Um hambúrguer para fugir da ‘gourmetização’

Serviço descomplicado, copos e talheres descartáveis e um visual roqueiro dão o tom das hamburguerias mais em conta que começam a se espalhar por São Paulo. Elas se impõem exatamente na contramão do “hambúrguer gourmet” e “inventivo” que foi tendência nos últimos dois anos. Nada de queijo de cabra, endívias ou tomate concassé para acompanhar. O momento é de valorizar o velho e simples cheeseburguer, que vem apenas embrulhado em papel.

“Nossa proposta é oferecer lanches rápidos e com qualidade para fugir dessa onda de ‘gourmetização’ e atender quem não quer pagar caro por um sanduíche”, diz Ricardo Santini, um dos sócios da Bullguer. Aberta no bairro de Moema, no mês de março, a Bullguer ganhará uma filial em breve na Vila Madalena. O faturamento tem sido quatro vezes superior ao esperado, segundo Santini, que não detalha números. O que ele adianta é que em maio foram vendidos 10.132 sanduíches e 5.108 porções de fritas. O preço dos hambúrgueres varia de R$ 16 a R$ 22 e o empresário atribui a procura ao fato de, num momento de crise como o atual, as pessoas não estarem mais dispostas a pagar R$ 32 ou mais por um sanduíche.

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Garçons tatuados, de camiseta e boné para trás atendem as 40 mesas do Bullguer. A casa, que custou cerca de R$ 500 mil para ser montada, atrai gente de várias faixas etárias: de avós com crianças a casais jovens. O tempo de permanência, porém, é sempre rápido. O ambiente é descontraído, com materiais como vidro, cimento queimado e madeiras de demolição.

Das fritas aos hambúrgueres tudo vem em bandejas, potes e embalagens descartáveis. É uma forma de facilitar o serviço e privilegiar o gasto na carne, que é toda black angus.

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Inspirado na rede novaiorquina Shake Shack, o Bullguer já nasceu com a ideia de ser replicado. A casa da Vila Madalena, que deve ser inaugurada até novembro, será maior: terá 60 lugares e investimento por volta de R$ 600 mil. Santini  tem mais dois sócios: Alberto Abbondanza e o chef Thiago Koch, responsável pelo cardápio.

Outro endereço com proposta parecida, que faz sucesso no centro da cidade é o Holy Burger. Tanto os materiais do salão – cimento queimado, madeira, canos aparentes e ar de fábrica – como os preços dos sanduíches, de R$ 15 a R$ 25, são semelhantes ao Bullguer. Inaugurado em dezembro do ano passado, tem 26 lugares e serviço informal. “Acreditamos que o tipo de consumo está mudando, que é possível montar um negócio sem um investimento exorbitante e que dá para cobrar preços acessíveis”, diz Gabriel Prieto, um dos três sócios.

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“Cheeseburger is the new black. Básico, muito bom e bem vindo todos os dias”, é a legenda que se lê no Facebook do Holy Burger.

 

Até o fim do ano, o Holy Burger deve ganhar um serviço de entrega a domicílio e uma filial também no centro de São Paulo. A atual tem 14 funcionários, dos quais três são garçons e os sócios trabalham. Tudo é feito lá, exceto os pães. Em geral são vendidos cerca de 8 mil hambúrgueres por mês e o faturamento é de R$350 mil. O grande desafio, acredita Prieto, é manter os preços num momento de inflação alta.

O pioneiro desse modelo de hamburgueria, mas com menos mesas e atendimento mais simples ainda, com ficha no caixa, foi o Vinil Burger, no chamado Baixo Pinheiros. Num espaço exíguo, de 40 metros quadrados, o Vinil surgiu há menos de dois anos e hoje vende por volta de 300 hambúrgueres por dia. O preço único de R$ 20 dá direito aos acompanhamentos, que variam de queijo a cebola caramelizada.

O pão crocante e o hambúrguer feito à vista do cliente numa grelha giratória, começaram por atrair o público jovem na saída das baladas. Não demorou a que as filas surgissem até na hora do almoço. Fora a hamburgueria, os quatro sócios comandam também a Vinil Anywear, que tem serviço de ‘catering’ para eventos, faz aniversários, baladas e festinhas a domicílio.

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Embora a Vinil tenha nascido como antítese ao modelo gourmet, um dos sócios, Stefano Tarantino, presta seu tributo ao seu legado: “As hamburguerias gourmet tiveram um papel: impuseram uma nova qualidade nos insumos e valorizaram a produção artesanal. Depois, quando ficaram caras demais, deram espaço para gente como nós”.

Fonte: Valor Econômico, adaptada pela Equipe BeefPoint.

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