportações e de US$ 6,5 bilhões nas importações. Esse comportamento é explicado pelo efeito da queda dos preços das principais commodities no mercado internacional, pelo ritmo mais lento da economia doméstica e pela retração da economia da Argentina.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Fernanda Paraguassu), adaptado por Equipe BeefPoint