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Surto de febre aftosa na Alemanha: o que se sabe até agora

As autoridades alemãs confirmaram um surto de febre aftosa (FMD) em uma fazenda em Hoenow, localizada no estado de Brandenburg, nos arredores de Berlim, na última sexta-feira. O surto envolveu um rebanho de 14 búfalos-d’água, três dos quais testaram positivo para o vírus altamente contagioso. Os demais animais do rebanho foram abatidos, e as carcaças destruídas como medida de precaução.

Medidas de precaução e áreas afetadas

Para conter a propagação da doença, foi implementada no sábado uma proibição temporária de transporte de espécies suscetíveis à febre aftosa, como bovinos, suínos, ovinos, caprinos, camelos e lhamas, em todo o estado de Brandenburg. Essa proibição tem duração inicial de 72 horas. Além disso, os dois zoológicos de Berlim foram fechados temporariamente como medida preventiva.

Uma zona de proteção de 3 km foi estabelecida ao redor da fazenda em Hoenow, onde a movimentação de animais permanece proibida mesmo após o levantamento da restrição temporária. Outras restrições se aplicam ao transporte de carne e leite para fora dessa zona, assim como à criação de gado dentro dela. Também foi criada uma zona de observação maior, com 10 km de raio, que impõe restrições à movimentação de animais e produtos de origem animal para fora dessa área.

Abate preventivo

Além do rebanho de búfalos afetado, cerca de 200 porcos em uma fazenda em Ahrensfelde, próxima ao local do surto, serão abatidos como precaução contra a propagação do vírus.

Detalhes sobre o vírus e sintomas

A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais de casco fendido, como bovinos, suínos, ovinos, caprinos e búfalos. Os sintomas incluem febre, diminuição do apetite, salivação excessiva, formação de bolhas e outros sinais clínicos. Embora a mortalidade geralmente seja baixa, o impacto na saúde dos animais é significativo.

A doença não representa riscos à saúde humana ou à segurança alimentar, mas os humanos podem espalhar o vírus se entrarem em contato com animais infectados, produtos de origem animal contaminados ou materiais como equipamentos agrícolas, calçados, roupas e pneus de veículos. A transmissão também pode ocorrer por contato direto ou via aérea, o que facilita a infecção de rebanhos inteiros rapidamente.

Histórico e contexto global

A Alemanha estava livre da febre aftosa desde 1988, enquanto o último surto na Europa foi registrado em 2011. O Instituto Nacional de Saúde Animal da Alemanha confirmou que o vírus foi detectado em amostras de um dos búfalos, mas ainda não está claro como os animais foram infectados.

A febre aftosa é endêmica em partes do Oriente Médio, Ásia, África e regiões da América do Sul. O surto atual foi identificado inicialmente como suspeita de língua azul, uma doença viral que se espalhou pela Europa continental desde setembro de 2023, mas os testes descartaram a presença desse vírus e confirmaram a febre aftosa.

Impacto econômico e histórico no setor agropecuário

Surto anteriores mostram os custos significativos associados à febre aftosa. No Reino Unido, em 2001, um surto levou ao abate de cerca de seis milhões de animais, resultando em prejuízos de bilhões de euros. Apesar disso, alguns agricultores consideraram a resposta exagerada. Medidas rigorosas de controle internacional permanecem em vigor para evitar a transmissão da doença.

Implicações internacionais

O Departamento de Agricultura da Irlanda confirmou que nenhum animal suscetível à febre aftosa foi importado da Alemanha para a Irlanda desde 1º de novembro de 2024. Isso sugere que o surto em Brandenburg ocorreu após a última importação de animais, o que reduz o risco de disseminação internacional a partir dessa região. Restrições de movimentação devido à língua azul em várias partes da Alemanha também limitaram as exportações antes da confirmação do surto.

As autoridades continuam investigando a origem do surto e monitorando rigorosamente a situação para evitar uma propagação mais ampla do vírus.

Na Holanda, o Ministério da Agricultura anunciou uma proibição nacional da movimentação de bezerros destinados à produção de vitela, exceto para abate, após o surto de febre aftosa (FMD) na Alemanha. Desde 1º de dezembro, mais de 3.600 bezerros provenientes de Brandenburg – estado onde o surto foi detectado entre búfalos-d’água – foram importados para a Holanda através de centros de coleta na Alemanha. Esses bezerros estão agora distribuídos em mais de 125 fazendas de produção de vitela.

A movimentação desses bezerros para o abate e visitas a fazendas, permitidas apenas para pessoal essencial, como veterinários, devem seguir protocolos de higiene rigorosos. As autoridades holandesas investigam se essas fazendas foram infectadas, embora afirmem que não há razão ou suspeita de infecção no país até o momento. Além disso, outros setores foram orientados a reportar se animais ou produtos animais provenientes de Brandenburg foram importados diretamente ou indiretamente para a Holanda.

Na Alemanha, o Instituto Friedrich Loeffler (FLI) confirmou que o serotipo O do vírus foi detectado no surto. Vacinas adequadas contra este serotipo estão disponíveis no banco de antígenos de FMD do país, que pode produzir as vacinas necessárias em poucos dias após ativação pelo estado relevante. Testes em todos os animais suscetíveis serão realizados para avaliar a extensão do surto e determinar se a vacinação será necessária.

Coreia do Sul

A Coreia do Sul anunciou no sábado a proibição da importação de carne suína alemã, após o surto de febre aftosa (FMD) na Alemanha.

O Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais da Coreia do Sul informou que realizará testes para detectar o vírus FMD em produtos de carne suína alemã importados desde 27 de dezembro. Aproximadamente 360 toneladas de carne suína alemã, enviadas entre 26 de outubro e 17 de novembro, estão aguardando inspeção de quarentena. Como o período máximo de incubação do vírus é de 14 dias, o ministério procederá com a liberação desses produtos através do processo normal.

Fontes: Euronews, Agriland, msn e Irish Farmers Journal, traduzidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

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