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Taxação na Rússia pode afetar carne brasileira

O governo brasileiro deflagrou o sinal de alerta e discutirá com a Rússia na próxima segunda-feira em Genebra o plano de Moscou de reduzir as importações de carnes bovina, suína e de frango por meio de cotas e elevação de tarifas.

As exportações brasileiras podem sofrer uma forte redução se for adiante o plano russo, que é originalmente um revide à medidas da União Européia contra a importação de cereais russos.

O Brasil, que apóia a entrada da Rússia na Organização Mundial de Comércio (OMC), deve indicar que não quer pagar pela briga entre Moscou e Bruxelas, que tem todos os ingredientes para causar uma forte turbulência no mercado internacional de carnes.

O plano da Rússia é de aumentar a partir de janeiro próximo as tarifas sobre carne de suíno de 15% para 80%, de carne bovina de 15% para 25% e de carne de frango passaria de 25% para 35%.

Restrição quantitativa

Além disso, Moscou quer impor cota (restrição quantitativa) para importar somente 340 mil toneladas de porco comparado a 348 mil toneladas este ano. As importações de carne bovina seriam limitadas a 420 mil toneladas comparado a 475 mil toneladas este ano. Por sua vez, as compras de frango seriam cortadas quase pela metade, passando de 1,39 milhão de toneladas este ano para 750 mil toneladas em 2003.

A guerra de cotas entre Moscou e Bruxelas poderá ser especialmente dura, se não houver logo entendimento, e pode inclusive prejudicar as negociações para a entrada da Rússia na OMC.

A briga tem origem na colheita recorde da Rússia, que procura por todos os meios vender 10 milhões de toneladas de cereais. Só que a União Européia, conhecida pela proteção que dá a seus produtores domésticos, quer impor desde 2003 um sistema de cota e de altas tarifas para barrar a entrada de grãos baratos de Rússia e Ucrânia.

A represália não tardou. O Ministério da Agricultura russo decidiu agir da mesma maneira que os europeus, alegando que precisa proteger a produção doméstica contra a “maciça importação de carnes com dumping”.

Outra dimensão

O ministro de agricultura Vasili Shapochkin quer impor as restrições a partir de janeiro, aplicadas a todos os países igualmente. Prejudica assim os norte-americanos, principais exportadores de frango para o mercado russo, com US$ 640 milhões em 2001, e os brasileiros, que exportam cada vez mais suíno e outras carnes.

O mercado russo é cada vez mais importante para as exportações brasileiras. As vendas aumentaram globalmente 17% para aquele país este ano. Somente as vendas de carne suína chegaram a US$ 320 milhões até outubro.

Nesse contexto, tomou outra dimensão o que seria mais um encontro bilateral segunda-feira na OMC sobre as tarifas que Moscou oferece para melhorar o acesso de produtos brasileiros a seu mercado, em troca do apoio brasileiro para entrar na entidade. Primeiro, porque o plano de Moscou na área de carne vai no sentido contrário, restringindo mais as importações. Segundo tem realmente o potencial de afetar fortemente os produtores brasileiros.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Assis Moreira), adaptado por Equipe BeefPoint

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