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Tereza Cristina viaja ao Canadá em busca de mais potássio

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, embarca amanhã para uma nova rodada de negociações com exportadores de fertilizantes. Desta vez o destino é o Canadá, principal fornecedor de cloreto de potássio aos produtores brasileiros.

Ela vai se reunir com executivos canadenses em Ottawa e deve transmitir a mensagem de que a garantia de abastecimento de adubos ao Brasil neste momento é estratégica para a segurança alimentar do planeta.

A viagem – um “bate-volta” -, a poucos dias de deixar o comando do ministério, é avaliada por pessoas do entorno da ministra como um esforço extra e pessoal de Tereza Cristina para tentar garantir o suprimento de insumos para agricultura nacional e estreitar laços com o Canadá.

Desde o ano passado, ela mantém contato com as empresas produtoras de potássio do Canadá, e tenta sensibilizá-las a ampliar em ao menos 500 mil toneladas as exportações ao Brasil. No domingo, a ministra vai se reunir com executivos da Brasil Potash, empresa controlada pelo grupo canadense de investidores Forbes & Manhattan.

A subsidiária tem a concessão da jazida de Autazes, no Amazonas, cuja exploração segue travada por questionamentos ambientais. Em pleno funcionamento, calcula-se que o projeto pode suprir 25% da demanda brasileira pelo nutriente, segundo o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF).

Na segunda-feira, o encontro será com a Canpotex, joint venture entre Nutrien e Mosaic, gigantes responsável pela exportação de 3,7 milhões de toneladas de cloreto de potássio ao Brasil em 2021. As duas companhias produzem 85% do macronutriente no Canadá.

A missão, porém, não será fácil. A agenda de fertilizantes é essencialmente privada e o governo não tem poder para regular as compras ou firmar acordos comerciais. Mas a ministra vai reforçar que o Brasil é um cliente confiável e que pode ampliar as compras de potássio.

Principal comprador do produto que lidera a balança comercial canadense, o Brasil sustenta os planos de expansão dos exportadores de potássio daquele país. Mas isso não significa que a oferta será ampliada a ponto de suprir possíveis deficiências com o fechamento dos canais de abastecimento da Rússia e de Belarus. A capacidade de crescimento da produção é limitada. Não é apenas uma “virada de chave” na indústria.

São investimentos de vários bilhões de dólares e que não surtem efeito imediato. O setor privado canadense vai avaliar também o risco de realizar investimentos elevados considerando a possibilidade de o mercado “virar” novamente. Uma eventual normalização do cenário geopolítico no Leste Europeu, no curto ou médio prazos, pode achatar os preços do potássio, em forte alta no momento, e recolocar países concorrentes nas exportações de volta na jogada.

Fonte: Valor Econômico.

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