A União Europeia (UE) quer se certificar de que o acordo comercial firmado nesta semana entre EUA e China não viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmou ontem o comissário de Comércio do bloco, Phil Hogan. A UE está preocupada com a promessa chinesa de aumentar as compras de bens e serviços dos EUA em US$ 200 bilhões nos próximos dois anos.
“Não analisamos o documento em detalhes, mas o faremos. E, se houver um problema de conformidade com a OMC, é claro que agiremos”, disse Hogan.
Em discurso preparado para um evento no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington, o comissário europeu criticou o acordo comercial EUA-China por oferecer benefícios econômicos limitados e sugeriu que trata-se mais de um ato político de Donald Trump para sua campanha de reeleição em novembro.
“Vamos analisar os detalhes do que isso [o acordo] realmente conseguiu: ainda temos tarifas de 20% de ambos os lados. Isso não será bom para a competitividade ou o emprego, que é um objetivo desejado do presidente Trump ”, disse Hogan. “No curto prazo, pode funcionar entre agora e novembro… [como] político, eu entendo como isso funciona.”
Em sua primeira visita a Washington como comissário da UE, Hogan foi direto em dizer que a agenda de “America First” de Trump ajudou a criar “um momento de crise de alta pressão no sistema de comércio internacional”. Ele instou o governo americano a trabalhar com a UE para defender o livre comércio.
“Se fizermos isso da maneira certa, trabalhando juntos, os benefícios mútuos poderão ser significativos”, disse Hogan. “Mas, se não o fizermos, o dano será significativo, não só para nós [UE e EUA], mas para o mundo.”
Ele afirmou que quer evitar uma deterioração dos laços comerciais transatlânticos, que vêm se desgastando há meses como resultado de inúmeras divergências, que vão de subsídios a aeronaves a tarifas agrícolas.
Fonte: Valor Econômico.