Um novo sinal de flexibilização da posição da UE nas negociações agrícolas deixou o chanceler brasileiro Celso Amorim satisfeito. Os europeus indicaram a possibilidade de um acordo até julho.
O comissário de Comércio da Europa, Peter Mandelson, deixou claro ao governo brasileiro que sua oferta de abertura do setor agrícola não é final e que ainda haveria espaço para algumas flexibilidades, tanto no que se refere aos cortes de tarifas de importação como na ampliação de cotas para produtos sensíveis, como carnes e açúcar.
Segundo notícia de Jamil Chade para O Estado de S.Paulo, para alguns analistas, essa aproximação também pode significar que o Itamaraty estaria reduzindo suas ambições, o que é negado pelo gabinete de Amorim. Discursando na OMC, o embaixador do Brasil em Genebra, Clodoaldo Hugueney, reforçou essa percepção ao afirmar que o G-20 (grupo de países emergentes) até poderia rever suas próprias propostas se isso contribuísse para a convergência de posições nas negociações.
Antes de colocar uma nova proposta sobre a mesa, porém, a Europa quer garantias de que será suficiente para que os demais países também façam concessões. Bruxelas quer o corte de subsídios nos EUA e uma liberalização dos países emergentes em produtos industriais. Amorim, ontem, deixou claro que o Brasil está disposto a fazer essa concessão e indicou que poderá negociar com cada país bilateralmente uma solução para os produtos que o Itamaraty considerar sensíveis.
Amorim teve a oportunidade de se reunir pela primeira vez com Susan Schwab, a futura representante de Comércio da Casa Branca. Amorim participou de um jantar em Genebra com Rob Portman, o atual responsável em Washington pelas negociações, e a própria Susan. A mensagem do chanceler foi clara: os americanos precisarão aceitar um corte maior de seus subsídios, curiosamente uma exigência também da parte dos europeus.