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Tratamento de sementes: qual é o seu benefício?

O tratamento de sementes de forrageiras é uma forma de agregar valor ao produto pela empresas produtoras de sementes e, ao mesmo tempo, oferecer aos pecuaristas insumo de melhor qualidade. Atualmente, são encontrados no mercado sementes escarificadas, polimerizadas ou peletizadas.

A escarificação pode ser feita por processo químico ou mecânico e tem o objetivo de quebrar a dormência das sementes. A polimerização consiste no tratamento com corantes para melhorar a aparência das sementes. Já no processo de peletização, as sementes são revestidas com fontes de macro e micronutrientes. Nesse caso, o objetivo é suprir a demanda inicial das plântulas e facilitar a semeadura.

O efeito dos diferentes tratamentos sobre o desenvolvimento inicial das plantas forrageiras ainda é pouco conhecido. Senra et al. (2005) conduziram um experimento para verificar os benefícios potenciais do uso de sementes tratadas de capim-marandu para os pecuaristas. O trabalho foi conduzido em casa de vegetação na Embrapa Gado de Corte.

No experimento foram comparadas sementes submetidas a: escarificação química (EQ); escarificação mecânica (EM); polimerização (PO); peletização (PE); e sem tratamento (ST). As sementes utilizadas no trabalho foram provenientes de um mesmo lote comercial para evitar efeitos de diferenças de vigor. Após o tratamento, as sementes foram plantadas em vasos com areia a 3,0 cm de profundidade. A umidade do solo foi mantida em 80% da capacidade de campo.

Senra et al. (2005) observaram que a peletização reduziu a germinação das sementes, o que interferiu em todos os demais resultados (Figura 1). Segundo os autores, o pelete funcionou como uma barreira física à entrada de água, pois, ao final do experimento, as sementes não germinadas deste tratamento ainda encontravam-se viáveis.

As sementes escarificadas apresentaram tendência de maior porcentagem de germinação que aquelas não tratadas. Enquanto as não tratadas apresentaram 62,6% de germinação, as tratadas por escarificação mecânica 74,7% e as peletizadas, apenas 35,1%. O tratamento com polímeros também reduziu a porcentagem de germinação, 55,4%.

As plantas do tratamento PE apresentaram menor altura que os outros tratamentos, 14,09 cm contra 20,51 cm das não tratadas. As escarificadas tiveram tendência de apresentar maior massa de parte aérea, tanto por vaso como por planta.

Houve tendência para maior proporção de massa de raiz no tratamento peletizado. Entretanto, esse dado deve ser analisado com cuidados, pois, como o tratamento PE apresentava menor número de plantas por vaso, pode ter havido “espaço” para o crescimento das raízes.

Os autores verificaram ainda que as sementes polimerizadas que não germinaram, ao final do experimento, encontravam-se inviáveis, mostrando que o tratamento teve efeito deletério sobre as sementes.







Figura 1. Efeito de tratamento de sementes sobre o desenvolvimento inicial de plântulas de capim-marandu. EQ = escarificação química; EM = escarificação mecânica; PO = polimerização; PE = peletização; ST = sem tratamento. Letras iguais indicam que os tratamento não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05)

Comentário dos autores: O tratamento de sementes é uma opção interessante para melhorar a qualidade e agregar valor a este insumo. As técnicas de tratamento para sementes de forrageiras, no entanto, precisam ser melhor estudadas. Tanto a escarificação, a polimerização e a peletização podem ser feitas por diferentes processos o que pode interferir no resultado final.

Além disso, as sementes de gramíneas forrageiras apresentam características diferentes, o que significa que os tratamentos devem ser adaptados e validados para cada espécie. Antes de adquirir sementes tratadas, o produtor deve se certificar de como foi feito o tratamento e se informar sobre os benefícios esperados.

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