Os rebanhos bovinos dos EUA estão mudando de rumo?
30 de julho de 2025
Governo dos EUA planeja investigar interesse chinês pelo agro brasileiro
31 de julho de 2025

Tarifa de 50%: Trump assina decreto que impõe medida contra o Brasil e setor da carne bovina está entre os mais afetados

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, uma ordem executiva que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo carne bovina. A medida entra em vigor no dia 6 de agosto de 2025, e foi justificada por Washington como uma resposta a “ações hostis” do governo brasileiro, consideradas uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA.

A tarifa representa um aumento de 40 pontos percentuais sobre a alíquota anterior de 10%, e foi decretada com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977, que autoriza o presidente a declarar emergência nacional e impor sanções econômicas a países estrangeiros.

Justificativas da Casa Branca

De acordo com o comunicado oficial da Casa Branca, a decisão foi motivada por acusações de que o Brasil estaria violando direitos humanos, restringindo a liberdade de expressão e tentando forçar empresas americanas a censurar conteúdo. O documento afirma que essas ações “ameaçam os princípios fundamentais” dos EUA e justificam uma resposta firme.

Trump declarou que o objetivo é “proteger a economia americana de ameaças estrangeiras” e “defender empresas dos EUA contra coerções ilegais”.

Impacto direto: carne bovina na linha de frente

Embora o decreto não cite produtos específicos, a carne bovina brasileira é uma das mais atingidas. Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras da proteína, atrás apenas da China. Em 2024, as exportações de carne bovina para os EUA ultrapassaram US$ 2 bilhões, e no primeiro semestre de 2025, já somavam US$ 1 bilhão, com embarques de 181 mil toneladas — 12% do total exportado pelo Brasil no período.

Boa parte da carne exportada é usada para a fabricação de hambúrgueres. A indústria americana importa o chamado “corte magro” do Brasil para equilibrar a produção interna, baseada em carne com mais gordura. A nova tarifa compromete diretamente essa cadeia.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) estima que o Brasil pode perder até US$ 1 bilhão apenas em 2025 caso os embarques se tornem inviáveis economicamente. Frigoríficos como Marfrig, Minerva e JBS têm exposição significativa ao mercado americano e já estão recalculando suas projeções.

Trump ignorou apelos de importadores dos EUA

Mesmo diante de pressões internas, o governo dos EUA manteve a decisão. O Meat Import Council of America (MICA) — entidade que representa importadores americanos de carne — alertou que a medida pode elevar os preços no mercado interno e prejudicar consumidores e processadores de alimentos, mas Trump ignorou os apelos. Para o MICA, a carne brasileira não compete diretamente com a produção americana, mas complementa a oferta local, sendo essencial para atender a demanda da indústria de hambúrgueres.

Exceções à tarifa

Apesar do escopo amplo da medida, cerca de 46% das exportações brasileiras para os EUA ficaram isentas da nova tarifa. De acordo com a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil), setores como aeronáutica, produtos farmacêuticos e parte da indústria de alimentos foram poupados, numa tentativa de evitar impactos inflacionários nos EUA e preservar empregos em setores sensíveis. No entanto, a carne bovina não está entre os itens com exceção — ao contrário, está entre os mais diretamente atingidos.

Setor busca reação e alternativas

Frigoríficos e exportadores brasileiros estão articulando uma estratégia conjunta para minimizar os impactos e redirecionar a carne brasileira para o mercado asiático, especialmente China, Hong Kong, Vietnã, Filipinas e Indonésia. A China, inclusive, já ultrapassou os EUA como principal comprador de carne brasileira há anos, mas os EUA ainda representam um mercado estratégico de alto valor.

O setor também está em diálogo com parlamentares americanos, tentando reverter ou suavizar a medida por meio do Congresso. O argumento central é que a tarifa pode causar efeito bumerangue, encarecendo a carne para os consumidores e afetando empresas americanas que dependem da matéria-prima brasileira.

Reação do governo brasileiro

Autoridades brasileiras classificaram a decisão como “chantagem política”. O Itamaraty já estuda acionar mecanismos de defesa na Organização Mundial do Comércio (OMC) e analisa possíveis contramedidas comerciais. No entanto, especialistas apontam que o Brasil tem pouca margem de manobra para retaliar, especialmente por depender mais das exportações aos EUA do que o contrário.

Linha de crédito e apoio ao setor

O governo federal brasileiro estuda lançar linhas de financiamento específicas para exportadores afetados, com foco em estocar produtos temporariamente ou abrir novos mercados. Também há articulação para reduzir custos logísticos e ampliar acordos sanitários com outros países importadores.

Resumo da medida

  • Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros (aumento de 40 pontos sobre os 10% anteriores);
  • Assinada em 30 de julho de 2025 por Donald Trump;
  • Entra em vigor em 6 de agosto de 2025;
  • Fundamentada na Lei IEEPA (1977) e na declaração de emergência nacional contra o Brasil;
  • Carne bovina entre os setores mais afetados;
  • Exportações estimadas em US$ 2 bilhões/ano sob risco;
  • Cerca de 46% das exportações brasileiras aos EUA foram poupadas da tarifa;
  • Frigoríficos buscam alternativas na Ásia e diálogo com Congresso americano.

📚 Fontes consultadas:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *