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Suplementação líquida II – ganho de peso

Nos bovinos, a perda de peso ocorre com teores abaixo de proteína bruta (PB) na dieta abaixo de 5,6% (Mc Lennan et al., 1981). Logo, a suplementação deve ser utilizada quando a PB da forragem apresenta teores inferiores a 5,6% de PB. Langlands & Donald (1978) constataram que fêmeas sobre ano, mantidas em pastos cultivados, não responderam à suplementação com melaço e uréia, enquanto fêmeas de mesma idade, mantidas em pastagem nativa, responderam com ganhos de peso à mesma suplementação. Os autores ressaltaram que ganhos de peso com a suplementação com uréia ocorrem quando os animais estão em pastos com menos de 10% de PB.

Suplementos líquidos à base de melaço/uréia, na região norte da Austrália, mostraram excelentes resultados em ganho de peso (os animais não suplementados perderam 5 Kg em 83 dias de suplementação, enquanto que os suplementados ganharam 23 Kg de peso vivo). Sete meses após o final da suplementação, a diferença de peso entre animais suplementados e não suplementados ainda se mantinha (Winks, 1972).

Pearson (1974) relatou que vacas adultas, em pastejo de inverno, na Louisiana, suplementadas diariamente com 900g de farelo de algodão por 180 dias, perderam menos peso (6% do peso vivo), em comparação com 15% de perda de peso para vacas suplementadas diariamente com 740g de um suplemento líquido de melaço-uréia (PB 32%).

Gulbransen (1985) trabalhou com novilhas Hereford de sobre ano e ofereceu somente melaço de cana não diluído, ou melaço de cana + uréia diluído (80% melaço; 3,0% uréia; 17% de água) nas quantidades de 2 e de 3 kg dia. O autor observou maior taxa de crescimento para as novilhas que receberam 3kg de melaço com uréia.

Vacas suplementadas com melaço-uréia perderam menos condição corporal (-1,3) durante o pastejo que vacas suplementadas com melaço-farelo de algodão-uréia (-1,7), embora não tenha havido diferença no peso vivo entre os animais (Kalmbacher et al., 1995). Os autores acreditam que essa diferença de resposta entre escore de condição corporal e peso vivo seja provavelmente devido ao efeito do enchimento do trato digestivo, mais especificamente do rúmen, no peso vivo.

Kumar et al. (1995) trabalharam com búfalas jovens recebendo palha de trigo e suplementadas com milho moído, torta de amendoim, farelo de trigo, mistura mineral e sal comum (32:33:32:2:1) – controle, ou suplementadas com dieta líquida (melaço 84%; 10% proteína bypass peletizada (30,2% PB), 3% de uréia, 2% mistura mineral, 1% ácido fosfórico). O consumo de matéria seca foi de 1,80 e 1,56, respectivamente para o grupo controle e para o suplementado com dieta líquida. O ganho de peso foi de 530 g para o grupo controle e de -197 g para os animais que receberam dieta líquida.

Kumar et al. (1997) trabalharam com novilhas cruzadas em crescimento, com uma dieta a base de palha de trigo ad libitum suplementada com: milho moído, torta de amendoim, farelo de trigo, mistura mineral e sal comum (33:33:31:2:1) – dieta controle; suplemento líquido de uréia e melaço [84% de melaço, 10% proteína bypass peletizada (30,2% PB), 3% uréia, 2% mistura mineral, 1% ácido fosfórico], ou ainda um grupo suplementado com quantidades fixas (500g. 100Kg-1PV animal-1.dia-1) do suplemento líquido com melaço e uréia descrito acima. Os autores observaram que os animais do grupo controle e os animais do grupo que recebia quantidades fixas do suplemento líquido ganharam 420 g e 57 g respectivamente, enquanto os animais que recebiam suplemento líquido ad libitum perderam 88,6 g por dia durante os 300 dias do experimento.

A utilização de suplementos protéicos tradicionais com fontes protéicas naturais, como o farelo de soja, tem demonstrado melhores resultados quanto ao ganho de peso em relação à utilização de suplementos líquidos à base de melaço/uréia. Os resultados parecem mostrar também que farelo de algodão como fonte protéica foi inferior ao farelo de soja.

Referências:

GULBRANSEN, B. Survival feeding of cattle with molasses. 1. Feeding non-pregnant heifers with molasses plus urea and roughage. Aust. J. Exp. Agric., v.25, p1-3, 1985.

KALBACHER, R.S.; BROWN W.F.; PATE F.M. Effect of molasses-based liquid supplements on digestibility of creeping bluestem and performance of mature cows on winter range. Journal of Animal Science, v.73, n3, p850-860, 1995.

KUMAR, H.; VERMA, A.K.; DASS, R.S; MEHRA U.R.; VARSHNEY V.P. Effect of urea molasses liquid diet feeding on growth and reproductive performance in crossbred heifers. Indian Journal of Dairy Science, v.50, p 1-6, 1997.

LAGLANDS, L.P.; DONALD G.E. The nutrition of ruminants grazing native and improved pastures II. Responses of grazing cattle to molasses and urea supplementation. Aust. J. Agric. Res. V. 29, p. 875-883, 1978.

McLENNAN, S.R.; WRIGHT, G.S.; BLIGHT G.W. Effects of supplements of urea, molasses and sodium sulfate on the intake and liveweight of steers fed roce straw. Aust. J. Exp. Agric. Anim. Husb., v.21, p.367-370, 1981.

PEARSON, H.A., Liquid supplements for cattle grazing native range. 14th Annual Livestock Producers Day. Louisiana State University, Baton Rouge, p. 33-40, 1974.

WINKS,L.; LAING, A.R.; STOKOE, J. Level of orea grazing yeraly cattle during the dry season in tropical Queensland. Proc. Aust. Soc. Anim. Proc. V.9. p. 258-261, 1972.

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