O comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, acusou ontem o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de “atuar para a platéia” ao propor a eliminação de tarifas e subsídios agrícolas. Mandelson disse que os fazendeiros americanos (que têm um lobby forte no Congresso do país) se oporiam a mudanças tão radicais.
Os comentários do comissário de Comércio vieram apenas um dia depois que ele e Rob Portman, chefe do USTr (espécie de Ministério de Comércio Exterior dos EUA), começaram a negociar um pacote de liberalização da agricultura para ajudar no avanço da Rodada Doha de liberalização do Comércio.
Na quarta-feira, quando discursou na Organização das Nações Unidas, Bush disse que os Estados Unidos estavam “prontos para eliminar todas as tarifas, subsídios e outras barreiras ao livre fluxo de bens e serviços se outras nações fizerem o mesmo”.
Funcionários do governo americano disseram que a fala do presidente teve apenas o objetivo de reafirmar o comprometimento do país com o sucesso da Rodada Doha.
Mandelson disse, no entanto, que “é fácil fazer esses compromissos grandiosos”. “Alguns dirão que ele está fazendo essas promessas enormes na certeza quase absoluta de que o resto do mundo não vai poder ou querer segui-lo. E assim ele conseguirá uma saída fácil”.
O comissário de Comércio da UE disse ainda que “haverá muitos, muitos fazendeiros americanos que vão acordar e ouvir as palavras dele [Bush] e vão engasgar com seus flocos de milho”.
Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, pediu ontem uma “luta monumental” para que haja uma abertura do comércio aos países mais pobres.
Blair disse que o sucesso da reunião ministerial da OMC em Hong Kong, no final do ano, é um de vários passos necessários para erradicar a pobreza extrema no mundo. “Se nós fracassarmos [em Hong Kong], o eco será ouvido em todo o planeta. E eu não estou preparado para isso, não sem uma luta monumental”, disse.
Fonte: Folha de S.Paulo, adaptado por Equipe BeefPoint